Times de que Gostamos: Stuttgart 2006-2007
Depois de lembrar o fantástico time do Ajax do início dos anos 70, que conquistou o tricampeonato europeu,
falo do último grande time do Stuttgart, o qual, na temporada 2006-2007, conquistou o Campeonato Alemão.
Em pé: Delpierre, Khedira, Hitzlsperger, Fernando Meira, Magnin, Pardo; Agachados: Osorio, Antônio da Silva, Hildebrand, Cacau, Hilbert. |
Time: Stuttgart
Período: 2006-2007
Time base: Hildebrand;
Osorio, Fernando Meira (Tasci), Delpierre, Magnin (Boka); Pardo,
Khedira (Hilbert), Hitzlsperger, Antônio da Silva; Cacau e Mario Gómez. Téc.:
Armin Veh
A primeira década do século XXI
no Campeonato Alemão contou com a hegemonia do Bayern de Munique. Não obstante,
o clube bávaro não conseguiu uma sequência consecutiva de mais de dois títulos,
vendo-se sempre ameaçado por alguma equipe. Foi assim que, após os títulos de
Borussia Dortmund (2001/02) e Werder Bremen (2003/04), e antes do título único
que detém o Wolfsburg (2008/09), o Stuttgart voltou a figurar no topo do
futebol germânico em 2006/07.
Um elenco com vontade de se afirmar
Por um lado, Die Roten possuíam jogadores no auge de suas carreiras e já com alguma
experiência, casos de Fernando Meira, Timo Hildebrand, Pavel Pardo ou Cacau;
Por outro, contavam com o desejo de afirmação de figuras muito jovens como
Mario Gómez, Sami Khedira e Serdar Tasci – todos representariam, pouco tempo
após, a Alemanha na Copa do Mundo de 2010.
Com equilíbrio, o Stuttgart se
confirmou campeão sendo o time que menos perdeu na competição, com seis
derrotas, o segundo melhor ataque e a terceira melhor defesa do certame – foram
59 gols marcados e 36 sofridos. A formação da equipe, que pode ser vislumbrada
como um esquema tático 4-3-1-2, entregava consistência no meio-campo e defesa e
privilegiava o desempenho de uma dupla de ataque que brilhou intensamente.
O treinador Armin Veh precisou definir qual
seria o diferencial de sua equipe e o buscou em seu ataque. Enquanto o jovem Gómez
revelava aos poucos sua veia goleadora, Cacau vivia o esplendor de sua
carreira. Totalmente adaptado ao futebol alemão, o brasileiro foi importante
referência e ganhou admiração no país, que mais tarde o veria vibrando com gols
por sua seleção. Juntos, Gómez e Cacau marcaram 27 gols na Bundesliga 2006/07,
respondendo por nada menos que 45% dos tentos da equipe.
Luta até o final
É bom que se diga, no entanto,
que o título só foi conquistado no apagar das luzes. Vivendo um jejum de
títulos alemães desde 1958, o Schalke 04 liderou o certame entre a 22ª rodada e
a 32ª e perdeu o título da forma mais dolorosa possível. Na penúltima rodada,
visitou seu arquirrival, o Borussia Dortmund, foi derrotado por 2x0 e abriu
caminho para o Stuttgart que, vencendo suas duas últimas partidas, conquistou a
salva de prata. Uma sequência de oito vitórias seguidas, que começou justamente
após uma derrota para o Schalke, levou Die
Schwaben à conquista.
A temporada poderia ter sido
ainda melhor. Após passar por Aachen, Babelsberg 03, Bochum, Hertha Berlin e
Wolfsburg, o Stuttgart chegou à final da Copa da Alemanha, em que enfrentou o
Nuremberg. Em jogo nervoso e disputado, abriu o placar com Cacau, sofreu o
empate, viu o brasileiro ser expulso e a virada vir. Conseguiu, ainda, o empate
e a partida foi para a prorrogação. Contudo, o campeão alemão não resistiu ao
final e sofreu o terceiro e decisivo tento.
Não se pode
deixar de falar do treinador Armin Veh. Contratado no início de 2006 para
substituir o italiano Giovanni Trapattoni, teve que lidar com a saída do promissor
lateral Andreas Hinkel, que partira para o Sevilla, e a aposentadoria do
capitão Zvonimir Soldo, jogadores de indiscutível importância, e foi ao mercado
buscar bons negócios. Conseguiu. Contratados para a campanha de 2006/07,
jogadores como os mexicanos Ricardo Osorio e Pavel Pardo, além do brasileiro Antônio
da Silva, foram fundamentais para a conquista do título alemão.
Na ponta final do time, o ataque, residia uma dupla letal. De um lado, encontrava-se o brasileiro Cacau, do outro o alemão Mario Gómez, então com apenas 21 anos. Com mais movimentação e liberdade para circular pela faixa ofensiva, o primeiro se confirmou o maior artilheiro da equipe na temporada, com 18 gols. Ídolo do Stuttgart, representou-o por 346 partidas e, após conseguir a cidadania alemã, vestiu a camisa da seleção do país. Não obstante, na Bundesliga quem mais marcou foi Gómez, com 14 tentos que lhe garantiram seus primeiros chamados à Nationalelf.
Das defesas de Hildebrand aos gols de Mario Gómez e Cacau
Recordista de minutos sem sofrer
gols na Bundesliga (com 885, na temporada 2003/04), o goleiro Timo Hildebrand era uma das principais
referências do Stuttgart. Formado no próprio clube, estreou com apenas 20 anos
e com 21 passou a ser efetivamente o titular. O arqueiro defendeu o clube em
284 ocasiões, tendo conseguido 101 clean
sheets, 13 deles na vitoriosa campanha de 2006/07, em que só esteve fora de uma
partida. Tranquilo e dono de bons reflexos, era também líder, uma figura que
transmitia confiança a seus companheiros. Com o fim da temporada, optou por
deixar o clube, após oito anos como profissional.
Defensor polivalente, o mexicano
Ricardo Osorio foi uma das apostas do treinador do clube para a temporada e
teve a delicada missão de substituir o então selecionável Hinkel. Foi bem. Após
ganhar destaque na Copa do Mundo de 2006, em que seu país fez a Argentina suar
para avançar às quartas de finais, o jogador ficou em evidência. Lateral
direito na maior parte do tempo, até mesmo em função da pouca estatura (1,73m),
deu ao setor a segurança que ele precisava, com muita capacidade de marcação.
Em alguns turnos, contudo, o
setor foi preenchido pelo jovem zagueiro Serdar Tasci, que, em sua primeira
temporada como profissional, já dava mostras de que seria um defensor seguro,
dotado de liderança e muita personalidade. Em outras ocasiões, quem alinhou por essa faixa do campo foi Roberto Hilbert, atleta que, em razão da veia ofensiva que
possuía, atuava normalmente no meio-campo, sempre pelo lado direito.
Como o equilíbrio defensivo era uma das prioridades do treinador Armin Veh,
essa se revelou uma escolha sábia. Como meia, Hilbert contribuiu com sete gols
na campanha do título alemão e esteve em campo em todas as partidas da equipe.
Defensor grandalhão, o zagueiro
Mathieu Delpierre foi sinônimo de segurança na vitoriosa campanha do Stuttgart.
Bom no jogo aéreo, perdeu apenas uma partida do clube na temporada, em razão de
doença, tendo recebido míseros quatro cartões amarelos em 33 partidas. Seu
parceiro foi o português Fernando Meira. Capitão da equipe, tinha a postura de
líder de que a mesma precisava. Eficiente nas bolas altas e também com a bola
nos pés (podia atuar como volante), vivia grande momento em sua carreira,
tendo sido titular de Portugal no Mundial de 2006. Apesar disso, sofreu com
lesões na campanha do título alemão do Stuttgart, o que ajudou Tasci a ter
ainda mais minutos em campo.
Pelo flanco esquerdo da defesa,
Veh possuía duas alternativas de estilos distintos e que se revezaram durante a
competição. Para o caso de desejar uma alternativa mais defensiva, o treinador
podia contar com os préstimos do suíço Ludovic Magnin. Experiente, já tendo sido
campeão alemão com o Werder Bremen, dava segurança ao setor, podendo até mesmo
ser improvisado como zagueiro. Por outro lado, se quisesse utilizar uma peça
mais afeita aos arroubos ofensivos, tinha no marfinense Arthur Boka a peça
perfeita. Baixinho, veloz e habilidoso, o ala tinha muita desenvoltura para ir
ao ataque. É outro que chamou a atenção após a Copa do Mundo de 2006.
No meio-campo, o clube contou com
a tranquilidade e solidez de mais um mexicano: o experiente Pavel Pardo,
contratado já aos 30 anos. Importante peça em sua seleção nacional, o volante só
ficou de fora de uma partida da Bundesliga, revelando-se fundamental para a
saída de bola da equipe e a construção de seu jogo, sobretudo em razão do bom
passe que possuía. El Jefe, como
ficou conhecido, chegou a marcar na
final da Copa da Alemanha, mas não conseguiu evitar a derrota de seu time.
Na composição de uma trinca de
meio-campo, havia ainda mais qualidade técnica. Selecionável alemão à época,
Thomas Hitzslperger foi peça fundamental para a equipe, em razão de sua
capacidade para determinar o ritmo do jogo da mesma, sempre controlando o timing
das ações. Foi também importante anotando sete tentos no Campeonato Alemão com
sua potente perna canhota.
A seu lado, além do citado
Hilbert, que dava mais movimentação ao time, o treinador Armin Veh teve o
prazer de ver florescer a estrela de um jogador excepcional. Combativo, destemido, cheio de vontade de vencer, técnico e participativo, o jovem Sami Khedira
mostrou ao mundo sua qualidade e também deixou sua marca na temporada, anotando
importantes gols; dois deles na vitória contra o Schalke 04, no primeiro turno
da Bundesliga.
Cerebral, o brasileiro Antônio da
Silva foi o principal criador do Stuttgart. Ótimo cobrador de faltas e
passador, ficava postado à frente do trio de meias e atrás da dupla de
atacantes, fazendo a ligação entre os setores. Não era dos jogadores mais
rápidos, mas compensava essa deficiência com muita visão de jogo e assistências.
Na ponta final do time, o ataque, residia uma dupla letal. De um lado, encontrava-se o brasileiro Cacau, do outro o alemão Mario Gómez, então com apenas 21 anos. Com mais movimentação e liberdade para circular pela faixa ofensiva, o primeiro se confirmou o maior artilheiro da equipe na temporada, com 18 gols. Ídolo do Stuttgart, representou-o por 346 partidas e, após conseguir a cidadania alemã, vestiu a camisa da seleção do país. Não obstante, na Bundesliga quem mais marcou foi Gómez, com 14 tentos que lhe garantiram seus primeiros chamados à Nationalelf.
Por fim, embora a equipe base do vitorioso
Stuttgart estivesse muito bem definida por Armin Veh, alguns outros jogadores
também tiveram papel importante durante a campanha, como foram os casos do
centroavante suíço Marco Streller, autor de cinco gols, e do meio-campista
Christian Gentner.
Ficha técnica de alguns jogos importantes no período:
9ª rodada do Campeonato Alemão 2006-2007: Stuttgart 3x0 Schalke 04
Mercedes-Benz Arena, Stuttgart
Árbitro: Wolfgang Stark
Público 53.000
Gols: ’32 e ’46 Khedira, ’75 Tasci (Stuttgart)
Stuttgart: Hildebrand; Osorio, Tasci, Delpierre, Boka (Magnin);
Pardo, Hilbert, Khedira (Hitzlsperger), Antônio da Silva; Cacau (Streller) e
Mario Gómez. Téc.: Armin Veh
Schalke 04: Rost;
Rafinha, Bordon, Rodríguez, Krstajic; Altintop (Baumjohann), Bajramovic, Varela,
Boesnich (Kuranyi); Altintop, Lövenkrands
21ª rodada do Campeonato Alemão 2006-2007: Stuttgart 4x1 Werder Bremen
Mercedes-Benz Arena, Stuttgart
Árbitro: Manuel Gräfe
Público 57.000
Gols: ‘3 Hilbert, ’15 Gómez, ’33 Magnin
e ’86 Streller (Stuttgart); ’21 Diego (Werder Bremen)
Stuttgart: Hildebrand; Tasci, Meira (Khedira),
Delpierre, Magnin; Pardo, Hilbert, Hitzlsperger, Antônio da Silva (Gentner);
Cacau (Streller) e Mario Gómez. Téc.: Armin Veh
Werder Bremen: Wiese; Fritz (Rosenberg), Naldo, Metersacker, Womé; Frings,
Borowski, Jensen (Vranjes), Diego; Hunt (Hugo Almeida) e Klose. Téc.: Thomas
Schaaf
30ª rodada do
Campeonato Alemão 2006-2007: Stuttgart 2x0 Bayern de Munique
Mercedes-Benz Arena, Stuttgart
Árbitro: Dr. Markus Merk
Público 57.000
Gols: ’24 e ’25 Cacau (Stuttgart)
Stuttgart: Hildebrand; Osorio, Meira, Delpierre,
Magnin; Pardo, Hitzlsperger, Khedira; Hilbert (Beck), Cacau (Streller), Lauth
(Antônio da Silva). Téc.: Armin Veh
Bayern: Kahn; Lell, Van Buyten, Lúcio,
Lahm; Hargreaves, van Bommel, Salihamidzic (Karimi); Podolski (Pizarro), Santa
Cruz (Görlitz), Makaay. Téc.: Ottmar Hitzfeld
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