Brendan Rodgers: da aposentadoria como atleta ao Liverpool
NÃO HÁ DÚVIDAS: o treinador Brendan Rodgers foi o maior responsável pela ascensão do Swansea City, o primeiro clube galês a disputar a Premier League. Aos 40 anos e com perfil estudioso, propôs um jeito de jogar ao mesmo tempo maduro, sólido, e agradável de se assistir, com muito toque de bola. No primeiro ano na elite, conseguiu a manutenção da equipe, mesmo com o menor orçamento da competição. Esse desempenho lhe garantiu uma grande chance, sem deixar de entregar boa herança para Michael Laudrup, seu sucessor. É tempo de Liverpool.

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Os primeiros passos
Nascido em Carnlough, na Irlanda do Norte, Brendan Rodgers se iniciou no mundo do futebol como atleta. Porém, mal tinha completado 20 anos, então jogador do Reading, quando sofreu a grave lesão que o levaria à precoce aposentadoria, após vã insistência em clubes como Newport e Witney Town. Depois de pendurar as chuteiras, foi convidado, aceitou e começou a treinar as categorias de base do próprio Reading, permanecendo até 2004.
Na sequência, recebeu um irrecusável convite de José Mourinho e foi treinar os times de base do Chelsea. Dois anos depois, já treinava os reservas. Permaneceu no Chelsea com Mou, Avram Grant e Luiz Felipe Scolari, eternamente grato ao primeiro: “Pude observar um dos melhores operadores do mundo cuidando da sua empresa. O José me deu a autoestima e a confiança que eu precisava para trilhar meu próprio caminho. Eu provavelmente não estaria onde estou agora se não fosse por ele. Agora o considero um amigo, mas ele é, na verdade, um ótimo organizador, o melhor controlador de detalhes do dia a dia que já conheci”.
Na temporada 2008-09, Rodgers deu enfim o salto e assinou com o Watford para treinar os profissionais.

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Após salvar a equipe do rebaixamento para a terceira divisão, voltou ao Reading, não obtendo sucesso. Ele precisou recomeçar. Foi neste ponto que sua carreira começou a mudar. Chegou na temporada 2010-11 ao Swansea City.
O bom time do Swansea e a ascensão do técnico
O novo desafio levou Rodgers ao País de Gales, era hora de dar o salto de qualidade. Acertando um time que já possuía uma base formada por atletas baratos ou emprestados por equipes de maior expressão, chegou à elite com a vaga disputada nos playoffs. Quis o destino que os Swans enfrentassem justamente o Reading na decisão.
Jogadores como Ashley Williams, Garry Monk, Leon Britton, Joe Allen, Scott Sinclair e Fabio Borini formaram a base de um time que tocava bem a bola, dominava as ações, propunha jogo, tinha iniciativa. E, além disso, gostava de atacar em velocidade.
Rodgers se destacou, primariamente, pela qualidade do jogo do time, mas correspondeu também como negociante. Sinclair é o melhor exemplo. O atleta, velho conhecido do líder nos tempos de Blues, foi comprado junto ao Chelsea por 500 mil libras. Posteriormente, acabou vendido ao Manchester City por 6,2 milhões de libras: sustentatibilidade para se manter entre os melhores.
No pimeiro ano na elite, terminou a temporada com 47 pontos, na 11ª colocação, à frente de clubes como Aston Villa e QPR.

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Chegada ao Liverpool
Enfim, em 2012-13, Rodgers chegou a um grande centro, firmando com o Liverpool.
O início nos Reds não foi dos mais fáceis. Tentando aplicar seu estilo em um clube que vinha de duas gestões pragmáticas, sob Roy Hodgson e Kenny Dalglsih, pediu contratações. Chegaram seu ex-comandado Allen, do Swansea, e Nuri Şahin, revelação do Dortmund que vinha sendo pouco utilizado no Real Madrid. No entanto, as contratações não deram o resultado desejado e o clube seguiu oscilante num primeiro momento.
Em janeiro, aberta a janela de transferências do inverno europeu, a equipe foi ao mercado. Contratou o brasileiro Philippe Coutinho e o atacante Daniel Sturridge. Além disso, cedeu Şahin ao Dortmund. O time melhorou. Algumas arestas foram aparadas com as afirmações de Coutinho, Jordan Henderson e Stewart Downing. Além disso, Jamie Carragher e Lucas Leiva voltaram ao time, melhorando o desempenho do setor defensivo. O time cresceu de produção e, apesar dos muitos empates, pouco perdeu.
Aos poucos, o clube parece se adaptar à sua nova realidade. A fantástica atuação contra o Newcastle, em um inesquecível 6 a 0 fora de casa, prova.
O que esperar para 2013-14?
O Liverpool tentará mais uma vez retornar à Liga dos Campeões, mas vencer o Campeonato Inglês é um sonho distante.
Estão chegando contratações, como as do experiente zagueiro Kolo Touré, que vem para ocupar a vaga do agora aposentado Carragher, dos jovens espanhois Iago Aspas, ex-Celta, e Luis Alberto, ex-Sevilla, além do goleiro belga Simon Mignolet.

Foto: Liverpool FC
São especulados bons jogadores, talentos promissores como Toby Alderweireld, zagueiro belga de 24 anos, e Cristian Eriksen, meia dinamarquês de 21 anos, ambos do Ajax — além do zagueiro Tiago Ilori, revelação do Sporting CP. Deixaram a equipe apenas os meias Suso e Jonjo Shelvey, que tendem a não ser sentidas.
Brendan Rodgers se mostra um técnico convicto de suas ideias e tem recebido o apoio da diretoria de um time carente de títulos. O caminho ao sucesso é longo, mas os primeiros sinais são bons. O norte-irlandês chegou à elite sem alarde e não demorou a se adaptar.