O que Mahmoud Dahoud pode entregar ao Dortmund?

Meio-campista germano-sírio,
Mahmoud Dahoud se transformou nas últimas duas temporadas no talento mais empolgante do
Borussia Mönchengladbach. Após a saída de Christoph Kramer para o Bayer
Leverkusen, em 2015/16, firmou parceria importante com Granit Xhaka e, com a
saída deste para o Arsenal e retorno daquele em 2016/17, manteve-se cumprindo
bom papel. Por isso, o Borussia Dortmund, que vive temporada de altos e baixos,
foi atrás de futebol. No entanto, o que de fato pode o jogador acrescentar à
esquadra de Thomas Tuchel?

Mahmoud Dahoud Borussia Gladbach


Aos 21 anos, Dahoud se
transformou na principal engrenagem do jogo dos Potros. É por meio de seus pés
que é feita a saída de bola, recebendo-a da zaga e distribuindo-a à frente. Impressiona
a capacidade que tem para ler o jogo, antever jogadas e manter a fluidez de seu time. Embora recupere bolas, tarefa de qualquer meio-campista central,
não é essa a função que desempenha com maior perícia; seu jogo é muito mais
ligado à construção do que à destruição.
É bom que se diga, além disso,
que, embora não seja perito nas tarefas meramente defensivas, o novo contratado
aurinegro se mostra adaptado ao jogo de marcação pressão, característica que
define o estilo de seu novo clube desde os tempos de Jürgen Klopp. A contratação
é, portanto, cirúrgica. 
Sem que se cometa o ato de
crueldade de uma comparação, o Dortmund buscou em Dahoud o preenchimento de uma
carência que ficou evidente nessa temporada: procurou alguém capaz de exercer o
papel que anteriormente cabia ao talentosíssimo Ilkay Gündogan, negociado ao
final da temporada 2015/16 com o Manchester City. E, diante disso, faz-se
necessário um alerta: pode ser que Dahoud demore a se encaixar, como aconteceu
quando o próprio Gündogan chegou ao Westfalenstadion, para suprir carência
deixada por Nuri Sahin.
Monchengladbach DahoudSem a referência de Gündogan,
quem mais caiu de produção na presente campanha foi o jovem Julian Weigl,
muitas vezes preso nas proximidades da zaga do clube, mantendo posse de bola
estéril e tendo dificuldade para construir de trás o jogo – verdadeiramente ficando
“encaixotado”.
Embora outros atletas tenham
mostrado capacidade para executar o papel que o germano-turco fazia, casos de Gonzalo
Castro e Raphaël Guerreiro, nenhum deles conseguiu exercer tal função com a
excelência necessária. Também nos compete mencionar o fato de que dois atletas que
poderiam ajudar nessa missão perderam a maior parte da temporada lesionados:
Sahin e Sebastian Rode.
Dahoud vem para atuar,
provavelmente, como um box-to-box,
especialmente útil para acelerar a transição da defesa para o ataque,
potencializando, pois, o desempenho dos velozes e criativos jogadores de
frente, mormente, Marco Reus, Ousmane Dembélé e Pierre-Emerick Aubameyang. É
interessante perceber também a qualidade que demonstra na condução de bola e a
habilidade que possui no trato desta. Apresenta-se, indiscutivelmente, como um
jogador raro. Assim, se necessário for, consegue se livrar de um marcador antes
de distribuir a bola, sua função-chave. No Gladbach, Dahoud joga e faz o time
jogar; é isso que se espera de seu período em Dortmund.
Na temporada 2016/17, considerando
apenas a Bundesliga, tem 25 partidas disputadas, apresentando média de 2,8
desarmes por jogo e 1,7 interceptações. Seu percentual de acerto de passes
médio é de 81%, o atleta marcou dois gols e criou seis assistências, sendo, por
conseguinte, o recordista de seu time nesse quesito.
Germany Maanschaft Deutschland Alemanha DahoudTambém é justo comentar que, além
de os aurinegros terem percebido com muita acuidade um de seus maiores
problemas na temporada, mantiveram seu modus
operandi
– não buscaram no mercado um jogador já estabelecido e experiente,
mas uma nova promessa para lapidar. O próprio fato de ter a contratação sido
selada antes do final da temporada indica sabedoria da parte da direção do
clube.

“Mo Dahoud é um meio-campista central empolgante e altamente talentoso,
que temos acompanhado de perto há alguns anos […] Ele já provou que pode
jogar no mais alto nível”
,
disse o diretor do Borussia Dortmund Michael
Zorc, após o anúncio da contratação.

Por “apenas” €12
milhões, o clube assegurou uma belíssima contratação. Internacional alemão nos
escalões sub-18, 19 e 21, “Mo” Dahoud ainda aguarda seu primeiro chamado à Nationalelf, o que certamente não
tardará; o passo que dá adiante firmando pelo Dortmund também indica nesse
sentido. É muito provável que em algum momento, o treinador Joachim Löw use a
futura dupla formada por Weigl e Dahoud, aproveitando-se de seu talento e do
entrosamento que virá.

Como foi a contratação de Dembélé
ao final da última temporada, a iminente chegada do sírio de nascimento ao
Westfalenstadion é motivo de alegria para a Muralha Amarela. Seu estilo de jogo
se encaixa à proposta de seu contratante, seu talento é indiscutível e a margem
para evolução enorme. Como sempre, recomenda-se cautela na inclusão do jogador
nos planos imediatos da equipe, porém, o negócio tem todos os componentes necessários para
se confirmar, em breve, um sucesso.

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