De La Cruz segue os passos do irmão e reitera força do River Plate
Em 2015, o River Plate conquistou
a Copa Libertadores da América pela terceira vez em sua história. Naquela
ocasião, um de seus jogadores mais destacáveis foi o meia uruguaio Carlos
Sánchez. Atuando pela faixa direita do meio-campo Millionario, foi a principal válvula de escape do consistente time.
Ao final daquele ano, o jogador charrua
partiu para o México. Outros atletas também deixaram a equipe, que viveu tempo de reformulação. Nesse momento, contudo, tenta se consolidar novamente
com contratações importantes, como a do meia Enzo Pérez. Quem também chega —
sem tanto alarde, mas com muito potencial — é Nicolás De La Cruz, o talentoso e
jovem irmão de Carlos Sánchez.
Capitão da Seleção Uruguaia Sub-20, o garoto, nascido em Montevidéu e, como seu consanguíneo, criado nas categorias de base do Liverpool, tem tido destaque há algum tempo. Como Sánchez, é capaz de atuar em algumas posições. No entanto, seu estilo é diferente. Tendo preferência pela faixa central do campo, revela cadência e menos urgência, maior controle das ações e menor explosão. Por isso, pode atuar como segundo volante, meia armador (sua melhor posição) e como meia avançado. É outro um daqueles exemplos que poderia receber o enfadonho rótulo de “jogador moderno”.
O jovem era alvo de grandes equipes do futebol europeu, casos dos rivais de Milão, Inter e Milan. No entanto, acabou firmando pelo River Plate, tendo o treinador Marcelo Gallardo exercido forte influência na escolha do novo camisa 15 dos Millonarios, assim como o irmão e ex-atleta do clube.
“Escutar de sua parte [de Gallardo] que confia em mim pelo trabalho que fiz esses anos é algo que se toma de maneira muito boa. Agora, tenho que demonstrar porque ele lutou tanto por mim [...] Ele [Sánchez] me falou muito. Ele nutriu muito carinho pelo clube e o transmitiu a mim [...] Hoje venho deixar meu nome em cima e, se puder conquistar títulos, melhor”, revelou De La Cruz ao La Nación.
O valor pago pelo River não foi pequeno, considerando o mercado sul-americano: aproximadamente três milhões de euros. Porém, a margem para evolução que o jogador apresenta é certeza de que o investimento é válido e será recuperado no futuro. No último Campeonato Mundial Sub-20, De La Cruz foi muito bem. Só não foi titular na partida derradeira, disputa pelo terceiro lugar contra a Itália. Ele marcou dois gols, na boa campanha da Celeste Olímpica. É bem verdade que começou a disputada perdendo pênalti contra a mesma Itália, nada que tenha impedido a vitória de seu país e sua continuidade.
Antes disso, já havia conquistado o Sul-Americano Sub-20, anotando três importantes tentos na competição. Seu recorde com as equipes de base do Uruguai é representativo. Aos 14 anos, começou a ser chamado para a Seleção Sub-17 e, aos 18, ao escalão sub-20. Também foi no ano em que atingiu a maioridade que estreou como profissional pelo Liverpool. Com os Negriazules, foi vice-campeão da Copa Libertadores Sub-20 de 2016, perdendo a final para o São Paulo.
Quem bem o descreveu à reportagem veiculada no site Goal.com foi seu ex-treinador no Liverpool, Mario Saralegui: “É craque, tem o que não se vê em lugar nenhum, visão periférica, velocidade com a bola no pé e definição”.
Não há dúvidas de que o River Plate, seguindo tipo de trabalho de prospecção que já levou ao clube atletas como Falcao García, Alexis Sánchez ou, num passado mais distante, Marcelo Salas e Juan Pablo Ángel ao clube, faz aposta cara, mas pensada ao contratar De La Cruz.
Para já, o uruguaio conta com concorrência forte por um lugar no time titular. Hoje, jogadores como Ignacio Fernández ou o recém-chegado Enzo Pérez estão em sua frente na luta pela titularidade. Entretanto, tal situação é positiva, pois garante ao garoto tempo para se ambientar e evoluir na Argentina.
O momento do River, atual vice-campeão argentino, é bom para a evolução de jovens. Superada a crise que colocou em xeque a integridade do clube, com o teste antidoping positivo de Lucas Martínez e Camilo Mayada em partida da Copa Libertadores, o elenco apresenta cenário equilibrado. Ao mesmo tempo em que chegam jogadores vividos e experientes, como o citado Pérez, Ignacio Scocco, Javier Pinola ou o goleiro Germán Lux, jovens como De La Cruz e Santos Borré, ex-Atlético de Madrid, também desembarcam no Monumental de Núñez. E o mais importante: dando sequência a um trabalho iniciado em 2014, Gallardo rege tudo do banco de reservas.
Aos 20 anos, o uruguaio troca um clube sem pretensões, mas com importante histórico na formação de atletas, por uma das maiores potências do continente. O River Plate segue vivo na Copa Libertadores da América e entrará com tudo no Argentino 2017/18. Seguindo os passos do irmão, terá em Buenos Aires a oportunidade de mudar de patamar no futebol e chegar à Seleção Uruguaia principal.
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