AIK x Djurgardens: o derby dos gêmeos

Depois de contar um pouco da história do clássico mais antigo do futebol argentino entre Newell’s Old Boys e Rosario Central, trago um pouquinho da vida do clássico da capital sueca, Estocolmo, entre AIK e Djurgardens.




Estocolmo (foto), capital e maior cidade da Suécia, é conhecida por sua beleza e pelos altíssimos padrões e índices de desenvolvimento social. Educação, saúde pública e infraestrutura de transportes de excepcional qualidade garantem um grandessíssimo padrão de vida no país. Além disso, há enorme incentivo à cultura, sendo a cidade rica também em museus, igrejas de grande arquitetura, literatura e música. Uma cidade tão interessante não poderia ficar sem representação no futebol, esporte mais popular do mundo. Nesse sentido, com uma diferença de três semanas, nasceram os dois maiores clubes do país: AIK e Djurgardens.

15 de fevereiro de 1891. Nesta data, Isidor Behrens (foto) fundava o AIK (Allmänna Idrottsklubben), nome traduzido como O Clube Esportivo do Povo. Desde sua origem, o clube ficou marcado por aceitar qualquer pessoa, independente de etnia, raça, religião, etc. O futebol, especificamente, passou a ser praticado em 1896, tendo o clube obtido seu primeiro sucesso em 1900, ocasião em que ganhou o título sueco em cima do Örgryte, clube mais antigo, e até então mais bem-sucedido na Suécia. Seu escudo, azul-escuro, amarelo e dourado, reflete o estilo art noveau predominante no início do século XX

Curiosamente, ele foi desenvolvido por Fritz Carlsson-Carling, um corredor e jogador de futebol, que venceu um concurso cujo prêmio foi a possibilidade de desenvolver o brasão da equipe. Além disso, é necessário dizer que as cores do uniforme da equipe fazem referência à bandeira da Suécia, numa escolha nacionalista.

Cerca de três semanas depois, em 12 de março de 1891, nasceu o Djurgardens, num café na Ilha de Djurgarden (foto), ao centro de Estocolmo. Tal como o seu rival, a equipe não optou pela prática do futebol logo em sua fundação. O esporte bretão passou a ser praticado pelo clube em 1899, tendo seu primeiro sucesso sido alcançado em 1912, quando o clube bateu o Örgryte, após quatro vice-campeonatos.

A maior rivalidade sueca teve como fatos geradores principais a disputa pela superioridade na cidade, o pequeno espaço de tempo entre as fundações dos clubes, a similitude de seus resultados na história e a mesma localização em suas origens, o centro da cidade de Estocolmo. Todavia o Djurgardens passou a receber mais apoio da região leste da cidade, enquanto o AIK formou sua base no noroeste da cidade.


A primeira em vez que os rivais se encontraram foi em 1899 e, no total (estatística controversa), ocorreram 220 jogos, com 80 vitórias para cada uma das equipes e 60 empates. Entretanto, desde a criação da liga sueca, em 1924, os rivais se enfrentaram 141 vezes, com 46 vitórias para cada e 41 empates. Esse grande equilíbrio é outro fator que alimenta a rivalidade em Estocolmo. A última partida, disputada em setembro deste ano, terminou empatada por 2 x 2.

No tocante aos títulos, ambos os clubes possuem 11 conquistas do Campeonato Nacional. O AIK conquistou a Copa da Suécia oito vezes contra quatro do seu rival. Apesar da vantagem do AIK, considerando somente o período da Liga, o Djurgardens leva vantagem com sete títulos, contra cinco do AIK.


O clássico sueco não é marcado pela violência, mas por belas festas nos estádios. Com o passar dos anos, os rivais criaram uma forte cultura de mosaicos (foto acima), o que além de embelezar os encontros, prova que é possível torcer com muito amor à camisa, sem precisar criar conflitos. Curiosamente, em razão da existência de um zoológico na Ilha de Djurgardens, é comum o arremesso de bananas nos clássicos, o que, para aqueles que desconhecem a história do clássico, passaria por racismo, mas é apenas uma provocação sadia.

19 jogadores se transferiram de um clube para o rival diretamente, destaque para o nigeriano Kennedy Igboananike (foto) que atualmente defende o AIK. Outros nove jogadores atuaram por ambos os clubes, sem, contudo, se transferirem diretamente de um rival para o outro.

Curiosamente os dois clubes rivais dedicaram a camisa 1 a seus torcedores, de forma que ela foi aposentada. Apesar disso, cabe a nota triste da outra camisa aposentada pelo AIK. Em 02 de maio deste ano, o goleiro croata Ivan Turina, faleceu enquanto dormia, vítima de uma disritmia cardíaca. Em decorrência disso, como homenagem póstuma ao goleiro, a camisa 27, envergada por ele entre 2010 e 2013, deixou de ser usada pela equipe.

Brasileiros de destaque nunca atuaram pelos rivais. O AIK contou, em toda a sua história, com seis brasileiros, destaque para o atacante Antônio Flávio, que foi destaque do Santo André no Campeonato Brasileiro de 2009. Já o Djugardens contou com jogadores um pouco mais conhecidos do público tupiniquim. Foram cinco brasileiros, destaques para o lateral Bruno Carvalho, que chegou a jogar pela Seleção Brasileira em 1996, e para a dupla formada no Atlético Mineiro Enrico e Quirino (foto), que representou o Brasil nas categorias de base. Atualmente o clube conta com o meio-campo Pablo, de 19 anos, vindo por empréstimo do Fluminense.

Na última temporada o Malmo foi o campeão. O AIK ficou com o vice-campeonato e o Djurgardens terminou na fraca sétima colocação. É necessário lembrar que o campeonato conta com apenas 16 equipes.

Abaixo as atuais escalações das equipes:



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