Arturo Vidal, o guerreiro bianconero
O CHILENO ARTURO VIDAL teve do que reclamar quando saíram as premiações da FIFA e da UEFA. Tido por si mesmo como o melhor meia central do mundo — em entrevista ao jornal alemão Bild —, pode até ter exagerado em suas afirmações, mas seus feitos e atuações recentes certamente o colocam no rol dos grandes centro-campistas do futebol mundial, mesmo que os grandes premiadores do futebol mundial ainda resistam em aceitar.

Foto: Claudio Villa/Getty Images
Sua trajetória começou em 2006, aos 19 anos, na final do Torneio Apertura do Chile. Vestindo a camisa dos Albos — alcunha do Colo-Colo — ajudou a equipe a bater os rivais da Universidad de Chile e conquistar seu primeiro título. Na estreia, substituiu o meio-campo Gonzalo Fierro, que defenderia o Flamengo posteriormente.
Depois de contribuir grandemente para os títulos do Torneio Clausura de 2006 e do Torneio Apertura de 2007, além de ter mostrado grande valor no Sul-Americano Sub-20 de 2007, em que foi o vice-artilheiro com seis gols, Vidal deixou a companhia dos ótimos jogadores Gonzalo Jara, Matías Fernández, Humberto Suazo e Alexis Sánchez e foi compartilhar a meia cancha com Simon Rolfes e Bernd Schneider no Bayer Leverkusen, por 11 milhões de dólares. Um recorde nacional.
No clube alemão, jogou quatro temporadas. Em 144 jogos, marcou 21 gols e produziu 23 assistências. Além disso, esteve presente na seleção da Bundesliga na temporada 2010-11, sua última pelo Bayer. No quadriênio em que esteve na Alemanha, Vidal foi, ainda, eleito o jogador chileno do ano em 2010.
Apesar de ter tido grande importância e destaque em Leverkusen, seu potencial técnico não estava sendo devidamente testado e, na janela de verão da temporada 2011/2012, recebeu uma oportunidade ímpar e partiu para o grande desafio de sua carreira: fora vendido à poderosa Juventus de Turim, por 10 milhões de euros.

Foto: AP Photo/dapd, Hermann J. Knippertz
A equipe bianconera vivia um longo jejum de conquistas e investiu pesado na temporada. Desconsiderando os títulos que a equipe perdeu nos escândalos de manipulação de resultados ocorridos na Itália nas temporadas 2004-05 e 2005-06, desde 2002-03 não conquistava a Serie A. Assim, trouxe, dentre outros, o maestro Andrea Pirlo, o lateral direito Stephen Lichtsteiner e o atacante Mirko Vucinic.
Em sua primeira temporada na Itália, Vidal formou um meio-campo formidavelmente consistente com Pirlo e Claudio Marchisio. Marcou sete gols, deu quatro assistências e ajudou a equipe a retornar à senda de títulos. Já na última e na atual, ganhou o apoio do jovem francês Paul Pogba, que suplantou a titularidade de Marchisio e aprimorou suas performances. Com Pogba, que não é tão ofensivo quanto Marchisio, tem tido mais liberdade no campo e, também por isso, tem se destacado mais.
Na última temporada — em que conquistou o bicampeonato italiano e foi escolhido o melhor jogador da Juventus na temporada — balançou as redes 15 vezes e deu passes diretos para gols a seus companheiros em 12 ocasiões. Tudo isso em 45 partidas. Na atual temporada, para se ter uma ideia do momento que vive, já marcou 16 tentos e proveu seis assistências.
Além disso, detém outros recordes:
- É o 14º jogador que mais finalizou na UEFA Champions League (média de 3,5 finalizações por jogo);
- 2º atleta que mais desarmou na UCL (média de 4,7 desarmes por jogo);
- 6º na artilharia da UCL (com cinco gols);
- Conseguiu um hat-trick contra o Copenhagen;
- 2º que mais desarmou na Serie A (média de 4,6 desarmes por jogo);
- 5º maior artilheiro (com 11 gols, atrás de Higuaín, Berardi e Immobile, que têm 12, e de Giuseppe Rossi, que fez 14 );
- 13º assistente (com cinco assistências);
- Tem 84,1% de acerto de passes;
- Conseguiu dois dobletes contra Roma e Lazio;
- É, até o momento, o 2º meia-central com mais gols na temporada (um atrás de Yaya Touré e um à frente de Rakitic).
“Sou o melhor do Mundo nessa posição. Há muitos que tentam jogar no mesmo posto que eu e até me imitam um pouco […] ninguém defende como eu, e, ao mesmo tempo, marca tantos gols”.
Para quem acompanha o futebol do chileno, não é nenhum absurdo pensar que a declaração não está recheada de arrogância. Pode até não ser o melhor em sua posição, mas, certamente, está entre os cinco melhores. Sua vitalidade, potencial ofensivo e defensivo fazem dele um grande jogador box-to-box. É claro que atuar com outros meias de enorme qualidade o ajuda a ter tal desempenho, mas seus concorrentes também têm esse privilégio.
Vidal é hoje o jogador mais participativo da Juventus e a principal referência da seleção chilena. Seus números e desempenho mostram isso.
Aclamado como Il Guerriero Bianconero, já tem um lugar no coração do torcedor e, aos 26 anos, ainda ter muita lenha para queimar. É possível afirmar que alcançou seu potencial máximo?