Times de que Gostamos: Colo-Colo 1991
Após rememorar o fantástico time do Stade de Reims dos anos 50, período em que o clube reinou na França e chegou a ameaçar a supremacia continental do Real Madrid de Alfredo Di Stéfano, trato do
único time chileno a ter conquistado a Copa Libertadores da América, o
Colo-Colo, do ano de 1991.
Em pé: Pizarro, Espinoza, Margas, Ramírez, Vilches, Garrido, Morón Agachados: Peralta, Mendoza, Barticciotto, Pérez |
Time: Colo-Colo
Período: 1991
Time base: Daniel Morón; Gabriel Mendoza (Juan Carlos Peralta), Lizardo
Garrido, Javier Margas, Miguel Ramírez; Eduardo Vilches, Rubén Espinoza, Jaime Pizarro;
Patrício Yáñez, Rubén Martínez (Ricardo Dabrowski) e Marcelo Barticciotto.
Téc.: Mirko Jozic
Conquistas: Copa Libertadores da América e Campeonato Chileno
Em 1973, um clube chileno ameaçou
impedir a construção de uma hegemonia na América. Atuando contra um time do
Independiente de Avellaneda que já havia conquistado três Copas Libertadores e
buscava sua quarta, um destemido Colo-Colo, que tinha como grande craque Carlos Caszely e representava a alegria de um povo que estava em vias de ser subjugado por um regime ditatorial, valentemente disputava a glória continental.
No fim, o time que massacrou Unión
Española, El Nacional, Emelec e Cerro Porteño foi parado e teve que esperar
longos anos para voltar a ter a oportunidade de colocar o continente americano
a seus pés. Nesse período, seus compatriotas do Unión Española e do Cobreloa
também disputaram finais, sem sucesso, no entanto.
O destino faria com que, em 1991,
o Colo-Colo, que tantas adversidades enfrentou em 1973, com problemas
relacionados à política interna de seu país e até mesmo falsas promessas de
premiações, tornasse-se o primeiro – e até hoje único – clube de seu país a
vencer a Libertadores.
O time foi comandado por um treinador
croata, Mirko Jozic, ninguém menos do que o grande responsável pelo icônico título
mundial sub-20 da Iugoslávia em 1987, liderando uma geração que conteve nomes
da estirpe de Zvonimir Boban, Davor Suker, Sinisa Mihajlovic, Vladimir Jugovic
e Robert Prosinecki. O dado curioso é que este torneio aconteceu no Chile e
despertou a vontade do treinador de trabalhar no país. Assim, o Colo-Colo abriu
suas portas ao treinador, que por lá passou em 1987, para trabalhar com os
jovens, e retornou em 1990, como treinador da equipe principal.
Com uma geração de futebolistas
talentosos e inovações táticas, Jozic conduziu os Albos ao inédito título e de forma inesquecível, deixando equipes
tradicionais como Universitário do Peru, Nacional de Montevidéu, Boca Juniors e,
finalmente, na final, o Olímpia, campeão em 1990, para trás. O curioso é que,
ao final do glorioso ano, o Colo-Colo perdeu o Intercontinental para uma equipe
que passou pelas mãos de seu treinador, o Estrela Vermelha, que possuía muitos
jogadores do time campeão mundial sub-20 de 1987.
Leia também: Times de que Gostamos: Estrela Vermelha 1990-1991
A meta da equipe chilena era defendida por um arqueiro que foi ídolo do torcedor e permaneceu no clube por muitos anos. Argentino, Daniel Morón (foto) chegou ao Colo-Colo já aos 27 anos, após defender o Unión de Santa Fé, de seu país. El Loro, como ficou conhecido, é lembrado por sua sobriedade debaixo da meta, sem fazer estardalhaços, mas cumprindo seu papel com muita agilidade e exercendo grande liderança sob os demais. Em 1994, deixou o clube, mas seguiu no país, naturalizando-se e chegando a defendê-lo em amistosos.
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A meta da equipe chilena era defendida por um arqueiro que foi ídolo do torcedor e permaneceu no clube por muitos anos. Argentino, Daniel Morón (foto) chegou ao Colo-Colo já aos 27 anos, após defender o Unión de Santa Fé, de seu país. El Loro, como ficou conhecido, é lembrado por sua sobriedade debaixo da meta, sem fazer estardalhaços, mas cumprindo seu papel com muita agilidade e exercendo grande liderança sob os demais. Em 1994, deixou o clube, mas seguiu no país, naturalizando-se e chegando a defendê-lo em amistosos.
No miolo de zaga havia as
imponentes presenças de dois jogadores históricos formados no clube. De um
lado, via-se a experiência, a qualidade técnica e a elegância de Lizardo Garrido,
atleta que atuou no Colo-Colo por 13 anos de sua carreira e que chegou a ser
eleito o melhor jogador chileno no ano de 1984. Fazendo-lhe companhia, um
garoto que há pouco tempo se afirmara como profissional surpreendia pela forte
marcação, bom cabeceio e maturidade: Javier Margas. Tendo crescido no clube, a
dupla sabia exatamente o que a conquista de uma glória continental representava
e foi vital para a mesma.
As laterais eram cobertas por
dois jogadores lembrados pela completude de seu jogo e solidez. Pela direita,
Gabriel Mendoza (foto) era um jogador ainda muito jovem, destemido, que sabia guardar
sua posição de forma aguerrida como poucos, mas que quando necessário ia à
frente com grande qualidade, tendo sido também opção para o meio-campo. Pelo
outro flanco, a juventude estava estampada no rosto de Miguel Ramírez, que estava
em vias de completar 21 anos na data da conquista da Copa Libertadores. Muito
seguro, tinha estilo defensivo, e sempre desenvolvia um jogo de muita força
física e velocidade. Nos anos que se seguiram, ambos atuaram na Seleção Chilena
e Mendoza chegou a vestir a camisa do São Paulo.
Opção pelo meio-campo e como
zagueiro, Eduardo Vilches foi o mais defensivo volante neste time do Colo-Colo,
outro jogador que exibia liderança e o principal protetor da defesa dos Caciques. Com muita personalidade, bom
desempenho aéreo, força física e alguns perigosos chutes de longa distância,
era outra referência e um jogador importante também para a Seleção Chilena. À
época da conquista já estava próximo dos 30 anos, mas ainda atuou por mais três
no clube.
Também trabalhando no jogo de
meio-campo, sendo a maior referência da equipe, Jaime Pizarro (foto) era o capitão e um
volante excepcional. Incansável na recuperação de bolas e formidável
finalizador, o Kaiser atuou durante
mais de dez anos no Colo-Colo e foi eleito em 1987 e 1988 o melhor jogador
chileno do ano. Além disso, era fundamental à equipe, dando-lhe consistência e lutando
infatigavelmente pelo coletivo.
Um pouco mais à frente e com
maior liberdade no meio, Rubén Espinoza fazia importante papel na evolução do jogo da equipe,
da defesa para o ataque. Responsável pelas bolas paradas e bom
passador, foi um grande assistente e marcou gols vitais na Copa Libertadores,
tendo sido o vice-artilheiro da equipe, com cinco tentos.
Confira também: Colo-Colo x Universidad de Chile: o Superclássico do Chile
Se quisesse um meio-campo mais
equilibrado, o treinador Mirko Jozic podia lançar a campo o polivalente Juan
Carlos Peralta, que revezava-se com o lateral-direito Mendoza na cobertura do
setor e também evitava maiores consequências caso o ala fosse ao ataque.
Acontece que em muitos turnos essa não era a tendência e o Colo-Colo atuava com
mais agressividade, alinhando o experiente e talentoso Patricio Yáñez na ponta
direita. Aos 30 anos, após passar muitos deles na Espanha e vindo da rival
Universidad de Chile, o chileno mostrou que ainda tinha futebol para gastar,
com excelentes dribles, cruzamentos mortais e permanecendo Cacique até 1995.
Confira também: Colo-Colo x Universidad de Chile: o Superclássico do Chile
No ataque, a dupla habitual era
formada pelo argentino Marcelo Barticciotto e pelo chileno Rubén Martínez (foto). O
primeiro era um jogador veloz e driblador, que destacava-se pela movimentação e
pela facilidade como livrava-se de seus marcadores e ia à linha de fundo. De
desconhecido contratado junto ao Huracán aos 21 anos, o jogador passou a ídolo
rapidamente, permanecendo no clube entre 1988 e 1992 e entre 1996 e 2002. A
tarefa de marcar gols, todavia, cabia a Martínez, artilheiro do Campeonato
Chileno de 1991, com 23 gols em 28 jogos, lembrado pelo oportunismo e frieza
com que executava seus rivais com sua perita perna esquerda.
Embora tivesse uma dupla
considerada titular, os jogadores de ataque mais decisivos na Libertadores de
1991 foram outras duas figuras, habitualmente reservas. Artilheiro do time na
competição e vice-artilheiro somando todos os clubes, o argentino Ricardo
Dabrowski, que tinha no jogo aéreo seu grande forte, foi peça importantíssima,
marcando seis tentos e ficando a dois de Gaúcho, então atacante do Flamengo e
goleador máximo do torneio. Além dele, o clube contou por empréstimo com Luis
Pérez, que passou um período brevíssimo com os Albos, mas marcou dois gols na final da Libertadores, eternizando seu nome na história Cacique.
Na reserva havia ainda alguns jogadores
que tiveram participações importantes em 1991, como são os casos de Agustín
Salvatierra, Leonel Herrera e Hugo Rubio, mas o grande destaque era de fato o
treinador. Sem Jozic (foto), dificilmente o Colo-Colo teria conquistado a
Libertadores. Além de ter sido revolucionário no campo tático, o comandante
tinha uma determinação especial, tanto que ao desembarcar pela segunda vez no
clube definiu a conquista continental como seu grande objetivo - missão dada,
missão cumprida.
Ficha técnica de alguns jogos importantes nesse período:
Quartas de finais da Copa Libertadores da América de 1991: Colo-Colo
4x0 Nacional-URU
Estádio Monumental David
Arellano, Santiago
Árbitro: Ricardo Calabria
Público 50.000
Gols: ’28 Martínez, ’45 e ’85 Dabrowski e ’89 Espinoza (Colo-Colo)
Colo-Colo: Morón; Mendoza, Garrido, Margas, Ramírez; Vilches,
Espinoza, Pizarro; Rubén Martínez, Ricardo Drabowski (Peralta) e Yañez (Pérez).
Téc.: Mirko Jozic
Nacional: Carrabs; Gómez, Saravia, Saldanha, Mozo; Révelez, Noé, Peña,
Silveira (García); Dely Valdez e Borges (Seré). Téc.: Juan Blanco
Semifinais da Copa Libertadores da América de 1991: Colo-Colo 3x1 Boca
Juniors
Estádio Monumental David
Arellano, Santiago
Público 62.000
Gols: ’64 e ’82 Martínez, ’66 Barticciotto (Colo-Colo); ’74 Diego
Latorre (Boca Juniors)
Colo-Colo: Morón; Mendoza, Garrido, Margas, Ramírez; Vilches,
Espinoza (Peralta), Pizarro; Barticciotto, Martínez e Yañez. Téc.: Mirko Jozic
Boca Juniors: Montoya; Abramovich (Apud), Simón,
Marchesini, Moya; Sonõra, Giunta, Pico (Tapia), Graciani; Latorre e Batistuta.
Téc.: Óscar Tabárez
Finais da Copa Libertadores da América de 1991: Colo-Colo 3x0 Olimpia
Estádio Monumental David
Arellano, Santiago
Árbitro: José Roberto Wright
Público 64.000
Gols: ’12 e ’17 Pérez, ’84 Leonel Herrera (Colo-Colo)
Colo-Colo: Morón; Mendoza (Herrera), Garrido, Margas, Ramírez; Vilches,
Peralta, Espinoza, Pizarro; Pérez e Barticciotto. Téc.: Mirko Jozic
Olimpia: Battaglia; Ramirez, Castro,
Fernández, Suárez; Jara (Guirland), Balbuena (Cubilla), Guasch, Monzon;
González e Torres. Téc.: Luis Cubilla
Final do Intercontinental de 1991: Colo-Colo 0x3 Estrela Vermelha
Estádio Nacional, Tóquio
Público 62.064
Gols: ’19 e ’58 Jugovic, ’72 Pancev (Estrela Vermelha)
Colo-Colo: Morón; Mendoza, Garrido,
Margas, Ramírez; Vilches, Salvatierra (Dabrowski), Pizarro; Barticcioto,
Martínez (Rubio), Yañez. Téc.: Mirko Jozic
Estrela Vermelha: Milojevic; Vasilijevic,
Belodedici, Najdoski, Radinovic; Jugovic, Mihajlovic, Stosic, Ratkovic;
Savicevic e Pancev. Téc: Vladimir Popovic
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