Madrid vive dias di Magía

NEM CRISTIANO, NEM GARETH BALE. Quem mais cresceu no Real Madrid com a contratação do treinador Carlo Ancelotti foi um argentino que ficou jogado para escanteio no final da última temporada, sendo criticado e ligado a uma possível saída. Ángel di María, que fora cotado para ficar na reserva após a saída de Mesut Özil, a contratação de Isco para seu lugar e a supercontratação galesa, Bale, deixou de ficar engessado na ponta direita, passou a circular por todo o campo e cresceu absurdamente de produção. Nos números a performance não evoluiu tanto, mas no campo…

Real Madrid Ángel Di Maria

Foto: Reprodução

Cria do Rosario Central, foi um destaque precoce, estreando pelo clube aos 17 anos. Em 2007, aos 19, campeão mundial sub-20, já tendo recusado proposta do Rubin Kazan e sendo assediado pelo Boca Juniors, o garoto foi vendido para o Benfica, num negócio que movimentou seis milhões de euros e levou o também meia, Andrés Díaz, para os Encarnados.

Desde sua chegada a Portugal, teve que suportar um grande peso em suas costas. A saída do eficiente e capitão Simão Sabrosa, para o Atlético de Madrid, atraia a necessidade de ao menos um reforço de grande nível. Ainda um anônimo, El Angelito, assumiu responsabilidades e rapidamente passou a encantar os torcedores Benfiquistas. O contrato inicialmente assinado garantiria a permanência do promissor ponta por cinco temporadas.

Ángel Di María Rosario Central

Foto: Diario Olé

Não obstante a assinatura do longevo contrato, três anos, 117 jogos, 15 gols e 27 assistências depois, o argentino – que nesse meio tempo conquistou um Campeonato Português, duas Copas da Liga de Portugal e uma Olimpíada – acertou sua saída para o Real Madrid. Após uma negociação conturbada, com confirmações carentes de certezas e especulações furadas, di María fechou com os Merengues por 35 milhões de euros, valor contestado pela mídia e por parte da torcida madrilena.

Sempre sendo testado e tendo coisas a provar, o argentino mostrou grande eficiência desde sua chegada. Contestado por ser “firuleiro” e por desperdiçar oportunidades por puro “capricho”, tem a seu favor os números. Em sua primeira temporada pelo Real Madrid, jogou 63 jogos (contando suas aparições pela Seleção Argentina), marcou 12 gols e criou impressionantes 27 assistências. Todavia, por melhor que jogasse, continuou sendo contestado.

Nas últimas duas temporadas, disputou 102 jogos, marcou 21 gols e deu 44 assistências. Ainda assim, a sombra do alemão Mesut Özil, a estrela do gênio Cristiano Ronaldo e até mesmo a reserva de Kaká mantinham um mar de dúvidas acerca da performance do argentino. Cansado de jogar bem e ser constantemente questionado, chegou a tentar sair do Real ao final da última temporada. Arsenal e Juventus foram alguns dos candidatos à contratação. No fim das contas, ficou. E cresceu.

Benfica Di Maria

Foto: Reprodução

Inventivo, velocíssimo, driblador, finalizador e, acima de tudo, assistente, di María se reinventou. Jogando grande parte das vezes deslocado para o centro do campo ou pela esquerda, o mágico está conseguindo, enfim, deixar para trás os estigmas que o perseguem. Em epítome, começou a ser observado com olhos menos críticos e céticos e mais gratos. Até o momento, em 2013/2014, disputou 48 jogos, marcou 10 gols e proferiu 20 importantes assistências. Na dura derrota contra o Barcelona (por 4×3), foi um dos melhores jogadores do Real, com dois passes para gols.

Curiosamente, apesar de ter evoluído grandemente com a chegada de Ancelotti e com as mudanças táticas por ele aplicadas, foi pivô de duas polêmicas. A primeira ocorreu no final de 2013, quando demonstrou insatisfação com uma substituição em partida contra o Olimpic Xativa, pela Copa del Rey, e colocou a janela de inverno em ebulição. A outra foi em março, quando pediu para ser poupado da partida contra o Málaga para evitar tomar um cartão amarelo que o tiraria do clássico contra o Barça.

Seja como for, di María, que inclusive já se queixou das duras críticas feitas a ele, vive um momento absolutamente fantástico. “Sortudo” por atuar com Cristiano Ronaldo no Real Madrid e com Lionel Messi pela Seleção Argentina, está, enfim, conseguindo o reconhecimento e o apreço do torcedor, que deve estar encantando, afinal Madrid vive dias di Magía.

Wladimir Dias

Idealizador d'O Futebólogo. Advogado, pós-graduado em Jornalismo Esportivo e Escrita Criativa. Mestre em Ciências da Comunicação. Colaborou com Doentes por Futebol, Chelsea Brasil, Bundesliga Brasil, ESPN FC, These Football Times, revistas Corner e Placar. Fundou a Revista Relvado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *