Seleções de que Gostamos: Turquia 2002
Após rememorar o esquadrão polonês da Copa do Mundo de 1982, falo da surpreendente Turquia de 2002,
terceira colocada no Mundial disputado em Japão e Coreia do Sul.
Em pé: Rustu; Alpay, Davala, Ilham, Korkmaz, Sukur; Agachados: Fatih, Basturk, Tugay, Emre, Penbe. |
Seleção: Turquia
Período: 2002
Time base: Rüştü; Fatih, Alpay, Korkmaz, Penbe; Davala, Tugay, Bastürk, Emre; Şaş e Şükür. Téc.: Şenol Güneş
Em 2002, após dificuldades para
se classificar para a Copa do Mundo, o Brasil foi sorteado para um grupo que
não prometia trazer grandes dificuldades. O mundo mal sabia que dali poderia
sair uma das grandes surpresas do primeiro, e até hoje único, campeonato
mundial já disputado na Ásia.
Com um time que mostrava força e
talento, impulsionado pelos êxitos do Galatasaray, que havia vencido a UEFA Cup
em 2000, a Turquia brilhou e conseguiu um excepcional terceiro lugar, vencendo,
por fim, a anfitriã Coreia do Sul, que lá chegara com méritos, mas também em
razão de equívocos de arbitragem. Para chegar ao mundial, os turcos alcançaram
a segunda colocação do Grupo 4 das eliminatórias europeias, ficando atrás da
Suécia e à frente de Eslováquia, Macedônia, Moldávia e Azerbaijão. No entanto,
foi necessário um play-off para
tanto.
Sem grandes dificuldades, a
Turquia bateu a Áustria, com um placar agregado de 6x0 e carimbou seu passaporte
para Japão e Coreia. Começava a ser escrita ali uma bela e nova página da Copa
do Mundo, que só havia contado com a participação dos Ay Yildizlilar – as Estrelas Crescentes – em 1954. Nomes como Yildiray Bastürk, Hasan Şaş, Emre Belözoğlu ou Rüştü Reçber começavam ali a
ganhar maior notoriedade.
Leia também: Times de que Gostamos: Galatasaray 1999-2000
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A estreia, contra o Brasil, ficou
muito lembrada pela curiosa cena em que Rivaldo simulou lesão, mas mostrou,
contra qualquer prognóstico, que o país chegara para brilhar. A derrota por 2x1
só foi consumada aos 87 minutos, com gol de pênalti de Rivaldo, marcado em falta
que aconteceu fora da área.
Na sequência, um empate contra a
Costa Rica e uma vitória contra a China levaram a Turquia à fase eliminatória
da competição. Nas oitavas de final, coube à equipe euroasiática eliminar o
Japão, dono da casa, por 1x0; nas quartas só o gol de ouro parou os
surpreendentes senegaleses que faziam bonito, mas pararam na competência turca,
em novo 1x0. Foi então que vieram as semifinais e um velho algoz reapareceu: o
Brasil.
Como se fosse regra, o placar das semifinais também registrou 1x0, mas dessa vez para a Canarinho. Os valentes turcos, que em seu desespero chegaram a protagonizar cena curiosa, perseguindo Denílson, caíram, mas na sequência conquistaram o merecido terceiro lugar.
Como se fosse regra, o placar das semifinais também registrou 1x0, mas dessa vez para a Canarinho. Os valentes turcos, que em seu desespero chegaram a protagonizar cena curiosa, perseguindo Denílson, caíram, mas na sequência conquistaram o merecido terceiro lugar.
Defendendo a meta turca estava o
icônico Rüştü Reçber. Recordista de jogos com a camisa de sua seleção, com 120
partidas, o goleiro deixou a Copa do Mundo como um dos grandes destaques. Sua
aparência peculiar, com longos cabelos e pintura de guerra, trazia um pouco de
folclore a sua carreira, mas a verdade é que o jogador foi muito bem no torneio
e ganhou um lugar na seleção do mesmo, junto ao mito alemão Oliver Kahn. Ídolo
no Fenerbahçe, foi contratado pelo Barcelona após o Mundial, mas, a despeito de
seu bom posicionamento e reflexos, não foi bem.
Árbitro: Pierluigi Colina
Pela lateral direita, o dono da
posição era Fatih Aykel, mas não se engane ao pensar nisso como algo absoluto.
Em algumas ocasiões, a composição defensiva turca se reformatava e passava a
defender com três defensores, levando o jogador a atuar em função mais
resguardada e, em outros turnos, era o contrário que ocorria. Trazendo
entrosamento do Galatasaray, Fatih avançava pelo flanco e quem ocupava sua
posição era Ümit Davala, também jogador afeito ao trabalho pelo lado direito, mas
mais ofensivo.
No flanco canhoto da defesa, na
maior parte do tempo o titular foi Ergun Penbe, referência histórica do
Galatasaray, clube que defendeu por 13 anos. Jogador inteligente, possuía bom
senso de posicionamento e tranquilidade para sair jogando, sendo também
alternativa para outros setores. Seu concorrente era também jogador do
Galatasaray. Hakan Ünsal, era mais ofensivo que Penbe e ficou marcado por ter
sido o autor do chute que originou a pitoresca simulação de Rivaldo, ainda na
partida de estreia da Copa do Mundo, sendo expulso e perdendo espaço.
A zaga era composta por grandes
referências: Bülent Korkmaz e Alpay Özalan. O primeiro dedicou uma carreira
inteira ao Galatasaray, com 19 anos. Conhecido como “O Guerreiro”, era mais um
jogador de forte personalidade e que exercia importante influência sobre os
companheiros. Não era alto, mas posicionava-se bem e tinha impressionante vigor
físico. Compensando sua baixa estatura, Alpay foi um parceiro que tinha no jogo
aéreo uma de suas grandes forças. Outro jogador turco eleito para a Seleção da
Copa do Mundo de 2002, foi um jogador de sucesso, tendo atuado por Besiktas e
Fenerbahçe e tido boa passagem pelo Aston Villa.
Quem também apareceu em alguns
turnos pelo setor foi Ümit Özat, jogador polivalente e que podia fazer qualquer
das posições da defesa turca, inclusive na contenção, como volante.
No meio-campo, pelo centro duas
eram as referências. O meio-campista Tugay Kerimoğlu, muito lembrado por suas
extensas passagens por Galatasaray e Blackburn, era o coração do time. Extremamente
técnico e bom passador, o jogador podia atuar em qualquer posição do meio, mas
em geral desempenhava função mais defensiva, coordenando as ações do time de
trás e sendo sempre uma alternativa para desafogar a equipe.
Próximo a si atuava o habilidoso
Yildiray Bastürk, bom criador de jogadas, habilidoso e que finalizava bem de
fora da área, havia sido vice-campeão da UEFA Champions League poucos antes
do início da Copa do Mundo, representando as cores do Bayer Leverkusen, e vivia grande momento.
Pelos lados do meio-campo,
atuavam o já citado Davala, jogador de enorme vocação ofensiva e velocidade,
que proporcionava importantes arrancadas pelo flanco direito, e Emre Belözoğlu,
atleta extremamente técnico, pela esquerda. Emre era tão temperamental quanto
inteligente e capaz de decidir um jogo. Ainda muito jovem à época, 21 anos, o
jogador tinha um passe extremamente qualificado e grande espírito de luta. Cria
do Galatasaray, dividiu a Turquia em 2008, quando retornou ao país após sua
jornada no Newcastle, mas para o rival Fenerbahçe.
No ataque, atuando na “extinta”
função de segundo atacante, Hasan Şaş confirmou-se um dos maiores destaques da
Turquia. Outro ex-jogador do Galatasaray e também eleito para a seleção do
torneio, o carequinha era um atleta que muito se movimentava por todo o setor
do ataque – embora tivesse mais facilidade de atuar pela esquerda –,
destacando-se por sua velocidade e habilidade no drible.
A seu lado, atuou o capitão do time: Hakan Şükür. Maior artilheiro da história da Seleção Turca, do Campeonato Turco e o jogador de seu país com maior número de gols marcados na UEFA Champions League, era um centroavante típico, um goleador com presença de área, boa finalização e posicionamento – além de deter grande liderança. Curiosamente, no Mundial só balançou as redes em uma ocasião, destoando do restante da equipe.
A seu lado, atuou o capitão do time: Hakan Şükür. Maior artilheiro da história da Seleção Turca, do Campeonato Turco e o jogador de seu país com maior número de gols marcados na UEFA Champions League, era um centroavante típico, um goleador com presença de área, boa finalização e posicionamento – além de deter grande liderança. Curiosamente, no Mundial só balançou as redes em uma ocasião, destoando do restante da equipe.
O treinador da equipe era Şenol
Güneş, ex-jogador importantíssimo para a história do Trabzonspor e que à época
havia obtido alguns êxitos no comando do próprio clube, levando-o a dois
vice-campeonatos turcos, algo extremamente relevante, sobretudo considerando a
supremacia de Galatasaray, Fenerbahçe e Besiktas no país. Outros jogadores
foram importantes na campanha como foram os casos do defensor Emre Aşik e dos
atacantes Nihat Kahveci, Arif Erdem e Ilhan Mansiz, que curiosamente foi o
artilheiro da Turquia na Copa, com três tentos.
Ficha técnica de alguns jogos importantes nesse período:
Oitavas de final da Copa do Mundo de 2002: Japão 0x1 Turquia
Estádio Miyagi, Rifu
Árbitro: Pierluigi Colina
Público 45.666
Gol: ’12 Davala (Turquia)
Japão: Narazaki; Matsuda, Miyamoto, Nakata; Myojin, Toda, Nakata,
Inamoto (Suzuki), Ono; Nishizawa, Alex (Ichikawa/Morishima). Téc.: Philippe
Troussier
Turquia: Rustu; Alpay, Korkmaz, Ünsal; Davala (Nihat), Fatih,
Tugay, Basturk (Ilhan), Penbe; Sas (Tayfur), Sukur. Téc.: Senol Gunes
Quartas de final da Copa do Mundo de 2002: Senegal 0x1 Turquia
Árbitro: Óscar Ruiz
Público 44.233
Gol: ’94 Ilhan (Turquia)
Senegal: Tony Silva; Coly, Diatta, Diop, Daf; Bouba Diop, Cissé,
Diao; Camara, Diouf, Fadiga. Téc.: Bruno Metsu
Turquia: Rustu; Fatih, Alpay, Korkmaz, Penbe; Davala, Tugay, Emre
(Arif), Basturk; Sas, Sukur (Ilhan). Téc.: Senol Gunes
Semifinal da Copa do Mundo de 2002: Brasil 1x0 Turquia
Árbitro: Kim Milton Nielsen
Público 61.058
Gol: ’49 Ronaldo (Brasil)
Brasil: Marcos; Lúcio, Edmílson, Roque Júnior; Cafu, Gilberto
Silva, Kléberson (Belletti), Roberto Carlos; Edílson (Denílson), Rivaldo e
Ronaldo (Luizão). Téc.: Luiz Felipe Scolari
Turquia: Rustu; Fatih, Alpay, Korkmaz, Penbe; Davala (Izzet),
Tugay, Emre (Ilhan), Basturk (Arif); Sas, Sukur. Téc.: Senol Gunes
Decisão do terceiro lugar da Copa do Mundo de 2002: Coreia do Sul 2x3
Turquia
Estádio Daegu, Daegu
Público 63.483
Gols: ‘1 Sukur e ’13 e ’32 Ilhan (Turquia); ‘9 Lee Eul-Yong e ’93
Song Chong-Gug (Coreia do Sul)
Coreia do Sul: Lee Woon-Jae; Yoo Sang-Chul, Hong Myung-Bo (Kim
Tae-Young), Lee Min-Sung; Song Chong-Gug, Park Ji-Sung, Lee Young-Pyo, Lee
Eul-Yong (Cha Du-Ri); Seol Ki-Hyeon (Choi Tae-Uk), Ahn Jung-Hwan, Lee Chun-Soo.
Téc.: Guus Hiddink
Turquia: Rustu; Fatih, Alpay, Korkmaz, Penbe; Davala (Buruk),
Tugay, Emre (Unsal), Basturk (Tayfur); Ilhan, Sukur. Téc.: Senol Gunes
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