Brasil nos 4 cantos: Cléo
OUSADO. Poucos adjetivos poderiam descrever melhor o atacante brasileiro Cléverson Gabriel Córdova, o Cléo. Formado no Comercial, da cidade de Cornélio Procópio, interior do Paraná, o avançado se profissionalizou no modestíssimo Olivais e Moscavide, clube português das freguesias — como o próprio nome assinala — de Olivais e Moscavide, nas cercanias da capital lusa. Apesar disso, cerca de seis meses depois, então com 19 para 20 anos, teve que retornar ao Brasil devido a alguns problemas com o seu visto de trabalho.

Foto: Desconhecido
Contratado pelo Atlético Paranaense, o atacante não teve muitas oportunidades e foi emprestado duas vezes; a primeira, para a Ferroviária de Araraquara; a segunda, ao Figueirense. Mal sucedido em ambas as cessões, retornou a Portugal para jogar novamente no Olivais e Moscavide, clube em que permaneceu vinculado entre 2005 e 2009.
Até sua volta a Portugal, a carreira de Cléo parecia desenhar um contorno comum a grande parte dos jogadores brasileiros que tentam a sorte no país ibérico. Contudo, um empréstimo em 2008 levaria o atacante a um futuro pouco provável e inusitado para um jogador brasileiro.
Cléo foi parar na longínqua, tensa e conservadora Sérvia. Emprestado por uma temporada ao Estrela Vermelha, conseguiu mostrar, pela primeira vez, sua qualidade. No campeonato nacional, o centroavante marcou 8 gols em 20 jogos e ganhou grande destaque. Não obstante tenha feito sucesso no clube, o empréstimo venceu e ele foi vendido.
E foi nesse momento que sua carreira viveu o momento mais conturbado. Em 2009, se desvinculou de uma vez por todas do Olivais e Moscavide e retornou à Sérvia, mas, neste turno, para defender o grande rival do Estrela Vermelha, o Partizan Belgrado.
Sem entender a dimensão de uma das rivalidades mais perigosas do mundo, o brasileiro aceitou representar as cores dos “coveiros” – como é conhecido o Partizan. Definido pela violência desde o princípio, o Derby Eterno foi sempre marcado pela disputa voraz entre a Polícia e o Exército, entidades que fomentavam, respectivamente, o Estrela Vermelha e o Partizan.

Foto: EPA/Eric Lalmand
Cléo tornou-se o primeiro jogador a se mudar de um rival para o outro diretamente desde 1988. No período em que defendeu o Partizan, marcou 40 gols em 63 jogos, recebeu um convite para representar a seleção sérvia (o convite foi aceito e ele se naturalizou, mas nunca foi convocado) e foi muito ameaçado pelos torcedores do Estrela Vermelha.
Em fevereiro de 2011, cansado das dificuldades vividas na Sérvia, Cléo aceitou um novo desafio e foi para o futebol chinês, atuar no Guangzhou Evergrande, ao lado do brasileiro Muriqui e do argentino Dario Conca. Marcou 24 gols em 50 partidas.
Dois anos depois, em janeiro deste ano, o atacante aceitou outro desafio. Por um ano de empréstimo, Cléo foi jogar no futebol japonês, no Kashima Reysol.
Se o futebol brasileiro é o melhor do planeta, como diz o velho jargão, parece que encontramos alguém disposto a difundi-lo mundo afora. Cléo pode até não ser muito conhecido do público brasileiro, nem, tampouco, um grande representante da categoria do jogador brasileiro, mas seus feitos e escolhas são, no mínimo, diferentes.
Já tendo passado pelo Brasil, Portugal, Sérvia, China e Japão, nenhum destino futuro causaria estranheza. Qual será a próxima aventura do atacante? Ele poderá aparecer em algum outro canto deste grande e diverso mundo quando menos esperarmos.