Times de que Gostamos: Valencia 2001-2002

Depois de rememorar os feitos do grande time do Ajax da temporada 1994-1995, relembro uma equipe que teve alguns períodos brilhantes no passado recente, o Valencia. Por gosto, escolhi o esquadrão da temporada 2001-2002, mas poderia ser o 1999-2000, 2000-2001, ou o 2003-2004!

Em pé: Cañizares, Pellegrino, Marchena, Carew, Albelda e Sánchez.
Agachados: Rufete, Angulo, Curro Torres, Aimar e Caboni.

Time: Valencia

Período: 2001-2002

Time Base: Cañizares; Curro Torres, Roberto Ayala, Pellegrino, Carboni (Fábio Aurélio); Albelda, Baraja, Rufete, Kily González (Vicente), Aimar (Angulo); Mista (Salva/Carew). Téc. Rafa Benítez

Conquista: Campeonato Espanhol

Após o duplo vice-campeonato da UEFA Champions League em 1999-2000 e 2000-2001 (nos pênaltis), a equipe valenciana precisava provar que os feitos das temporadas anteriores não haviam sido mero acidente. Com a mesma base, e a chegada do maestro Pablo Aimar, Los Murcielágos aprontaram na Liga Espanhola 2001-2002. Com uma defesa forte e um meio-campo talentosíssimo, o clube conquistou a Espanha com sete pontos de vantagem para o Deportivo, então campeão.
Já na meta, havia uma lenda do clube, Santiago Cañizares (foto). Goleiro formado na base do Real Madrid – e, como grande parte dos revelados do clube merengue, com dificuldade de se afirmar – chegou em 1998 ao Valencia, onde permaneceu por 10 anos. Pelo clube, foram mais de 300 jogos; pela seleção espanhola, 46. Na temporada tratada, o arqueiro jogou 32 partidas, 11 delas sem sofrer gols. Apesar de baixo, 1,81m, Cañizares era um goleiro muito ágil e de bom posicionamento.

A equipe tinha uma dupla de zaga hermana. Roberto Ayala (foto) e Maurício Pellegrino compunham-na. Estes se completavam de forma absolutamente coesa. Se Pellegrino era lento, Ayala era muito veloz, se Ayala era baixo (1,77m), Pellegrino era bem alto (1,93m). Mas, em uma coisa, se assemelhavam: os dois eram grandes líderes. Além disso, ambos marcaram época no clube. Pellegrino jogou de 1999 a 2005 e Ayala de 2000-2008.

Pelas laterais, os titulares foram outros dois jogadores que atuaram por longos anos no Mestalla. Pela direita, Curro Torres e pela esquerda, o italiano Amedeo Carboni (foto). Se Curro Torres não possuía nenhuma habilidade privilegiada, também não possuía grandes deficiências. Sucessor de Angloma, lateral francês que também jogou muito tempo no clube, Torres era um jogador eficiente. Jogou no clube entre 2000-2009, mas nem sempre teve a titularidade. Carboni, por sua vez, chegou ao Valencia já com muita bagagem, aos 32 anos. E por lá permaneceu até os 41. Muito seguro, era importantíssimo no balanço defensivo da equipe. Como opção ofensiva a Carboni, a equipe dispunha do talento de Fábio Aurélio.

Chegamos ao meio-campo, o grande setor valenciano. Responsáveis pelas tarefas defensivas, David Albelda (foto) e Rubén Baraja, formaram uma dupla de volantes excelente. Albelda era mais forte, e Baraja mais habilidoso. Além disso, ambos tinham como forte qualidade o poder de serem elementos surpresa. Não à toa, Baraja foi o artilheiro da equipe no Espanhol, com sete gols. Albelda dedicou toda a sua carreira ao clube (exceção feita a dois empréstimos no início de carreira), a qual se findou na última temporada. Já Baraja, foi formado no Valladolid e teve sua carreira abreviada em decorrência de sucessivas lesões.
Mais à frente o clube possuía três meias, por vezes atacantes, de muito talento mas com características distintas. Pelo lado direito, havia Francisco Rufete, jogador habilidoso, com faro de gol apurado, velocidade e bom cruzamento. Já pela esquerda, jogava Kily González (foto abaixo), argentino de extrema habilidade com a perna canhota, a qual era absolutamente letal. Apesar de sua grande qualidade técnica, Kily não era um jogador rápido, sendo, ainda, muito propenso a criar confusões. Com a tarefa de reger a orquestra valenciana, o clube dispunha do talento de Pablo Aimar (foto à esquerda), também argentino, de precisos passes e grande visão de jogo, o qual é referência – ídolo de infância – de ninguém menos que Lionel Messi.

Além desse trio, outros jogadores que freqüentemente envergaram a camisa do Valencia foram o polivalente Miguel Ángel Angulo, habilidoso meia espanhol, capaz de fazer qualquer função no meio-campo com qualidade, e, o então jovem, Vicente, atleta de excelente técnica, vindo do rival Levante, mas que também teve a carreira extremamente prejudicada pelas lesões.

Empurrando a bola para as redes revezavam-se três jogadores, nenhum deles primoroso, mas todos eficientes e de características distintas: Mista, John Carew e Salva. Mista foi quem, dos três, mais jogou na temporada. Tinha boa velocidade e técnica. Já o norueguês Carew tinha como ponto forte o jogo aéreo. Com 1,93m, e muita força física, atrapalhava bastante a vida dos zagueiros adversários. Por último, o Valencia dispunha da luta de Salva, atacante de estilo brigador, que fez muitos gols por onde passou.

No banco de Los Murcielágos estava o treinador Rafa Benítez. Apesar de ser sempre alvo de contestações, é inegável sua responsabilidade nos triunfos do clube nesse período. Muito disso devido à solidez defensiva que o treinador impôs ao clube. No espanhol a equipe foi, de longe, a melhor defesa com 27 gols sofridos. Para se ter comparação, o segundo clube que menos gols sofreu foi o Barcelona, com 37.

Ficha técnica de alguns jogos importantes do clube do Campeonato Espanhol:

1ª rodada do Campeonato Espanhol: Valencia 1 x 0 Real Madrid

Estádio Mestalla, Valência

Árbitro: Antonio López Nieto

Gol: Ângulo ‘8 (Valencia)

Valencia: Cañizares; Curro Torres, Ayala, Dukic, Carboni; Albelda, Gonzalo de Los Santos, Angulo (Rufete), Vicente, Aimar (Ilie); Carew (Salva). Téc. Rafa Benítez.

Real Madrid: Casillas; Salgado (Geremi), Hierro, Karanka, Roberto Carlos; Makelele, Flávio Conceição (Sávio), Zidane, Figo; Raúl, Morientes (Guti). Téc. Vicente Del Bosque

35ª rodada do Campeonato Espanhol: Valencia 1 x 0 Deportivo La Coruña

Estádio Mestalla, Valência

Árbitro: Manuel Mejuto González

Gol: Aldo Duscher (contra) ’70 (Valencia)

Valencia: Cañizares, Curro Torres, Ayala, Dukic, Carboni; Albelda, Baraja, Rufete, Kily González (Vicente), Aimar (Juan Sánchez); Angulo (Mista). Téc. Rafa Benítez.

Deportivo: Molina; Scaloni, Naybet, Romero, Capdevila; Aldo Duscher (Emerson), Sergio, Fran (Amavisca), Victor (Pandiani), Valerón; Makaay. Téc. Irureta 

37ª rodada do Campeonato Espanhol: Málaga 0 x 2 Valencia (Jogo do título)

Estádio La Rosaleda, Málaga

Árbitro: Alfonso Pérez Burrull

Gols: Ayala ’34 e Fábio Aurélio ’44 (Valencia)

Valencia: Cañizares; Curro Torres, Pellegrino (Dukic), Ayala, Fábio Aurélio; Albelda, Baraja, Rufete, Aimar (Carew), Vicente; Angulo (Mista). Téc. Rafa Benítez 

Málaga: Contreras; Josemi (Ivan Leko), Litos, Fernando Sanz, Valcarce; Marcelo Romero (Rojas), Miguel Ángel, Kiki Musampa, Ariel Zárate (Manu Sánchez); Julio Dely Valdés, Darío Silva. Téc. Peirò

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