Times de que Gostamos: Mallorca 2002-2003
Depois de trazer à memória o
equilibrado e vencedor time do Stuttgart da temporada 2006/07, falo do Mallorca de Samuel
Eto’o, que, na campanha de 2002/03, obteve sua consagração, após viver alguns
dos melhores anos de sua história.
Em pé: Nadal, Niño, Leo Franco, Lozano, Poli, Eto'o; Agachados: Riera, Álvaro Novo, Ibagaza, Cortés e Pandiani. |
Time: Mallorca
Período: 2002-2003
Time base: Leo Franco;
David Cortés, Fernando Niño, Miguel Nadal (Lussenhoff), Poli; Harold Lozano; Álvaro
Novo, Ariel Ibagaza, Albert Riera; Samuel Eto’o e Walter Pandiani. Téc.:
Gregorio Manzano
O resultado de anos de bons trabalhos
Tudo começou na temporada 1997/98.
Com o retorno à La Liga e a contratação do treinador argentino Héctor Cúper, a sorte
do Mallorca mudou; quando se esperava que o clube meramente lutasse contra o
descenso, esse se mostrou capaz de grandes feitos: foi o quinto colocado no
Campeonato Espanhol, à frente de boas equipes como Atlético de Madrid, Celta de
Vigo e Valencia e chegou à finalíssima da Copa Del Rey. O Barcelona precisou
das penalidades para se confirmar campeão da competição, após empate por 1x1 no
tempo normal. Na sequência, o Mallorca venceu o próprio escrete catalão na Supercopa da Espanha (foto). Estava claro que aquele time daria trabalho.
Exceção feita ao ano de 2001/02,
os anos que se seguiram colocaram o Mallorca como uma das boas equipes do
cenário espanhol. Em 1998/99, por exemplo, ocupou a terceira posição do
campeonato nacional, atrás apenas da supremacia da dupla composta por Barcelona
e Real Madrid. Nem a saída de Cúper para o Valencia foi capaz de frear o progresso do clube, que
em 2000/01 voltou a ficar em terceiro lugar em La Liga, à frente do Barça.
É interessante notar que desde o
início do período de liderança do comandante Hermano, muitos atletas argentinos desembargaram nas Ilhas
Baleares. Do Lanús, com o treinador, veio o goleiro selecionável Carlos Roa,
que mais tarde seria substituído por um compatriota: Leo Franco. Pelo clube
passaram, ainda, o talentoso baixinho Ariel Ibagaza, outro ex-jogador Granate, e o atacante Leonardo Biagini,
campeão espanhol com o Atlético de Madrid, dentre outros.
Some-se à chegada de atletas
argentinos a contratação de jovens valores de outras equipes espanholas (Samuel Eto’o e Álvaro Novo) e a revelação de outros talentos imberbes (Albert
Luque, que saiu para o Deportivo La Coruña em 2002, e Albert Riera). Por fim,
havia também a presença de jogadores experientes como Miguel Ángel Nadal,
ex-Barcelona, e, para a temporada vitoriosa de 2002/03, a referência de um goleador
implacável: Walter Pandiani, ex-Deportivo.
O ano da consagração
O time de 2002/03 herdou uma base
composta por ótimos jogadores e, sob o comando de Gregorio Manzano, mostrou um
jeito de jogar de bela irresponsabilidade. Contando com a velocidade de seus
meias, a criatividade de Ibagaza e a incrível proficiência da dupla formada por
Eto’o e Pandiani, viveu dias de vitórias e derrotas impensáveis.
Com a presença de apenas um
marcador de ofício no meio-campo, o Mallorca costumeiramente se expunha muito durante as
partidas, mas pressionava seus adversários com impressionante ímpeto. O título
da Copa Del Rey foi, evidentemente, o ponto mais alto da temporada 2002/03. No entanto,
há partidas mais importantes no curso da campanha do que propriamente a final,
contra o modesto Recreativo Huelva.
Na capital do país, o Mallorca safou-se com um empate por 1x1, já em seu território... O 4x0 que assegurou ao clube passagem para as semifinais da Copa não poderia ter sido imaginado nem pelo mais otimista dos torcedores da equipe, que viram Eto’o e Pandiani revelarem todo o seu poder de fogo no encontro.
Adiante, teve pela frente outra
equipe muito forte: o Deportivo La Coruña, que, em 1999/00, havia sido campeão
espanhol. Enfrentando jogadores da estirpe de Mauro Silva, Jorge Andrade, Diego
Tristán, Roy Makaay e de seu velho conhecido Luque, o clube balear se
superiorizou novamente. Venceu fora de casa por 3x2 e segurou um empate por
1x1, em casa.
No Campeonato Espanhol, todavia, fez uma
campanha irregular, terminando na nona colocação. No certame, foi capaz de
vencer o Barcelona por 2x1, no Camp Nou, e perder por 4x0, em casa; de golear o
Real Madrid por 5x1, no Santiago Bernabeu, e ser derrotado pelos mesmos 5x1 no
seu estádio, em verdadeira montanha-russa de emoções.
O importante, no entanto, foi o
título da Copa Del Rey, o mais relevante de toda a história centenária do
clube. Além dessa glória, a equipe somente venceu títulos da segunda e terceira
divisões do país e uma Supercopa da Espanha. Não há dúvidas: a temporada
2002/03 consagrou um período muito bom do clube, que será sempre
lembrado.
Após a conquista, entretanto, o
Mallorca viu seu elenco começar a deixar o clube. Para a temporada 2003/04
perdeu Ibagaza e Álvaro Novo (Atlético de Madrid), Lozano (Pachuca), Pandiani
(Deportivo) e Riera (Bordeaux); e em 2004/05 foi a vez de Eto’o (Barcelona) se
despedir.
O time que fez história
Contratado pelo Mallorca com apenas 21 anos, o argentino Leo Franco foi o goleiro titular do time na temporada 2002/03. Sua chegada ao clube, contudo, aconteceu na campanha de 1998/99, em que somente representou a equipe B. Arqueiro seguro, sem grandes virtudes e, ao mesmo tempo, defeitos, cresceu com o clube, vivendo de perto todo o progresso da equipe, sua evolução e ápice. Franco permaneceu defendendo as cores do Mallorca até o final da temporada 2003/04, quando partiu para o Atlético de Madrid, e computa um total de 161 jogos pelos baleares.
Lateral com boa projeção
ofensiva, David Cortés foi o responsável pela proteção do lado direito da
defesa do clube. Contratado no início da temporada 2002/03, era ainda muito
jovem e possuía invejável fôlego, o que o tornava figura importante na
construção de jogo de Los Bermellones.
Até sua saída, em 2006, foi sempre titular, alcançando a marca de 132 partidas.
Ex-companheiro de Cortés no
modesto Extremadura, o lateral-esquerdo Poli também foi contratado no início da
temporada 2002/03 e logo se tornou titular. Jogador de carreira menos notável,
viveu seu melhor momento justamente no Mallorca, tendo o representado em 104
jogos, até 2005. Quem também atuou muitas vezes pelo setor foi o veterano
Miquel Soler, ex-jogador de Barcelona, Atlético de Madrid e Real Madrid, com
passagem pela Seleção Espanhola. Não obstante, a despeito de sua superior
qualidade, aos 37 anos já não tinha fôlego para disputar todos os jogos e foi
na maior parte do tempo importante reserva.
Por sua vez, o miolo de zaga
contou com uma dupla experiente. De um lado, atuou o excelente beque e capitão da esquadra Miguel
Nadal, de extensa trajetória com as camisas de Mallorca, Barcelona e da Seleção
Espanhola; do outro o seguro Fernando Niño. Dupla que carregava entrosamento de
longa data, tendo a parceria começado em 1999, possuía muito entendimento e se destacava pela firmeza, seriedade e força no jogo aéreo. Em
especial, Nadal, conhecido como El Loco,
possuía qualidade para atuar em qualquer posição da defesa, mas, aos 36 anos, não conseguiu atuar em tantas partidas. Tal situação permitiu ao zagueiro
argentino Federico Lussenhoff muitos minutos em campo.
Como volante solitário, o
colombiano Harold Lozano foi um muro no meio-campo balear. Com 1,92m de muita
força física, era peça vital na garantia de segurança aos zagueiros
e organização do setor defensivo. A despeito disso, seu período no Mallorca foi
muito curto, tendo durado apenas uma temporada. Contratado junto ao Valladolid
(clube em que havia sido treinado por Gregorio Manzano), logo seguiu para o
Pachuca. Quem também atuava pelo setor,
entrando no decorrer de quase todas as partidas para reforçar a defesa, era o
experiente espanhol Marcos, formado no clube e de longa estadia no Sevilla.
Logo adiante, uma linha de três
meias exercia múltiplas funções. Abertos pelos flancos, Álvaro Novo (pela
direita) e Albert Riera (pela esquerda), tinham missão importante na criação de
jogadas para seus dois atacantes, mas também funções defensivas fundamentais,
uma vez que precisavam retornar à defesa quando a equipe era atacada para
auxiliar Lozano, os laterais e zagueiros a se proteger. Jovens à época, deram
conta do recado com perfeição. Seu papel era também importante para garantir
maior liberdade ao tridente ofensivo que tanto brilho revelou naquele ano.
Como seu principal criador,
Manzano contou com a genialidade de um baixinho argentino. Há jogadores que,
curiosamente, parecem ter nascido para defender algumas camisas. Essa situação
se confirmou na figura de Ariel Ibagaza, que brilhou intensamente pelos muitos
anos em que representou as cores do Mallorca. Habilidoso, veloz, dono de visão
de jogo privilegiada e ótimo cobrador de faltas, El Caño é um dos maiores ídolos da história do clube.
Na ponta final do time, uma dupla
de ataque extremamente goleadora era certeza de muita alegria para a torcida
dos Bermellones. Com impressionante
velocidade, imprevisibilidade e empilhando gols, o camaronês Samuel Eto’o se confirmava ali no
Mallorca o grande craque que se consagraria posteriormente com as camisas de
Barcelona e Inter de Milão.
Complementando-o, mais centralizado no comando do ataque, o uruguaio Walter Pandiani fez exatamente o que dele se esperava: marcou muitos tentos. Ameaça constante no jogo aéreo, El Rifle viveu em 2002/03 uma das melhores temporadas de sua carreira.
Enquanto o africano marcou 19 gols no vitorioso ano, o sul-americano foi às redes 18 vezes.
Complementando-o, mais centralizado no comando do ataque, o uruguaio Walter Pandiani fez exatamente o que dele se esperava: marcou muitos tentos. Ameaça constante no jogo aéreo, El Rifle viveu em 2002/03 uma das melhores temporadas de sua carreira.
Enquanto o africano marcou 19 gols no vitorioso ano, o sul-americano foi às redes 18 vezes.
Por fim, como alternativa
frequente para o ataque, o Mallorca contou com a velocidade do baixinho
Carlitos, jogador que entrava em praticamente todas as partidas do clube e que
marcou importantes seis gols na campanha em comento. Por mais que não tenha sido tão influente em 2002/03, é figura histórica do clube, tendo sido o autor do gol que confirmou o acesso do clube à primeira divisão em 1997, dando início a um dos melhores períodos da história do clube balear.
Ficha técnica de alguns jogos importantes nesse período:
Quartas de finais da Copa
Del Rey 2002-2003: Mallorca 4x0 Real Madrid
Estádio Son Moix, Mallorca
Público 20.000
Gols: ‘7 Niño, ’30 e ’35 Eto’o e ’48 Pandiani (Mallorca)
Mallorca: Leo Franco; Cortés, Niño, Lussenhoff, Soler; Harold
Lozano (Robles); Álvaro Novo, Ariel Ibagaza (Marcos), Albert Riera; Samuel Eto’o
(Carlitos) e Walter Pandiani. Téc.: Gregorio Manzano
Real Madrid: César
Sánchez; Miñambres, Helguera, Pavón, Raúl Bravo; Cambiasso (Morientes),
McManaman, Celades, Zidane (Solari); Raúl e Portillo. Téc.: Vicente Del Bosque
Semifinais da Copa Del Rey
2002-2003: Deportivo La Coruña 2x3 Mallorca
Estádio Riazor, La Coruña
Árbitro: Víctor Esquinas Torres
Gols: ’38 e ’80 Pandiani e ’81 Eto’o
(Mallorca); ’89 Tristán e ’90 Makaay (Deportivo)
Mallorca: Leo Franco; Cortés, Lussenhoff, Soler,
Poli; Harold Lozano (Robles); Álvaro Novo, Ariel Ibagaza, Albert Riera; Samuel
Eto’o (Carlitos) e Walter Pandiani (Marcos). Téc.: Gregorio Manzano
La Coruña: Juanmi;
Manuel Pablo, Jorge Andrade, Donato, Capdevilla; Mauro Silva, Duscher (Acuña), Sergio
(Scaloni), Amavisca (Makaay); Tristán e Luque. Téc.: Irureta
Final da Copa Del Rey
2002-2003: Mallorca 3x0 Recreativo Huelva
Estádio Marínez Valero, Elche
Árbitro: Eduardo Iturralde González
Público 38.800
Gols: ’20 Pandiani e ’73 e ’84 Eto’o (Mallorca)
Mallorca: Leo Franco; Cortés, Niño, Nadal, Poli; Harold Lozano;
Álvaro Novo, Ariel Ibagaza (Marcos), Albert Riera; Samuel Eto’o (Campano) e
Walter Pandiani (Carlitos). Téc.: Gregorio Manzano
Recreativo: Luque; Merino (Arpón), Pereira, Loren, Pernía; Camacho,
Javi García, Bermejo (Xisco), Viqueira, Benítez (Joãozinho); Molina. Téc.:
Lucas Alcaraz
Samuel eto'o totalmente desprezado pelo real madrid comecou sua forra contra eles nessa copa e depois com o gaucho no barcelona cansou de humilhar o real alem de virar um dos maiores atacantes da epoca.
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