Times de que Gostamos: AZ Alkmaar 2008-2009
Após rememorar o ótimo time do Tottenham do início dos anos 80, que, com uma pitada de talento argentino,
conquistou títulos e se mostrou uma das melhores equipes inglesas em um período
de fartura de qualidade no país, trato do bom time do AZ Alkmaar da temporada 2008-2009,
que subverteu a ordem estabelecida por PSV Eindhoven, Ajax e Feyenoord e
conquistou o título holandês.
Período: 2008-2009
Time base: Romero; Jaliens,
Moisander, Moreno, Pocognoli; de Zeeuw, Schaars, Mendes da Silva, Dembelé, Martens; El Hamdaoui. Téc.: Louis van Gaal
No início da temporada 2008-2009,
a Holanda vinha de um tetracampeonato do PSV Eindhoven, clube que ainda havia
feito boas apresentações na UEFA Champions League e que à época contou com
jogadores como os brasileiros Gomes e Alex, além de outras figuras importantes, como Philip Cocu, Mark van Bommel e Park Ji Sung. O jejum de Ajax e Feyenoord
prolongava-se. No entanto, quem realmente jejuava era Louis van Gaal. Outrora
comandante de poderosos times de Ajax e Barcelona, o treinador estava em Alkmaar
desde 2005, sem nada conquistar; aos poucos deixando os holofotes.
A despeito de tudo isso,
2008-2009 confirmou-se uma das mais atípicas temporadas da história do futebol
holandês. Primeiro porque teve um campeão de fora do trio que domina a
competição; segundo porque o trio sequer foi capaz de levar um de seus membros
à segunda posição, que foi ocupada pelo Twente. Com um time jovem (o segundo
mais novo, atrás do Ajax e com média de idade de 22,8 anos) e cheio de vontade
de crescer, van Gaal montou uma defesa intransponível e apostou suas fichas em
um goleador implacável.
A retaguarda foi de longe a
melhor da Eredivisie, sofrendo apenas 22 gols, e Mounir El Hamdaoui o goleador
máximo, com 23 – um a mais do que um certo jovem uruguaio chamado Luis Suárez. Além
disso, defendendo a meta do clube,
o argentino Sergio Romero liderou o ranking de clean sheets, passando incríveis 19 partidas sem sofrer gols.
Assim, o clube voltou ao posto máximo do futebol holandês, algo que não
acontecia desde a temporada 1980-1981, último e o único ano em que o clube
havia se sagrado campeão da Eredivisie.
Como dito, a meta da equipe da cidade de Alkmaar era defendida pelo argentino Sergio Romero. Então uma grande promessa da albiceleste, o arqueiro havia chegado na temporada anterior, contratado junto ao Racing e não foi a inicial opção em seu primeiro ano. Todavia, com 21 para 22 anos e medalhista olímpico, o jogador tomou a titularidade do experiente Joey Didulica e não decepcionou. Embora esteja claro que o goleiro não figura no rol dos melhores do mundo, mesmo sendo a primeira opção de sua seleção, Romero tem qualidades e mostrou-as em seu primeiro clube no Velho Continente.
Pelo lado direito da defesa, a
titularidade foi do polivalente Kew Jaliens, jogador que podia desempenhar
qualquer das funções do setor defensivo e que possuía características mais defensivas. Com
passagem pela Seleção Holandesa, tanto principal quanto sub-21, não acrescentava
muito ofensivamente, mas cumpria bem o seu papel, protegendo o flanco destro e
balanceando a defesa. Pela faixa esquerda da retaguarda, o belga Sébastien Pocognoli
era a referência. Então um jovem jogador revelado pelo Genk e já membro da
seleção de seu país, tinha maior vocação ofensiva que Jaliens, tendo anotado
três gols na temporada.
Completando o ferrolho defensivo
de van Gaal, uma dupla de zagueiros duros, mas detentores de bom trato da bola,
era fundamental às pretensões do clube de Alkmaar: o finlandês Niklas Moisander
(23 anos) e o mexicano Héctor Moreno (20) – curiosamente ambos canhotos e não
muito altos. Com bom posicionamento, impulsão e capacidade para sair jogando, a
dupla mostrou muita segurança e a prova maior disso foi o futuro de ambos, com
transferências para Ajax e Espanyol, na sequência de suas carreiras.
Outra peça
que muitas vezes atuou na defesa central foi o holandês Kees Luijckx,
ex-jogador da seleção sub-21 de seu país e que tinha menos talento e mais força
e estatura que seus concorrentes.
No meio-campo, fazendo a proteção
do mesmo e ajudando na transição entre defesa e ataque, comumente o clube
utilizou uma dupla de jogadores de boa qualidade: Stijn Schaars, o
capitão da equipe, e Demy de Zeeuw, ambos atletas com extensa passagem pela Seleção
Holandesa. O primeiro era uma verdadeira fortaleza, com muita pegada na
marcação, estilo durão e muita personalidade, mas também bom passe e um bom
chute de longa distância; o segundo, mais leve, dava melhor saída de bola ao
time e auxiliava muito na organização do mesmo.
Além deles, outra figura
comumente vista pelo setor foi o holandês-cabo-verdiano David Mendes da Silva,
jogador que pode ser considerado um híbrido de Schaars e de Zeeuw, por suas
características, e foi, de forma exagerada, comparado a Frank Rijkaard no
início de sua carreira.
Em meio a tanta marcação, havia
também espaço para criatividade, brilho e dribles, características que tinham
nome e sobrenome no AZ: Maarten Mertens. Meia-atacante belga criado no
Anderlecht, destacava-se pela capacidade que possuía para desconstruir defesas,
marcar gols e colocar seus companheiros em condições de fuzilar as metas adversárias. Versátil,
atuava pelos dois flancos, e podia jogar mais centralizado, se necessário
fosse. 2008-2009 foi possivelmente sua melhor temporada na carreira, tendo o
jogador marcado sete gols e criado 10 assistências em 32 partidas válidas pela
Eredivisie.
Muitas vezes, quem acompanhava
Mertens na criação era outro belga, este mais jovem: Mousa Dembelé, que a
despeito de ter se afirmado como meio-campista central no decorrer de sua
carreira, atuava mais à frente. Aos 20 anos, o jogador foi responsável por
importantes 10 gols em 23 partidas no Campeonato Holandês. Ali já se notava nele
um excelente domínio de bola, capacidade de passe e de aproximação ao ataque,
para marcar gols.
No entanto, se o time precisasse
mesmo de gols, a figura a ser chamada era a do marroquino Mounir El Hamdaoui.
Goleador máximo do time e da Eredivisie em 2008-2009, com 23 tentos (além de
oito assistências), o jogador parecia estar encantado, tamanha sua importância
para a equipe e capacidade para estufar as redes adversárias. Então com 23
anos, o jogador estava revelando sua melhor forma, algo que ainda não havia mostrado
e não voltaria a mostrar, ao menos não com tanta eficiência. Na temporada em
análise, o jogador foi eleito o melhor do campeonato, o que deixa, acima de
qualquer suspeita, evidenciado seu ótimo momento.
Organizando a impenetrável defesa
do time e criando a melhor atmosfera possível para seu artilheiro brilhar, estava o já experiente Louis van Gaal, provando que não estava acabado e que
ainda escreveria novas páginas importantes na história do futebol. O treinador
contou também com outras peças importantes durante a competição, como foram os
casos do defensor polivalente Gill Swearts, do lateral Simon Poulsen, do meia
Nick van der Velden, do italiano Graziano Pellè e do brasileiro Ari.
Ficha técnica de alguns jogos importantes nesse período:
3ª rodada da Eredivisie: AZ Alkmaar 1x0 PSV Eindhoven
AFAS Stadiom, Alkmaar
Público 16.258
Gol: ’82 Martens (AZ Alkmaar)
AZ: Romero; Jaliens, Moisander, Moreno, Swearts; Schaars (Martens),
de Zeeuw, Mendes da Silva, Dembelé, van der Velden; El Hamdoui. Téc.: Louis van
Gaal
PSV: Isaksson; Marcellis, Bréchet, Maza (Nijland), Zonneveld; Timmy
Simons, Édison Méndez, Affelay, Bakkal (Culina), Dszudszák; Koevermans
(Lazovic). Téc.: Huub Stevens
10ª rodada da Eredivisie: AZ Alkmaar 3x0 Twente
AFAS Stadiom, Alkmaar
Público 16.493
Gols: ’36 e ’58 Ari e’40 El Hamdaoui (AZ)
AZ: Romero; Swearts (Koenders), Moisander, Moreno, Pocognoli; de
Zeeuw, Mendes da Silva, van der Velden, Martens; El Hamdaoui (Holman) e Pellè
(Ari). Téc.: Louis van Gaal
Twente: Boschker; Hersi (Janssen), Douglas, Wielaert, Braafheid;
Tioté (Wellenberg), Stam, Brama; Denneboom (Huysegems), NKufo, Elia. Téc.:
Steve McClaren
12ª rodada da Eredivisie: AZ Alkmaar 2x0 Ajax
AFAS Stadiom, Alkmaar
Público 17.149
Gols: ’22 de Zeeuw e ’50 Ari (AZ)
AZ: Romero; Swearts, Moisander, Moreno, Pocognoli; Schaars, de
Zeeuw, Mendes da Silva, Martens; Ari (Holman) e El Hamdaoui. Téc.: Louis van
Gaal
Ajax: Vermeer; Oleguer, Lindgren (Sno), Vermaelen, Vertonghen; Enoh,
van der Wiel, Emanuelson; Kennedy (Gabri), Sulejmani (Leonardo) e Luis Suárez.
Téc.: Marco van Basten
Comentários
Postar um comentário
Agradecemos a sua contribuição! ⚽