Olympique de Marseille x PSG: Le Classique
Em mais um clássico do mundo, apresento o principal dérbi do futebol francês, disputado entre Paris Saint-Germain e Olympique de Marseille.
Um clássico recheado de peculiaridades, Le Classique não tem sua importância ligada a um longo passado histórico — não poderia.
O Olympique, da cidade de Marselha, ao sul da França e a segunda maior cidade do país, iniciou suas atividades em 1892, como uma equipe poliesportiva. Foi em 1899, ano oficial de sua fundação, que passou a se chamar Olympique de Marseille. A referência aos Jogos Olímpicos homenageou os gregos de Foceia, fundadores da cidade de Marselha.
Do outro lado da rivalidade, o Paris Saint-Germain foi fundado apenas em 1970, resultado de uma fusão entre Paris FC e Stade Saint-Germain. Em grande medida, o movimento buscou suprir a necessidade parisiense de ter uma equipe que competisse com os times de outras capitais europeias. Curiosamente, o sucesso inicial experimentado pela equipe causou sua ruptura: o Paris FC voltou a existir.
A rivalidade entre os sulistas de Marselha e os nortistas de Paris começou a se desenhar na década de 1980 e, principalmente, no início dos anos 1990. Um encontro marcante aconteceria em 89, quando, faltando três rodadas para o fim da Ligue 1, os rivais disputaram uma partida que tinha contornos de decisão. Em Marselha, o clube da casa venceu: 1 a 0. Na sequência, confirmou o título.
O fato é que a rápida ascensão do clube parisiense incomodou. E nenhuma outra esquadra sentiu tanto os efeitos quanto o Olympique. Agora sim entrava no campo de futebol uma rivalidade antiga, entre as cidades de Paris e Marselha.
Tal como outros povos franceses, não-parisienses, o marselhês médio tem uma natural tendência a não gostar da cidade de Paris. Por quê? A resposta tende a ser simples. Por toda a influência que a capital exerce no país, em termos políticos, culturais e econômicos. Levando em consideração que a cidade de Marselha é a segunda maior do país e a mais relevante do sul da França, essa animosidade se fez maior ainda. Tal se refletiu no futebol.
Lutando contra mais uma forma de domínio, o Olympique de Marselha, historicamente considerado a equipe de maior sucesso do futebol francês e a de maior torcida, não teve como evitar rivalizar com os novos adversários. Destaca-se que, conforme pesquisa do Instituto Ipsos Public Affairs, os OM goza da preferência de 16% do povo francês. Já o PSG possui 5%.
Outro fator que trouxe intensidade à disputa foi a luta entre Bernard Tapie e o Canal +.
Em 1986, o Olympique de Marselha passou a ser presidido por Tapie, empresário conhecido por recuperar empresas falidas. Com sua chegada, o clube investiu pesado e passou por anos brilhantes. Nesse período, contratou jogadores como Jean-Pierre Papin, Enzo Francescoli, Abedi Pelé, Didier Deschamps e Eric Cantona. Todavia, também passou pelo vexame de perder um título num escândalo de corrupção.
Tal como o Olympique, no período o PSG presenciou forte injeção de capital em sua equipe. Propriedade do Canal +, acompanhou o desembarque de jogadores da classe de Raí, George Weah, David Ginola e Valdo.
Após alguns anos de hegemonia do Olympique de Marselha, entre meados dos anos 80 e da década seguinte, momento em que conquistou cinco títulos franceses consecutivos (levando em consideração que o quinto lhe foi tomado devido ao referido escândalo) e uma Liga dos Campeões, o PSG voltou a conquistar um título, em 1994. E se superiorizou ao rival durante alguns anos. Mesmo sem muitas conquistas, o PSG passou a ser muito superior ao rival, também devido ao rebaixamento do OM — outra consequência do aludido escândalo.
Já na metade da primeira década do século XXI, o Marselha tentou retomar o controle das ações no clássico e conquistou um campeonato francês em 2009-10.
Não obstante, com a venda do PSG para a empresa Qatar Investment Authority, o clube da capital voltou a ser superior. E muito. Rico, foi às compras e gastou muito. Logo, chegaram estrelas como Thiago Silva, Zlatan Ibrahimovic, Ezequiel Lavezzi e Edinson Cavani. Após dois vice-campeonatos, os parisienses conquistaram seu terceiro título nacional. Além disso, nos últimos cinco confrontos entre os rivais ocorreram quatro vitórias do PSG e um empate.
Fora das quatro linhas, o clássico também se mostra cáustico. Não raro, verificam-se altercações.
Em 1995, em partida válida pela semifinal da Copa da França, 146 pessoas foram presas e nove policiais hospitalizados; sete anos depois, 61 pessoas foram presas. Já em 2010, um torcedor agredido no clássico morreu após passar alguns dias hospitalizado em coma. A despeito de ser um clássico recente, na escala futebolística, Le Classique tem se mostrado sanguíneo.
Até a data da publicação, os rivais se enfrentaram em 82 ocasiões. Há equilíbrio. São 32 vitórias do Olympique e 30 do Paris Saint-Germain. Houve, ainda, 20 empates. Marselheses marcaram 105 gols; parisienses, 102. A maior vitória do confronto foi conquistada pelo PSG em 1978, 5 a 1.
No que tange aos títulos, o Olympique de Marselha apresenta superioridade, acumulada nos mais de 70 anos de vida a mais que o PSG. O OM conquistou nove títulos nacionais, 10 copas da França, três copas da liga e uma Liga dos Campeões. Por sua vez, o PSG venceu três títulos nacionais, oito copas da França, três copas da liga e uma vez as extintas Recopa Europeia e Copa Intertoto.
Brasileiros também fazem parte da história do dérbi. Pelo lado do Olympique, atuaram com destaque Mozer, tricampeão francês, e Brandão, vencedor de uma Ligue 1 e bicampeão da Copa da Liga. Por sua vez, o PSG teve mais brasileiros destacáveis, dentre os quais Abel Braga, Valdo, Raí, Leonardo, Ricardo Gomes, Ronaldinho, Ceará e Nenê.
Atualmente, o OM possui em seu elenco o defensor Lucas Mendes, ex-Coritiba, e o PSG conta com Thiago Silva, Alex, Marquinhos, Maxwell, Thiago Motta e Lucas Moura.
Finalmente, destaca-se que o maior artilheiro do clássico é o português Pauleta. Ele marcou seis tentos defendendo as cores do PSG. O recordista de participações é Sylvain Armand, ex-lateral esquerdo do PSG. Ao todo, 47 jogadores atuaram por ambos os rivais. Dentre eles, Claude Makélélé, Gabriel Heinze e Peguy Luyindula.
Embora jovem, a cada encontro, Le Classique mostra que muita coisa está em jogo.
Abaixo as escalações atuais das equipes:
Bacana a postagem, recomendarei no Twitter, abraço!
ResponderExcluir