Copa do Brasil 2013: um Urubu com cara de Fênix

A DEMISSÃO DE MANO MENEZES em setembro decretou: os planos do Flamengo para o ano de 2013 foram por água abaixo. A realidade passava a ser a luta contra o rebaixamento e a construção de condições para um 2014 melhor. Porém, no meio de um caminho pedregoso, surgiu uma esperança simples e dedicada: Jayme de Almeida, ex-auxiliar de Vanderlei Luxemburgo e protagonista de uma longa história ligada ao Flamengo. Sem ideias mirabolantes, reiventou o time, enfim marcado pelo coração e o trabalho duro.

Elias Flamengo Copa do Brasil 2013

Foto: Mauro Pimentel/Terra

A recuperação de alguns atletas

Preterido por Mano, em parte por não ser um jogador de futebol vistoso, Hernane renasceu sob Jayme de Almeida. Ele já era o artilheiro do Flamengo no ano, quando perdeu espaço. De volta, implacável em frente às redes adversárias, jogou o experiente e badalado Marcelo Moreno para a reserva. Mais do que isso: marcou quando o time precisou.

Hernane concretizou tentos na semifinal da Copa do Brasil, contra o Goiás, e na decisão, diante do Atlético Paranaense. No ano, até o momento, o Brocador marcou 34 gols pelo Fla. É a maior marca de um atleta desde 1999, quando Romário, o Baixinho, defendia as cores rubro-negras.

Jayme de Almeida pegou um time desprezado, abalado psicologicamente e aquém de seu próprio potencial. O único que se salvava, perante a opinião pública e o torcedor, era o meio-campo Elias.

Hernane Brocador Flamengo 2013

Foto: Alexandre Vidal

O maior exemplo de recuperação talvez seja o do meia Carlos Eduardo. Embora não tenha mudado da água para o vinho, o jogador, que tem um passado na Seleção, melhorou. Mais centralizado e participativo se assumiu o cérebro da equipe. Se não é brilhante, fez jus aos aplausos recebidos quando foi substituído na final da Copa do Brasil.

“Esse era um time que ninguém acreditava, que todo mundo dizia que era ruim e descartável. Hoje, estamos na final. O mérito é deles, que se uniram, se tornaram um time mais humilde e chegaram com méritos à final”, comentou Jayme, no início de novembro.

Outros jogadores que cresceram de produção foram o zagueiro Wallace, o volante Amaral, titular após a lesão do paraguaio Víctor Cáceres, e o lateral-esquerdo André Santos. Até mesmo Elias, de excelente primeiro semestre, mas que caíra de rendimento no segundo, retomou seu grande futebol, sendo o principal jogador rubro-negro na vitoriosa campanha.

O acerto tático da equipe

O novo treinador do Flamengo não trouxe inovações de outro mundo, mas acertou a equipe. Primeiro definiu o esquema tático. A opção foi o popularizado 4-2-3-1, com variações para o 4-1-4-1, a partir das subidas de Elias à linha dos meio-campistas.

Considerando a veia ofensiva dos laterais da equipe, Léo Moura e André Santos, Jayme montou um esquema eficiente de coberturas. Antes quebra-galho, Paulinho foi fixado na meia-esquerda, enquanto a meia-direita coube ao volante Luiz Antônio. Com muito pulmão, a dupla foi a grande responsável pela evolução rubro-negra. Além de se mostrarem eficientes indo ao ataque, deram consistência defensiva à equipe. Quando o lateral vai, eles ficam. E vice-versa.

Flamengo 2013 Paulinho

Foto: Alexandre Vidal

Com a marcação mais organizada, Carlos Eduardo também ficou mais livre para criar, Elias pôde aparecer como elemento surpresa na área adversária mais vezes e Hernane passou a receber mais bolas.

A solução emergencial levou o Flamengo ao tricampeonato da Copa do Brasil. Será suficiente para 2014, ano em que o rubro-negro volta à Libertadores? Para o momento, o importante é registrar que, tal como uma Fênix, o Urubu ressurgiu das cinzas.

Wladimir Dias

Idealizador d'O Futebólogo. Advogado, pós-graduado em Jornalismo Esportivo e Escrita Criativa. Mestre em Ciências da Comunicação. Colaborou com Doentes por Futebol, Chelsea Brasil, Bundesliga Brasil, ESPN FC, These Football Times, revistas Corner e Placar. Fundou a Revista Relvado.

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