Duplas históricas: Marques e Guilherme
Após contar um pouco da bonita
história que Andrea Pirlo e Gennaro Gattuso construíram juntos, vestindo as camisas de Milan e da Seleção Italiana, falo um pouco de uma dupla de ataque
que marcou seu nome na história do Clube Atlético Mineiro: Marques e Guilherme.
Quando uma dupla de ataque
consegue a proeza de ingressar no seleto grupo dos 10 maiores artilheiros da
história de um clube, as dúvidas quanto à qualidade de seu desempenho se
enfraquecem instantaneamente. Foi isso que Marques e Guilherme alcançaram com a
camisa do Atlético Mineiro.
Dos pés do camisa 9, Marques,
saíram incontáveis passes açucarados destinados a Guilherme, o camisa 7. Antes
que se pergunte, sim, o garçom da dupla vestia a nove, tão marcada pelos êxitos
de grandes centroavantes, e o matador envergava a camisa sete; nada que não
tenha uma explicação.
Como ficou registrado em maio de
2001, em reportagem veiculada pela Revista
Placar, em sua chegada ao clube alvinegro, Marques vestia a sete e Valdir
Bigode, seu primeiro grande parceiro nas Minas Gerais, a nove. Após três derrotas
consecutivas, todavia, por sugestão do segundo, os jogadores trocaram a
numeração e no quarto encontro o Galo venceu clássico contra o Cruzeiro. A
troca pegou e se manteve após a chegada de Guilherme.
O curioso, no entanto, é que o
jogo da dupla não possuía nada de muito complexo. Como tinha facilidade para
jogar com os dois pés, atuando pelo lado esquerdo, Marques era capaz de dribles e fintas de corpo para os
dois lados, o que costumava lhe dar grande vantagem sobre seus marcadores,
concedia-lhe espaços e permitia que enviasse com precisão a bola a Guilherme. Este, por sua vez, viveu dias de tão grande
iluminação no Galo que marcava gols de todas as formas, desde uma belíssima
trivela como a anotada contra o Cobreloa na Copa Libertadores de 2000 até gols
de peito e barriga.
No campo, a conexão entre os dois foi instantânea. Quando Guilherme chegou, em 1999, vindo do Vasco, Marques já estava no clube e havia feito dupla importante com Valdir. Não obstante, já na primeira partida em que atuou como titular, o novo matador marcou. É importantíssimo ressaltar o tamanho do impacto da dupla naquele ano.
No campo, a conexão entre os dois foi instantânea. Quando Guilherme chegou, em 1999, vindo do Vasco, Marques já estava no clube e havia feito dupla importante com Valdir. Não obstante, já na primeira partida em que atuou como titular, o novo matador marcou. É importantíssimo ressaltar o tamanho do impacto da dupla naquele ano.
O Atlético estava longe de ser
favorito ao título do Campeonato Brasileiro. Apesar disso, conseguiu montar uma
sólida base, com jogadores como o goleiro Velloso, os zagueiros Cláudio Caçapa
e Carlos Galván, e os meio-campistas Alexandre Gallo, Valdir Benedito, Belletti
e Robert e foi avançando.
Penúltimo clube a se classificar
para os playoffs daquele ano (o
torneio ainda não era disputado por pontos corridos), teve pela frente a força
do rival Cruzeiro, que havia lutado pela liderança da competição durante todo o
curso do certame. Em uma sequência de partidas memoráveis, bateu o rival duas
vezes (4x2 e 3x2). No primeiro jogo, Marques e Guilherme marcaram duas vezes cada; no segundo, o camisa 9 voltou a ser assistente e viu seu parceiro anotar
mais dois tentos.
A seguir, o Atlético sofreu um pouco, mas
conseguiu eliminar um surpreendente Vitória. Foram necessárias três partidas
para tanto. Primeiro, o Galo bateu o Leão por 3x0, no Mineirão, com dois tentos
de Guilherme. No segundo jogo, disputado no Barradão veio derrota por 2x1, com
o artilheiro alvinegro marcando o solitário tento mineiro. Por fim, novamente
na Bahia, o Atlético foi superior e venceu por 3x0; dois gols de
Guilherme e um de Marques.
Contra o poderoso
Corinthians, na final, Marques se machucou ainda no primeiro jogo e viu de
longe o Galo vencer o primeiro encontro por 3x2 (hat-trick de Guilherme), perder o segundo por 2x0 e empatar sem
gols o terceiro, terminando com o vice-campeonato nacional. Tudo isso com
apenas seis meses de dupla. Naquele Brasileirão, ajudado por Marques, Guilherme
conseguiu a impressionante marca de 28 gols em 27 partidas. Se dentro do campo era fácil perceber o enorme entrosamento da dupla, fora dele esse também existia e transparecia em declarações:
“É uma injustiça o Marques ficar fora de qualquer convocação. Com todo o respeito que eu tenho pelos outros jogadores, eu só me tornei artilheiro do Brasileiro com o apoio do Marques. Ele tem o cheiro do gol e encontra espaços impossíveis. É um maître de primeira”, disse Guilherme em uma preleção veiculada na aludida edição de Placar.
Embora tenham sempre mostrado
qualidades e marcado gols por onde passaram antes de desembarcarem em Minas
Gerais, Marques e Guilherme nunca haviam obtido protagonismo. O primeiro,
revelado no Corinthians após obter grande destaque na Copa São Paulo de
Juniores de 1993, era visto com um atacante habilidoso, mas pouco produtivo e decisivo; e
o segundo como um centroavante inconstante. No Galo, ambos mudaram esses
rótulos e, juntos, chegaram inclusive a disputar partidas pela Seleção
Brasileira no período entre as Copas do Mundo de 1998 e 2002.
Após a perda do título para o Timão, a dupla ainda conquistou o
Campeonato Mineiro de 2000, foi eliminada pelo Corinthians da Libertadores do
mesmo ano e fez boa campanha no Brasileirão de 2001, sendo eliminado pelo São
Caetano na semifinal, em jogo controverso, marcado pela força de uma chuva que
deixou o gramado do Estádio Anacleto Campanella em más condições.
A despeito de tudo isso, a
relação de Marques e Guilherme com a torcida atleticana sempre foi diferente.
Enquanto o primeiro tinha uma situação de idolatria mais consolidada (ainda que
tenha sido acusado por muitos de “amarelar” nas finais do Brasileirão de 1999),
o segundo vivia uma “amor bandido” com o torcedor, uma relação intensa que
começou a terminar em 2002, com seu empréstimo ao Corinthians.
Desde esse marco, o jogador não
voltou a ser o mesmo e, ainda que tenha retornado em 2003, sem Marques não foi
tão bem. Sua imagem com a torcida terminou de ser arranhada em 2004, quando
assinou com o Cruzeiro, em passagem apagada pela Raposa. Marques, por outro
lado, fez do Galo sua casa. Mesmo tendo saído em 2003, foi recebido de braços
abertos em 2005 e 2008. No primeiro retorno, fez excelente campeonato individualmente, mas chegou tarde demais e não conseguiu evitar o rebaixamento
do clube; no segundo, sofreu com muitas lesões. Após pendurar as chuteiras,
radicou-se em Belo Horizonte e foi, inclusive, deputado estadual.
Fora do Atlético, as carreiras de Marques e Guilherme não foram ruins, porém no Galo foram brilhantes, sobretudo quando estiveram juntos. Enquanto o Xodó da Massa, ou, ainda, o Calango, como ficou conhecido o camisa 9 marcou 133 gols com a camisa alvinegra, sendo o nono maior artilheiro do clube em todos os tempos, Guilherme anotou 139 tentos, que o colocam na sétima posição do citado ranking.
Marques – Marques Batista de Abreu – 12 de março de 1973
Carreira: Corinthians (1992/1995), Flamengo (1996), São Paulo
(1997), Atlético Mineiro (1997/2002; 2005/2006; 2008/2010), Vasco da Gama
(2003), Nagoya Grampus (2003/2005), Yokohama Marinos (2006/2007)
Títulos: Campeonato Paulista (1995), Copa do Brasil (1995),
Campeonato Carioca (1996, 2003), Copa Ouro (1996), Copa Centenário (1997), Copa
Conmebol (1997), Campeonato Mineiro (1999, 2000 e 2010)
Guilherme – Guilherme de Cássio Alves – 08 de maio de 1974
Carreira: Marília (1992), São Paulo (1993/1994), Rayo Vallecano
(1994/1997), Grêmio (1997/1998), Vasco da Gama (1998/1999), Atlético Mineiro
(1999/2002; 2003), Corinthians (2002), Al-Ittihad (2003), Cruzeiro (2004),
Botafogo (2005)
Títulos: Copa Libertadores da América (1993), Supercopa (1993),
Intercontinental (1993), Recopa Sul-Americana (1994), Copa Conmebol (1994),
Torneio Rio-São Paulo (1999), Campeonato Mineiro (1999, 2000, 2004)
FODA, que dupla incrível. Tive o prazer de ver de perto esses dois logo na minha primeira visita ao mineirão, primeiro jogo da final de 99.
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