O surpreendente Hellas Verona de 2013-14
UM AMANTE DO FUTEBOL QUE NÃO TEM ACOMPANHADO o Campeonato Italiano com frequência poderia se assustar com a tabela do Calcio na presente temporada. A disputa pelo título se polarizou entre Juventus e Roma e quem corre por fora é o Napoli. Na quarta colocação, nada de Inter e Milan. O posto é ocupado pela Fiorentina, que, desde a temporada passada, vem recuperando espaço. Já a quinta posição pertence ao Hellas Verona, que emergiu à primeira divisão nesta temporada e tem resultados surpreendentes que levam a pensar: como uma equipe recém-saída da segunda divisão e com baixo orçamento tem conseguido resultados tão expressivos?

Foto: La Presse
Time Base: Rafael; Cacciatore, Maietta, Moras, Agostini; Jorginho, Rômulo, Hallfredson; Iturbe, Jankovic, Luca Toni. Téc.: Andrea Mandorlini
O Hellas Verona foi criado por um grupo de estudantes em 1903. O nome Hellas vem do grego e significa, literalmente, “Grécia”. A escolha foi feita atendendo a um pedido do professor de Estudos Clássicos dos jovens. Apesar de nunca ter conseguido se transformar num grande clube da Itália, manteve-se durante muitos anos na primeira divisão, a qual lhe proveu o melhor momento de sua história, na temporada 1984-85, ocasião em que sagrou-se campeão nacional.
O sucesso na década de 1980 mostrou-se obra do acaso, uma vez que na década seguinte o Verona viveu sob efeito sanfona, subindo e descendo da Série A. E assim foi até os primeiros anos deste século.
Em 2002, mesmo tendo em seu elenco jogadores do quilate de Adrián Mutu, Mauro Camoranesi, Alberto Gilardino, Massimo Oddo e Marco Cassetti, a equipe desceu à segunda divisão, só conseguindo o acesso novamente em 2013, com a segunda colocação na Série B.
Assim, após realizar alguns ótimos negócios na janela de verão europeia, contratando alguns jogadores sem custos e outros por empréstimo, o Verona reiniciou sua história na primeira divisão.
Com um elenco recheado de sul-americanos (seis brasileiros, três argentinos e um uruguaio) e alguns jogadores muito experientes (casos do zagueiro grego Moras e do centroavante Luca Toni), a equipe começou a surpreender no italiano.
Jogando sempre no contra-ataque, o Hellas tem mostrado um futebol de muita velocidade e eficiência. Um dado que confirma o contra-golpe como o ponto forte da equipe é sua posse de bola média: 40,9%, a pior da Serie A. O clube não retém a bola, mas, quando a tem, finaliza rápida e eficazmente suas jogadas. Outra estatística que comprova isso é o percentual de aproveitamento de chances. Apenas Juventus e Torino acertam o gol mais vezes que o Verona, cujo percentual de acerto é 51,8% .

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Os Gialloblu têm ainda o 6º melhor ataque e a 5ª melhor defesa do Campeonato Italiano.
Seus destaques são o goleiro Rafael, na equipe desde 2007 e com mais de 250 jogos disputados pelo clube, o ponta argentino Juan Manuel Iturbe, que chegou emprestado do Porto, e o centroavante Luca Toni, que já marcou nove gols e assistiu, também por nove vezes (sendo o melhor do campeonato), seus companheiros.
Seu craque é Jorginho.
Ítalo-brasileiro, aos 22 anos já optou pela nacionalidade italiana e aguarda uma convocação. Apontado como o “novo Pirlo”, tem ótimo passe e visão de jogo e já é monitorado por equipes como Juventus, Milan e Liverpool. Cabe a ele a organização da equipe.
Até onde vai o Verona? Para quem vê o elenco da equipe e nunca viu o escrete em campo, não muito longe. Mas, para quem tem acompanhado a veloz equipe, que conta com um excelente organizador, com jogadores agudos pelos lados e um matador no centro da área, não é impossível a conquista de uma vaga em na Liga Europa.
Após alguns anos à sombra, uma estrela tem brilhado em Verona. Até o fim da temporada, será possível descobrir se o astro que vela a equipe se apaga ou se juntar-se-ão a ele alguns de seus iguais. Até lá, recomenda-se viver e ver os contra-ataques mortais arquitetados por um garoto que deixou São Paulo cedo demais e promete ser um dos grandes do futebol mundial.