Dínamo de Zagreb x Hajduk Split: o derby eterno
Dou prosseguimento
aos estudos dos Clássicos do Mundo, e
hoje apresento ao leitor tudo sobre o maior clássico da Croácia. Dínamo de
Zagreb x Hajduk Split, o derby eterno.
As origens deste
clássico são distantes. Datam da década de 1920 quando o Hajduk Split, equipe fundada em 1911 (a mais antiga da Croácia) na cidade de Split - situada no sul e banhada pelo Mar Adriático - começou a disputar o clássico contra o Gradanski, de
Zagreb. Mas a rivalidade não é entre Dínamo e Hajduk? Sim. A questão é a
seguinte: antes da Segunda Guerra Mundial o futebol croata (que disputava o
campeonato iugoslavo) era dominado por duas equipes o Gradanski e o Hajduk. Com
o fim da Guerra, ocorreu uma fusão, e Gradanski, Hask e Concórdia se tornaram
Dínamo. E o clube herdou o escudo e as cores do Gradanski. Isso aconteceu em
1945.
Evolução dos emblemas do Dinamo de Zagreb |
Marechal Tito |
Os dois maiores
clubes da Croácia, junto com Partizan Belgrado e Estrela Vermelha formavam o top four da Iugoslávia. Hajduk e Dínamo
se tornaram respectivamente terceira e quarta força do futebol eslavo. O clube
de Split conquistou nove vezes o campeonato iugoslavo contra quatro do Dínamo –
embora somados os títulos dos clubes que ajudaram na sua formação o Dínamo
tenha um total de 11 títulos –.
Franjo Tudman |
Durante todo o
período em que a Croácia pertenceu à Iugoslávia o Hajduk Split foi superior ao
Dínamo Zagreb. A equipe contava com o apoio de Marechal Tito, mandatário
Iugoslavo entre 1953 e 1980. Nascido na Croácia, filho de um croata e uma
eslovena, Tito ajudou na expansão do clube, que apesar de ser a segunda maior torcida
da Croácia, angariou muitos torcedores ao longo da península balcânica. Apesar
disso, com as dificuldades financeiras pelas quais o país passou após sua
Independência em 1991, o Hajduk entrou em crise e viu seu rival ter uma
evolução exponencial. Financiado por bons patrocinadores e apadrinhado pelo
Presidente da Croácia – Franjo Tudman – o Dínamo passou a ser o ator central na
Croácia.
Grande parte do
ódio nutrido entre os rivais vem dessas relações extrafutebolísticas, com apoios
políticos às equipes em diferentes períodos. Mas o fator central são as
torcidas organizadas. Torcida, o
grupo de ultras do Hajduk e Bad Blue Boys do Dínamo. Torcidas
absurdamente inflamadas e um tanto quanto violentas. Prova disso foi a morte de
um torcedor num clássico em 2003, que acabou com 39 detidos. Curiosamente a torcida organizada do Hajduk
tem o nome Torcida como em português,
pois um croata na década de 50 ao viajar para o Brasil conheceu nossas torcidas
e decidiu criar a do seu time. Outro fator, mas de menor importância é uma
disputa entre Norte – privilegiado politicamente, economicamente e
consequentemente futebolisticamente – e Sul – pobre, politicamente rejeitado e
culturalmente negligenciado – da Croácia. Um jornalista croata chegou a chamar
o clássico de o “jogo do imperialismo cultural”. Split é a segunda cidade mais
populosa da Croácia e apenas a 15ª em PIB per
capita. Zagreb lidera ambos os dados.
A torcida |
Como já havia
citado no texto Estrela
Vermelha x Partizan: o derby eterno. A única situação em que torcedores
dos rivais croatas abrandam sua relação é quando estão frente a frente com
equipes Sérvias. Nem mesmo quando a Seleção Croata entra em campo a relação se
abranda tanto quanto quando a disputa é contra rivais sérvios. Evidentemente
isso se deve aos tempos de Iugoslávia e com a Guerra de Independência da
Croácia (1991-1995).
Ingresso da semi-final da Copa da UEFA de 1984 |
Voltando aos terrenos do futebol croata, é dito no país que as cores da Croácia são Azul e Branco. Não
por acaso os rivais tem essas cores, o Dínamo Zagreb é conhecido como os Azuis
(Modri) e o Hajduk Split com os
Brancos (Bili). Nos Campeonatos da
Croácia quem tem a vantagem é o Dínamo, são 15 títulos contra seis do Hajduk. 21
títulos para a dupla em 22 anos de disputa. Na Copa da Croácia o Dínamo tem 12
títulos contra seis do Hajduk. Este só leva vantagem na Supercopa. São seis
títulos contra cinco do Dínamo. No terreno internacional apesar de o Hajduk Split ter chegado três vezes as quartas de finais da Uefa
Champions League, a última na temporada 94/95 e já ter sido semifinalista da Liga
Europa (então chamada Copa da UEFA) em 1984, o Dínamo também leva a vantagem aqui, tendo vencido a Inter-Cities Fairs Cup (Precursora da Liga Europa) em 1967 contra o Leeds United.
Zambata |
O confronto
entre os rivais já aconteceu 189 vezes, são 78 vitórias do Dínamo de Zagreb,
contra 64 do Hajduk, tendo ocorrido ainda 47 empates. Isso no total, considerando tanto o período Iugoslavo quanto o Croata. O maior artilheiro do
confronto é Slaven Zambata que atuou no Dínamo nas décadas de 50, 60 e 70 com 12
gols. Na artilharia do confronto se destaca ainda o brasileiro naturalizado
croata Eduardo da Silva, que, também pelo Dínamo, marcou oito gols no clássico. A
maior goleada aconteceu em 1957 quando em Zagreb o Hajduk aplicou 6x0 no
Dínamo.
23 jogadores já
atuaram pelos dois clubes, que tradicionalmente tem os elencos formados majoritariamente por croatas. O nome mais conhecido do público brasileiro é o do
meio-campo Niko Kranjcar que atuou um bom tempo no Tottenham e está no Dínamo
de Kiev.
Uma outra curiosidade sobre o clube de Zagreb são os muitos nomes que teve. Já afirmado como Dínamo, em 1992 passou a se chamar, HASK Gradanski e em 1993 Croacia Zagreb. Mas a reação da torcida foi extremamente negativa a todas essas mudanças, e em 2000 o time voltou a se chamar Dinamo Zagreb.
Luka Modric |
Atualmente as equipes
têm as seguintes formações:
Vale a pena ainda assistir ao documentário (em inglês) da ESPN, Football Rivalries:
Clique na imagem |
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