Times de que Gostamos: Nacional 1971
Após um pequeno hiato, volta ao ar a série “Times de que Gostamos”. Depois de falar sobre o vitorioso time do AZ Alkmaar da temporada 2008-2009, lembramos o grande Nacional, de
Montevidéu, do ano de 1971.
Em pé: Manga, Masnik, Ubiña, Blanco, Ancheta, Castillo; Agachados: Cubilla, Espárrago, Maneiro, Artime e Morales. |
Time: Nacional-URU
Time base: Manga; Ancheta, Masnik; Ubiña, Montero Castillo, Blanco; Cubilla, Maneiro, Espárrago, Artime e Morales. Téc.: Washington Etchamendi
Período: 1971
Conquistas: Campeonato Uruguaio, Copa Libertadores da América e
Intercontinental
A Copa Libertadores da América foi criada em 1960 e logo conquistada pelo Peñarol. Esse marco, que somente na década de 60 se repetiu duas vezes, acirrou a alegada rivalidade mais antiga do futebol fora das Ilhas Britânicas. Enquanto os Carboneros conquistavam uma glória atrás da outra, o Nacional assistia seu sucesso com amargor, sentimento exacerbado pelos vice-campeonatos continentais de 1964, 1967 e 1969.
A Copa Libertadores da América foi criada em 1960 e logo conquistada pelo Peñarol. Esse marco, que somente na década de 60 se repetiu duas vezes, acirrou a alegada rivalidade mais antiga do futebol fora das Ilhas Britânicas. Enquanto os Carboneros conquistavam uma glória atrás da outra, o Nacional assistia seu sucesso com amargor, sentimento exacerbado pelos vice-campeonatos continentais de 1964, 1967 e 1969.
O clube fundado com ideais nacionalistas se viu subjugado
por aquele de origens inglesas na década de 60, algo que precisava mudar para
que pudesse ser retomado o equilíbrio da rivalidade. A bandeira de Artigas,
símbolo nacional do Uruguai que definiu as cores do uniforme dos Tricolores, ansiava tremular no posto mais
alto do pódio continental. Chegou, por fim, o ano de 1971.
Curiosa ou ironicamente, contando com um dos maiores astros
da história Carbonera, Luis Cubilla, o
clube conseguiu deixar a angustiante fila de espera pelo título da
Copa Libertadores da América. Com estilo.
Compartindo o Grupo 2 com os bolivianos Chaco Petrolero e
The Strongest e o grande rival Peñarol, o Nacional foi soberano na primeira
fase da competição – seis partidas, cinco vitórias e um empate. Mais que isso,
a equipe bateu por duas vezes seu maior antagonista e o eliminou: 2x1 no primeiro
encontro e 2x0 no segundo. Na segunda fase de grupos, que marcou as semifinais,
os Tricolores enfrentaram um forte
time do Palmeiras, que havia sido o vice em 1968, e o Universitario do Peru,
segundo colocado na competição do ano que se seguiria. Dos quatro jogos, os uruguaios
ganharam três e empataram um, o suficiente para voltar às finais.
Contra o fantasma dos vices anteriores, o Nacional possuía a
missão ingrata de impedir o tetracampeonato do Estudiantes. Foi necessário um playoff para tanto, uma vez que as duas
primeiras partidas registraram vitórias pela margem mínima, primeiro dos
argentinos e após dos uruguaios. De volta a Lima, os Tricolores finalmente puderam espantar a dúvida gerada nos
últimos anos e acirrar a rivalidade com o Peñarol. Enfim, bradavam o grito de
campeão!
Conquanto não haja dúvida de que a conquista do continente
foi o maior êxito de um ano inolvidável para o clube, certamente o título
uruguaio e a posterior conquista do Intercontinental (contra o Panathinaikos, vice-europeu,
uma vez que o Ajax, o campeão, recusou-se a disputá-lo temendo a repetição das
cenas de violência ocorridas no ano anterior na disputa entre Estudiantes e
Feyenoord) deixaram ainda mais brilhante o período.
Confira ainda: Nacional x Peñarol: o clássico do futebol uruguaio
Já na meta uruguaia atuava uma de suas mais importantes referências. Goleiro do Brasil na Copa do Mundo de 1966, Manga era o responsável por parar os adversários do Nacional. Após passar anos defendendo o Botafogo, protagonizou confusão com João Saldanha, chegou a Montevidéu em 1968 e foi ídolo, conquistando vários títulos e permanecendo no time até 1974. Ágil, sempre bem colocado, e notável pela rápida reposição de bola, era ainda conhecido por tentar evitar ao máximo a concessão de rebotes, algo raro à época.
O vitorioso time treinador por Washington Etchamandi atuava em um esquema tático que pode ser pensado hoje como um 2-3-5. Compondo a primeira linha, na retaguarda, o Nacional contava com a forte marcação e imposição aérea de Atílio Ancheta, que faria história no Grêmio, e Juan Masnik, então o capitão da Seleção Uruguaia. Enquanto o primeiro era um vigoroso garoto de 23 anos o segundo já possuía 28 e muita experiência. Como curiosidade, é relevante lembrar que Masnik chegou ao clube em 1971 vindo do Gimnasia y Esgrima, justamente a equipe rival do Estudiantes, adversário tricolor na final, e marcou o gol que garantiu a disputa do terceiro e derradeiro jogo da competição.
Confira ainda: Nacional x Peñarol: o clássico do futebol uruguaio
Já na meta uruguaia atuava uma de suas mais importantes referências. Goleiro do Brasil na Copa do Mundo de 1966, Manga era o responsável por parar os adversários do Nacional. Após passar anos defendendo o Botafogo, protagonizou confusão com João Saldanha, chegou a Montevidéu em 1968 e foi ídolo, conquistando vários títulos e permanecendo no time até 1974. Ágil, sempre bem colocado, e notável pela rápida reposição de bola, era ainda conhecido por tentar evitar ao máximo a concessão de rebotes, algo raro à época.
Recentemente, em visita ao clube, o brasileiro falou sobre a
conquista da Copa Libertadores:
“Foi uma emoção muito grande (...) é preciso vencer partidas para ser campeão e, para ser campeão da América, é preciso vencer 12 partidas. Esse foi meu trabalho no Nacional”.
O vitorioso time treinador por Washington Etchamandi atuava em um esquema tático que pode ser pensado hoje como um 2-3-5. Compondo a primeira linha, na retaguarda, o Nacional contava com a forte marcação e imposição aérea de Atílio Ancheta, que faria história no Grêmio, e Juan Masnik, então o capitão da Seleção Uruguaia. Enquanto o primeiro era um vigoroso garoto de 23 anos o segundo já possuía 28 e muita experiência. Como curiosidade, é relevante lembrar que Masnik chegou ao clube em 1971 vindo do Gimnasia y Esgrima, justamente a equipe rival do Estudiantes, adversário tricolor na final, e marcou o gol que garantiu a disputa do terceiro e derradeiro jogo da competição.
Na hipotética linha de jogadores imediatamente posta à
frente da dupla formada por Ancheta e Masnik atuavam três figuras. Uma delas
possuía especial importância: Luis Ubiña, o capitão da equipe. Membro da
Seleção Uruguaia que disputou as Copas do Mundo de 1966 e 1970, o lateral
direito já era experiente à época, com 31 anos. Chamava atenção pela liderança e
o respeito que sua figura emanava, além da evidente competência em sua posição.
Pelo Nacional, disputou 163 partidas e marcou três gols, aposentando-se em
1974, ainda no clube.
Mais centralizado, em um posicionamento que hoje chamamos de
volante, a responsabilidade pela marcação cabia a Julio Montero Castillo, outra
lenda do clube. Marcador forte e influente, era um defensor na acepção mais
ampla da palavra, uma vez que atuava em qualquer posição do setor. Entre duas
passagens, o jogador, que é pai do ex-zagueiro Paolo Montero, disputou 459
jogos pelos Tricolores. Fechando o
setor, pela esquerda, atuava Juan Carlos Blanco, outro defensor versátil e
símbolo do Nacional, pelo qual atuou em 237 partidas, anotando seis gols.
À frente, um quinteto implacável encantava. Pela ponta
direita atuava o mais talentoso dos atletas de seus integrantes: Luis Cubilla.
Ídolo do rival Penãrol e tendo passagens importantes por Barcelona e River
Plate, retornou a Montevidéu aos 29 anos, mas ainda com muito futebol para
entregar. Habilidoso e driblador, El Negro
cruzava e finalizava como poucos, tendo se firmado como um dos melhores atletas
uruguaios de todos os tempos. No Nacional voltou a confirmar sua qualidade
técnica, sendo o jogador mais diferenciado da equipe.
Alocado mais à faixa central, Víctor Espárrago fazia
importante parceria com Cubilla. Multifuncional, possuía a capacidade de atuar
em praticamente qualquer função a partir do meio-campo. Sua qualidade era tanta
que o levou a atuar em três Copas do Mundo (1966, 1970 e 1974). Conforme é
contado, sua leitura de futebol e dinamismo eram tão impressionantes, que permitiam aos
treinadores escalá-lo para marcar o craque do adversário, com liberdade para
criar ou até mesmo como centroavante. Pelo Nacional, disputou 431 jogos,
marcando 62 gols.
Também no setor de criação, Ildo Maneiro era mais uma peça
importante para o desenvolvimento do jogo tricolor. Não foi um atleta de tanto
destaque quanto seus companheiros de frente, mas foi importante. Curiosamente,
após passar três temporadas no Lyon, fez o caminho inverso ao de Cubilla,
terminando a carreira no Peñarol. Por sua vez, o ponta esquerda era a
personificação de um canhão. Julio César Morales, cria do Racing de Montevidéu,
dedicou a maior parte de sua carreira ao Nacional, representando-o entre 1965-1973
e 1979-1982. Sua “patada” o colocou no rol dos grandes de todos os tempos do
clube, o qual representou 471 vezes, balançando as redes 191 vezes. A despeito
de possuir uma forte veia goleadora, também se destacava como assistente.
Havia ainda um atleta com um ofício bem determinado:
Luis Artime, o matador. Um dos artilheiros da Copa Libertadores de 1971, com 10
gols, e autor dos tentos do clube no Intercontinental, o argentino era
brilhante em seu habitat natural, o centro das defesas adversárias. Jogador de
forte personalidade e caráter, era outra influência fortíssima no elenco, que
sempre possuía nele alternativa capaz de mudar os rumos de qualquer partida. O atleta
era sinônimo de gol. Artime até não era conhecido pela beleza de seu jogo, mas sua
eficiência era indiscutível, acima de qualquer suspeita. Ao todo, colocou os
torcedores Tricolores em êxtase 158
vezes.
Organizando a sólida e extremamente técnica esquadra do
Nacional, estava o treinador Washington Etchamendi, figura de perfil
extremamente peculiar. O uruguaio interpretava o futebol comparando-o à vida.
Seu espírito agregador e sua vivacidade eram parte de sua identidade e muito do
que o clube uruguaio conquistou se deveu à capacidade do técnico para incutir
esse espírito no coletivo.
O treinador também criou fama com a autoria frases folclóricas, mas
sempre abertas a reflexões e interpretações, como: “En el mundo cada vez hacen más falta dos cosas: ¡democracia y
delanteros!” (“No mundo cada vez fazem mais falta duas coisas: democracia e
atacantes!”.
Se o Nacional vivia assombrado por alguns vice-campeonatos e pelos sucessos de seu rival, uma equipe determinada, talentosa, consciente e organizada tratou de colocar um imperioso ponto final a essa situação. Renasceu em 1971 uma das maiores instituições do futebol sul-americano.
Se o Nacional vivia assombrado por alguns vice-campeonatos e pelos sucessos de seu rival, uma equipe determinada, talentosa, consciente e organizada tratou de colocar um imperioso ponto final a essa situação. Renasceu em 1971 uma das maiores instituições do futebol sul-americano.
Ficha técnica de alguns jogos importantes:
Grupo 2 da Copa Libertadores da América de 1971: Peñarol 0x2 Nacional
Estádio Centenário, Montevidéu
Público 60.000
Gols: ’75 Blanco e ’88 Maneiro (Nacional)
Peñarol: Mazurkiewicz; Figueroa,
González, Matosas; Lamas, Caetano, Viera, Onega; Castronovo, Corbo, Acuña (Villalba).
Téc.: Gastón Máspoli
Nacional: Manga; Blanco, Ancheta, Masnik, Mujica; Montero Castillo,
Espárrago, Maneiro; Cubilla, Artime, Bareño (Prieto). Téc.: Washington
Etchamandi
Público: 70.000
Grupo A da Copa Libertadores da América de 1971: Nacional 3x1 Palmeiras
Estádio Centenário, Montevidéu
Público 65.000
Gols: ’42 Artime, ’57 Morales e ’64 Prieto (Nacional); ’25 César
Maluco (Palmeiras)
Nacional: Manga; Blanco, Ancheta, Masnik,
Mujica; Montero Castillo, Espárrago, Prieto; Maneiro, Artime, Morales. Téc.:
Washington Etchamendi
Palmeiras: Leão; Eurico, Nélson Coruja, Baldocchi, Dé; Dudu, Héctor
Silva (Zé Carlos), Ademir da Guia; Edu Bala, César Maluco, Pio (Fedato). Téc.:
Rubens Minelli
Final da Copa Libertadores da América de 1971: Nacional 2x0 Estudiantes
Estádio Nacional José Díaz, Lima
Público 41.000
Gols: ’24 Espárrago e ’67 Artime (Nacional)
Nacional: Manga; Ubiña, Ancheta, Masnik,
Blanco; Montero Castillo, Espárrago, Maneiro (Mujica); Cubilla, Artime e
Morales (Mameli). Téc.: Washington Etchamendi
Estudiantes: Pezzano; Malbernat, Aguirre
Suárez, Togneri, Medina; Pachamé, Verde, Romeo; Echecopar, Rudzki, Verón
(Bedogni). Téc.: Miguel Ignomiriello
Final da Copa Intercontinental: Nacional 2x1 Panathinaikos
Estádio Centenário, Montevidéu
Árbitro: Aurelio Angonese
Público: 70.000
Gols: ’34 e ’75 Artime (Nacional); ’90 Filakouris (Panathinaikos)
Nacional: Manga; Ubiña, Blanco, Masnik,
Brunell; Montero Castillo, Espárrago, Maneiro; Cubilla (Mujica), Artime, Mameli
(Bareño). Téc.: Washington Etchamendi
Panathinaikos: Ikomonopoulos; Mitropoulos,
Kapsis, Sourpis, Dmitriou, Athanassoupoulos; Kamaras (Filakouris), Kouvas, Eleftherakis;
Domazos e Antoniadis. Téc.: Ferenc Puskas
vi o jogo no Pacaembu ,show do Nacional contra o Palmeiras
ResponderExcluirTb estive no Pacaembu. Assisti o jogo no cangote do meu pai. Tinha 12 mais estádio lotado e uma garoa intermitente. Um.jogo inesquecível
ResponderExcluirDesse timao la da foto simplesmente sete jogadores defenderam o uruguai na copa de 70 e seriam mais pois manga no auge deveria ter sido o goleiro do brasil no tri e se a argentina tivesse ido ao mexico o grande artilheiraco artime seria mais um.
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