A glória do Schalke 04 que o Dortmund ofuscou
Não é raro ver o Schalke 04 bater na trave quando o assunto são os títulos. O Campeonato Alemão não chega desde 1958. Só o Bayern de Munique foi tantas vezes vice quanto os azuis reais — são 10 vezes, com o diferencial de que os bávaros detêm o recorde de conquistas. Ainda assim, a tradição do Schalke também se baseia em êxitos. Um de seus principais, continental, veio em 1997, mas a comemoração não foi assim tão feliz.
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A Bundesliga 1995/96 não foi fácil para o Schalke 04. Sobretudo porque seu maior rival, o Borussia Dortmund, liderou o certame praticamente de ponta a ponta. Após a indefinição que marca o início de boa parte dos campeonatos de pontos corridos, os aurinegros assumiram a liderança na 13ª rodada e não a deixaram escapar. Já a corrida do Schalke teve mais percalços.
Naquele ano, classificavam-se à disputa da Copa da UEFA os cinco primeiros colocados do Campeonato Alemão. Os de azul só se consolidaram na disputa por uma das vagas na 21ª rodada (deixando a sétima colocação e subindo à quinta). E uma reta final sólida colocou o clube nos trilhos. Nas últimas 14 rodadas, o time do Vale do Ruhr conseguiu sete vitórias, seis empates e sofreu apenas uma derrota. Mais que isso, as últimas quatro partidas foram exitosas, com triunfos perante Stuttgart, Eintracht Frankfurt, Bayern de Munique e Werder Bremen.
Assim, ao final, o Schalke encerrou a campanha com a terceira colocação, atrás do campeão Dortmund e do Bayern.
O fator casa determinou o sucesso alemão…
Classificado diretamente para a primeira fase da Copa da UEFA, em 1996/97 o Schalke enfrentou os holandeses do Roda JC, que tinham jogadores conhecidos como o goleiro Ruud Hesp e o zagueiro André Ooijer e eram treinados por Huub Stevens. No primeiro jogo, uma vitória em Gelsenkirchen encaminhou a classificação; o 3 a 0 foi inapelável. Na volta, porém, o jogo foi duro: 2 a 2. Com o 5 a 2 na bagagem, os alemães avançaram.
A despeito disso, em solo doméstico a situação dos azuis reais era ruim. Na oitava rodada, depois de uma derrota para o Bayer Leverkusen — confirmando o mau momento do time (2V, 4E, 2D) —, o técnico Jörg Berger caiu. Em seu lugar, quem assumiu? Ele, Huub Stevens.
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A seguir, foi a vez de o time deixar pelo caminho os turcos do Trabzonspor. No jogo de ida, em casa, o 1 a 0 foi suficiente, porque o placar bailarino da volta não serviu ao adversário: 3 a 3. Nas oitavas de finais, o Club Brugge assustou no primeiro jogo. Em seus domínios, viu o croata Mario Stanic comandar uma vitória por 2 a 1. Contudo, o gol germânico, anotado por Mike Büskens, foi determinante. No saudoso Parkstadion (posteriormente trocado pela moderna Veltins-Arena), o Schalke buscou o 2 a 0 e avançou.
Vieram oponentes espanhóis na sequência. Primeiro, o Valencia de Claudio López, treinado por Jorge Valdano. Cirúrgicos, os alemães venceram como anfitriões, 2 a 0, e empataram enquanto visitantes, 1 a 1.
Veio, então, o drama. O adversário? O Tenerife.
Veio, então, o drama. O adversário? O Tenerife.
...e a prorrogação e as penalidades confirmaram
Como já havia acontecido contra os belgas do Brugge, o Schalke 04 mais uma vez perdeu a partida de ida, fora de casa. Dessa vez, foi apenas 1 a 0. E o Tenerife podia até não ter a grandeza de um Valencia, mas no banco de reservas estava sentado o treinador Jupp Heynckes e isso era motivo suficiente para não duvidar dos modestos insulares. Na volta, o gol de cabeça de Linke, após cobrança de escanteio de Thon, só foi suficiente para levar a partida para a prorrogação.
Foi então que, novamente, apareceu a qualidade do experiente Thon nas bolas paradas. O alemão cobrou falta da faixa esquerda do ataque azul real e encontrou a cabeça de Wilmots (que se confirmaria o artilheiro do Schalke na disputa, com seis gols). Com o 2 a 0, o time estava na final e enfrentaria o poder da Internazionale de Milão, de Iván Zamorano e treinada por Roy Hodgson.
E adivinhem o que aconteceu nos primeiros 90 minutos da final, em Gelsenkirchen: sim, o Schalke venceu. Se aproveitando de uma saída de bola equivocada dos italianos, Wilmots acertou um tiro de fora da área e confirmou a vitória por 1 a 0. Mas ainda havia o que ser decidido no segundo capítulo da decisão, em Milão. Zamorano deixou as coisas emocionantes ao anotar um gol de puro oportunismo aos 84 minutos. E o drama ainda foi maior, porque pouco depois Youri Djorkaeff colocou uma bola na trave de Lehmann, que mal sabia, mas seria o herói da noite.
Vieram as penalidades. Ingo Anderbrügge superou Gianluca Pagliuca na cobrança inicial e Zamorano parou em Lehmann. Thon e Djorkaeff fizeram seu trabalho na sequência. Martin Max fez mais um para o Schalke 04 e Aaron Winter chutou para fora a chance de conquista italiana. Coube a ele, Wilmots, confirmar o título alemão, convertendo o último pênalti.
Apesar disso, a grande festa no Vale do Ruhr foi outra…
A emocionante final da Copa da UEFA aconteceu em 21 de maio de 1997. Por uma semana, a festa no Vale do Ruhr teve apenas uma cor: o azul. Porém, no dia 28 tudo mudou. Isso porque, em Munique, o Dortmund bateu a Juventus (curiosamente grande rival da Inter) por 3 a 1 e venceu a Liga dos Campeões. Foi um verdadeiro balde de água fria na cabeça do torcedor do Schalke.
“Você ganhou a Copa da UEFA? Parabéns, eu venci a Liga dos Campeões” deve ter sido algo muito dito naquele momento. Pobre Schalke.
“Você ganhou a Copa da UEFA? Parabéns, eu venci a Liga dos Campeões” deve ter sido algo muito dito naquele momento. Pobre Schalke.
Nunca tinha ligado esses pontos, que tristeza na vida do torcedor dos azuis reais
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