A afirmação de Adam Lallana sob a tutela de Jürgen Klopp
em Liverpool, renovaram-se as esperanças de um renascimento em Anfield Road. O
estilo de jogo que o treinador aplicara em seu período como comandante do
Borussia Dortmund o credenciava ao posto de “redentor” dos Reds, há tanto tempo distantes do título inglês. Com pouco mais de
uma temporada e meia no comando do clube, o técnico germânico ainda não
conseguiu ser tão exitoso quanto o foi em seu período com os aurinegros;
contudo, já deixa marcas positivas. A afirmação de Adam Lallana é,
indiscutivelmente, uma delas.
Contratado junto ao Southampton
para a disputa da temporada 2014/15, período em que o Liverpool ainda era
treinado pelo norte-irlandês Brendan Rodgers, o atleta inglês tinha uma missão
clara: precisava assumir protagonismo e ajudar jogadores como Philippe Coutinho
e Daniel Sturridge a superar a saída de Luis Suárez para o Barcelona. Estrela
maior dos Saints, Lallana custou €
31 milhões, tendo sido a contratação mais cara da equipe naquele momento, e
criou enorme expectativa.
no tempo em que permaneceu tendo o St. Mary Stadium como casa, quando era
protegido por jogadores com Morgan Schneiderlin e Victor Wanyama e contava com
a parceria ofensiva de um saudável Jay Rodríguez, o credenciava a ocupar lugar
fixo no onze inicial do Liverpool; a destreza com a bola nos pés, criatividade
e inteligente movimentação também.
assistências (além de ter construído mais 63 ocasiões de gol), marcado nove gols,
estado presente em todos os jogos do time na Premier League e carimbado seu
passaporte para a Copa do Mundo de 2014; vivia momento especialmente brilhante.
“Adam [Lallana] está motivado para ser o melhor que puder e ser parte
de algo especial. Acreditamos que ele se encaixa no que estamos tentando fazer
no Liverpool. Nós vimos, nas últimas duas temporadas da Premier League, que ele
tem consciência tática para se adaptar ao que lhe é requerido e para colocar o
time acima de suas ambições pessoais. Ele tem liderança e qualidades pessoais
que o tornam uma ‘mercadoria’ especial”, disse Brendan Rodgers na
apresentação de Lallana ao Liverpool.
chegada a Anfield, Lallana não conseguiu se adaptar rapidamente; mostrava-se
tímido, contido. Com o time distante da luta pelo título, Rodgers pressionado
pela falta de bons resultados e as altas cifras despendidas em transferências,
o jogador inglês se tornou apenas “mais um”. Seu desempenho caiu muito: apenas
três assistências (29 ocasiões de gol criadas) e cinco gols marcados em sua primeira temporada no Liverpool.
importância para a Seleção Inglesa, pela qual mostrava performance melhor,
mantendo esperançoso o torcedor dos Reds.
Sua situação começaria a mudar em meados da temporada 2015/16.
resultados contestáveis e gastos exagerados (como os € 46,5 milhões investidos na
contratação de Christian Benteke), o Liverpool demitiu Brendan Rodgers ainda no
início da campanha mencionada e para seu lugar trouxe alguém mais que especial:
Jürgen Klopp. Naquele momento, o mundo da bola pôde sentir que não havia
ninguém melhor para o trabalho. Taticamente evoluído, de sangue quente e
respostas inteligentes e afiadas, o alemão se encaixava com precisão nas
necessidades do clube inglês.
muito restrito à faixa do campo em que era escalado – seja pelo centro ou pelos
flancos do meio-campo ofensivo – com Klopp, o inglês ganhou novo papel, campo
para trabalhar e companheiros com quem dialogar. Em 2015/16, Lallana marcou apenas
quatro tentos, mas voltou a ganhar criatividade: proveu seis assistências e
construiu 43 oportunidades de gol para seus companheiros.
começou a moldar a ideia que só iria aperfeiçoar na atual temporada. Em seu pensar, o jogador inglês precisava poder expressar seu jogo, enxergar o campo com
maior amplitude, ter a possibilidade de se apresentar para o mesmo, tabelar,
chegar à área, marcar e assistir. Para tanto, não poderia ficar preso ao lado
do campo, como um ponta puro, e, tampouco, em posicionamento cerebral, como meio-campista
ofensivo; precisaria recuar, vir de trás.
Georginio Wijnaldum e Sadio Mané, finalmente o Liverpool tem conseguido
desfrutar da inteligência de Lallana, da consciência tática que Brendan Rodgers
profetizou na chegada do inglês a Anfield Road.
como meio-campista central, ao lado de Wijnaldum e de outra peça (Jordan Henderson
ou Emre Can, habitualmente), com Mané e Coutinho trabalhando pelos flancos e
Roberto Firmino como referência, Lallana tem lutado incansavelmente na pressão pedida
por Klopp e, especialmente bem, na construção de jogadas. A bola passa
constantemente por seus pés e sai deles costumeiramente limpa para que seus
companheiros mais ofensivos possam buscar o caminho do gol. Lallana recebeu a
confiança de Klopp e se converteu no catalisador da equipe.
“O que eu acho mais impressionante sobre essa notícia [renovação de
contrato de Lallana] é que ele está apenas chegando ao seu melhor. Seus
melhores anos estão pela frente e eles serão no Liverpool (…) Ele está em
forma fantástica (…) Nossos jogadores jovens vão poder se beneficiar por
vê-lo, escutá-lo e aprender com ele por um período ainda maior, porque ele se
tornou o exemplo perfeito todos os dias”, disse Klopp após a última
renovação de contrato do jogador, em fevereiro último.
inglesa se rendeu ao futebol de Adam e o tem apontado como o melhor jogador inglês no momento, tanto que o jogador recebeu o prêmio de Melhor Jogador Inglês do Ano
de 2016. Na campanha de 2016/17, tem, até o momento, sete assistências, 23
ocasiões de gol criadas e sete gols marcados. Tais números ainda deixam de considerar a enorme quantidade de jogadas do clube que começam nos pés do jogador de 28 anos e terminam com assistência e gols de outros atletas.
Liverpool e à Seleção Inglesa, Lallana vive momento fantástico. Se muitas
vezes falamos apenas no brilhantismo dos dribles e gols de figuras como
Coutinho e Mané é porque em outras tantas não percebemos o excepcional trabalho de
bastidores desempenhado pelo jogador bretão. Adam se tornou um jogador completo,
que tem bons fundamentos, inteligência e não se cansa de correr pelo bem do coletivo.