Um Manchester United à espanhola
Está certo que o Manchester United de José Mourinho ainda está longe de mostrar a performance dele esperada, após os últimos e representativos investimentos. A despeito disso, tem sido visto bom desempenho da parte de alguns atletas dos Red Devils, dentre os quais uma dupla de espanhóis. Ajudando no controle de bola no meio-campo e na criação das jogadas, Ander Herrera e Juan Mata vêm atuando em ótimo nível, dando uma pegada hispânica ao jogo inglês.
É curioso pensar que o esquadrão mancuniano, que contratou jogadores como Paul Pogba e Zlatan Ibrahimovic, venha vendo boa parte de seus êxitos sair dos pés do duo mencionado. Herrera chegou ao clube em 2014, vindo de um Athletic Bilbao que pouco tempo antes silenciara Old Trafford. Seu custo foi alto (€36 milhões) e embora tenha mostrado talento em ocasiões esparsas, o basco nunca foi um verdadeiro destaque do time e não havia se firmado.
Conquanto tenha atuado em muitas partidas desde que desembarcou em Manchester – 31 em sua primeira temporada e 47 na segunda – quando isso é transformado em minutos em campo a realidade é diferente. Em 2014/15 foram 68 em média e, em 2015/16, 56. Seus números sempre foram bons (oito gols e cinco assistências na primeira campanha; e cinco tentos e nove assistências na segunda), mas o jogador nunca foi visto como titular.
Na temporada atual, no entanto, essa realidade tem sido diferente. Mourinho vê no jogador, de 27 anos, uma peça importante para o equilíbrio de seu time. Até agora, já disputou 15 partidas, marcou um gol e criou três assistências e sua média de minutos em campo subiu para 75 por encontro. Seus números também têm sido importantes argumentos capazes de justificar essa evolução.
Herrera mostra muita facilidade para controlar o jogo. Em partidas de Premier League, acumula 88% de média de acerto de passes e é o segundo que mais os tentou – atrás apenas de Paul Pogba. Mesmo não sendo o jogador do último passe (a famigerada assistência) já criou nove ocasiões de gol e mostra muita importância nas interceptações, sendo o jogador do Manchester United que mais vezes as conseguiu na competição, com 34.
Embora não seja um atleta de combate, é importantíssimo para a marcação, pois ajuda a manter a estabilidade do time e permite maior liberdade a figuras como a do citado Pogba. Prova de seu bom momento foram seus primeiros e recentes chamados à Seleção Espanhola, tendo estreado em amistoso contra a Inglaterra, ingressando na vaga de Thiago Alcântara.
Por sua vez, o caso de Juan Mata é ainda mais curioso. Desprezado pelo mesmo José Mourinho, quando trabalharam juntos no Chelsea, o espanhol viu seu nome preencher uma infinidade de páginas de tabloides ingleses quando foi confirmado que o português voltaria a ser seu treinador. Sua situação se tornou ainda mais insólita quando entrou no segundo tempo da última final da Community Shield e, mesmo assim, foi substituído antes do final da partida.
A despeito disso, rapidamente ganhou a confiança do Special One e não só passou a ser muito utilizado como também ganhou posição de destaque. Mesmo com grande concorrência, tem sido titular e referência. Seja pelo lado direito do meio-campo ofensivo ou pela faixa central, o fato é que Mata tem brilhado: voltou a dar mostras de genialidade, marcar gols e ofertar passes açucarados; voltou a ser o jogador que os Red Devils imaginaram quando o trouxeram do Chelsea.
O ponto que talvez demonstre com maior apelo a importância que o espanhol alcançou nos últimos meses foi o fato de ter sido o capitão na última partida, contra o West Ham, diante da ausência de Wayne Rooney.
O ponto que talvez demonstre com maior apelo a importância que o espanhol alcançou nos últimos meses foi o fato de ter sido o capitão na última partida, contra o West Ham, diante da ausência de Wayne Rooney.
Na temporada, já disputou 18 partidas, marcou cinco gols e criou duas assistências. Em partidas de Premier League tem assombrosos 91% de média de aproveitamento de passes e já criou 20 ocasiões de gol – no Manchester United, apenas Pogba o supera, com 23.
Se Herrera é importante para a recuperação e manutenção da bola e do controle das ações, Mata é vital para desconstruir as retaguardas adversárias e confundi-las, com trocas de posição com seus companheiros do setor ofensivo e passes criativos. Além disso, é o terceiro jogador do time que mais arrisca finalizações, com 21 no total, e um aproveitamento excelente de 78%. Há pouca margem para dúvida de que seu desempenho tem sido muito bom.
Possivelmente o jogo que melhor demonstra a importância de Herrera e Mata tenha sido o clássico contra o Arsenal. Esqueça o placar de 1x1 e o fato de que o gol marcado por Juan teve passe de Ander, não se trata disso. Enquanto Herrera foi fundamental para impedir o trabalho do meio-campo dos Gunners, Mata foi sempre uma ameaça, atrapalhando o setor defensivo da equipe londrina.
Outra prova de que o atleta tem estado em ótimo nível foi a preocupação demonstrada por Arsène Wenger, treinador do Arsenal, na partida citada. O francês escalou o meio-campista Aaron Ramsey aberto pelo lado esquerdo, em clara tentativa de garantir maior eficiência na marcação pelo setor onde Mata habita.
Embora ainda não tenha uma cara totalmente determinada, o Manchester United tem tido alguns destaques. Com um toque latino, Herrera e Mata vêm conquistando a confiança de Mourinho, pois fazem por merecer, com muita entrega e bom desempenho exercendo as funções que lhes são designadas. Hoje mais do que nunca, os Red Devils juegan, até porque têm outros falantes do castelhano como peças importantes.
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