Seleções de que Gostamos: Polônia 1982
No primeiro texto desta seção,
lembramos o excelente time da Bulgária da Copa do Mundo de 1994. Naquela ocasião, comandada por Hristo Stoichkov, a equipe alcançou o quarto lugar na competição e um posto eterno na lista das grandes seleções. Agora, é tempo de
rememorar outra ótima equipe europeia: a Polônia, do Mundial de 1982.
Em pé: Buncol. Majewski, Janas, Mlynarczyk, Zmuda, Lato; Agachados: Palasz, Smolarek, Boniek, Jalocha, Iwan |
Seleção: Polônia
Período: 1982
Time base: Mlynarczyk; Dziuba, Janas, Zmuda, Majewski; Matysik, Buncol,
Kupcewicz; Lato, Smolarek, Boniek. Téc.: Antoni Piechniczek
Mais experiente do que nunca,
após uma exitosa década de 70 que terminou com uma boa campanha na Copa do
Mundo de 1978, a Polônia comunista chegou com apenas jogadores que atuavam no país e grande
força à Espanha, para a disputa do Mundial de 1982.
Na primeira fase, tudo correu
como planejado para os polacos. O empate com a Itália não causou surpresa, assim como
a vitória contra o Peru. Os camaroneses, valentemente, conseguiram um empate
ante os poloneses; nada que tenha evitado a liderança do grupo por parte da
esquadra comandada por Antoni Piechniczek.
Na segunda fase, novamente no
Grupo 1, o sucesso persistiu. Inapelavelmente, a Polônia destroçou a Bélgica,
3x0, e, no jogo seguinte, um empate sem gols contra a União Soviética levou a
equipe às semifinais. O adversário, a Itália, não era mais aquela equipe da
primeira fase, mas outra que, comandada pelos gols de Paolo Rossi despertou
contra a então Campeã Argentina e aquele que é considerado um dos mais
talentosos times brasileiros de todos os tempos. Boniek, suspenso, assistiu de
longe a derrota. Ironias das Copas.
Foram de Rossi os dois gols que
condenaram os poloneses à disputa do terceiro lugar do Mundial. Contra a França
de Jean Tigana, Boniek e companhia voltaram a brilhar, deixando a Espanha com
um honroso terceiro lugar na mala. Findava-se ali a última boa campanha da Polônia em um campeonato.
Protegendo a baliza polaca, Jósef
Mlynarczyk era uma das principais referências da esquadra. Com mais de 40
partidas por seu país, o goleiro chegou à seleção em 1979, já aos 26 anos.
Titular absoluto no mundial de 1982, era um dos jogadores mais experientes e
foi importantíssimo para os êxitos do time. Então, defendia as cores do Widzew
Lódz, de seu país, mas, tardiamente, faria sucesso com a camisa do Porto,
conquistando a Champions League em 1986 (antes, em 1983, já havia sido
semifinalista pelo Lódz, tendo eliminado o Liverpool e sido eliminado pela
Juventus). É muito lembrado por sua liderança, frieza e por seu peculiar
bigode.
Pela defesa da ala direita
respondia Marek Dziuba, outra importante influência para a equipe e
ocasionalmente capitão das Biale Orly.
Teve uma carreira inteira ligada à cidade de Lódz, onde nasceu, defendeu por
mais de uma década o LKS Lódz e, na sequência, em 1984, mudou-se para o rival
Widzen, no qual, por breve período, foi companheiro de Mlynarczyk. Pelo outro
flanco, o dono da posição era Stefan Majewski, jogador que marcou história com
a camisa do Légia Varsóvia e passou, posteriormente, pelo futebol alemão
vestindo, com maior notoriedade, a camisa do Kaiserslautern. Ao final de sua
carreira, tornou-se treinador e chegou a dirigir, interinamente, a Seleção
Polonesa.
Como possuía um jogador
extremamente técnico na defesa, muitas vezes a formação polonesa parecia apresentar-se
com um zagueiro e um líbero. Wladyslaw Zmuda era a peça que levava os polacos a
apresentarem-se dessa forma. Remanescente da geração que brilhou na década de
70, e provavelmente o melhor defensor que o futebol de seu país já viu, o
capitão Bialo-czerwoni é o sexto
atleta que mais vezes representou seu país e, em 1974, foi eleito o melhor jogador jovem da Copa do Mundo. Seu companheiro era Pawel Janas,
outro defensor de ótima qualidade, forte no jogo aéreo e nos desarmes. É lembrado também por uma boa passagem pelo Auxerre, da França.
Comandando a equipe, Antoni
Piechniczek, que assumiu a seleção em 1981, teve a missão de fazer a renovação da equipe, mantendo velhas
referências e trazendo sangue novo. Além dos titulares, o treinador
tinha peças úteis no banco de reservas. Além do já citado Szarmach, os
defensores Jan Jalocha e Roman Wójcicki, e o meia Wlodzimierz Ciolek foram algumas
peças importantes na campanha polaca.
No meio-campo, um trio provia
sustentação para os defensores e auxílio aos atacantes. Garoto, Waldemar Matysik chegou ao Mundial da Espanha pouco antes de completar 21 anos e era o maior
responsável pelo trabalho sujo da equipe, com forte marcação e muita disposição. Sua excessiva entrega inclusive o deixou muito doente após
a Copa. Há época, atuava no Górnik Zabrze, mas, na sequência de sua carreira
teve destaque na França e na Alemanha, vestindo, dentre outras, as camisas de
Auxerre e Hamburgo. Mais tarde, seria também o capitão da equipe.
Além dele, Janusz Kupcewicz e Andrzej
Buncol completavam o meio-campo. O primeiro era o grande responsável pelo
controle e organização do jogo polonês, ditando seu ritmo e distribuindo com
grande qualidade as bolas. Seu talento era tanto que suas primeiras convocações
vieram quando o jogador ainda disputava a segunda divisão polonesa. Buncol, por
sua vez, era mais criativo e habilidoso, um meia-atacante que tinha o recurso
do drible e muita técnica. Após brilhar em seu país, sobretudo com a camisa do
Legia Varsóvia, fez ótimo papel na Alemanha, por Bayer Leverkusen e Fortuna
Düsseldorf.
Mais avançado estava um dos
grandes craques da esquadra polaca: Grzegorz Lato, um dos maiores artilheiros
da história das Copas do Mundo, com 10 gols – apenas um em 1982. Habilidoso,
criativo e letal, Lato já tinha muita experiência quando chegou à Espanha. Aos
32 anos, não era tão veloz quanto outrora, mas ainda conservava seu talento, sobretudo
criando oportunidades para seus companheiros. Com 100 partidas pela Polônia e
45 gols marcados é o segundo que mais vezes representou a seleção e também o
segundo que mais tentos anotou.
Também no ataque atuava
Wlodzimierz Smolarek (pai de Eusebiuz Smolarek, que fez sucesso nos anos 2000
por Feyenoord e Borussia Dortmund). Este não era um jogador dotado de grande
técnica. O que o tornava importantíssimo era sua capacidade de doação pelo
coletivo e sua incapacidade para se entregar. Isso explica, em grande medida, a
razão de ter sido na maior parte do tempo o titular, relegando o implacável Andrzej
Szarmach, que possuía 31 anos, ao banco.
Por fim, havia a estrela da
companhia: Zbigniew Boniek. Goleador máximo da Polônia na Copa, com quatro
tentos, e que marcaria sua carreira internacional com as camisas de Juventus e
Roma, é considerado por muitos o maior polonês de todos os tempos (disputa o
posto com Kazimierz Denya). Destacava-se pela velocidade, grande determinação, trabalho
duro e constante e bom faro de gol. Possuía também muita inteligência tática, o
que justificou seu uso, em fim de carreira, até mesmo como líbero.
Ficha técnica de alguns jogos importantes nesse período:
Segunda fase da Copa do Mundo de 1982, Grupo 1: Polônia 3x0 Bélgica
Camp Nou, Barcelona
Público 65.000
Gols: ‘4, ’26 e ’53 Boniek
(Polônia)
Polônia: Mlynarczyk; Dziuba, Janas,
Zmuda, Majewski; Matysik, Buncol, Kupcewicz (Ciolek); Lato, Smolarek, Boniek.
Téc.: Antoni Piechniczek
Bélgica: Custers; Plessers
(Baecke), Meeuws, Millecamps, Renquin; Van Moer (van der Elst), Caulemans,
Coeck, Vercauteren; Vandenbergh, Czerniatynski. Téc.: Guy Thys
Semifinais da Copa do Mundo de 1982: Polônia 0x2 Itália
Camp Nou, Barcelona
Público 50.000
Gols: ’22 e ’72 Paolo Rossi
(Itália)
Polônia: Mlynarczyk; Dziuba,
Janas, Zmuda, Majewski; Matysik, Buncol, Kupcewicz; Lato, Smolarek (Kusto),
Ciolek (Palasz). Té.: Antoni Piechniczek
Itália: Zoff; Bergomi, Collovati,
Scirea, Cabrini; Tardelli, Oriali, Antognoni (Marini); Conti, Paolo Rossi,
Graziani (Altobelli). Téc.: Enzo Bearzot
Decisão do terceiro lugar da Copa do Mundo de 1982: Polônia 3x2 França
Estádio José Rico Pérez, Alicante
Árbitro: António Garrido
Gols: ’41 Szarmach, ’44 Majewski,
’46 Kupcewicz (Polônia); ’13 Girard e ’73 Couriol (França)
Polônia: Mlynarczyk; Dziuba,
Janas, Zmuda, Majewski; Matysik (Wojcicki), Buncol, Kupcewicz; Lato, Szarmach,
Boniek. Té.: Antoni Piechniczek
França: Castaneda; Amoros, Janvion (López),
Tresor, Mahut; Girard, Tigana (Six), Larios; Couriol, Soler, Bellone. Téc.:
Michel Hidalgo
Ah, se o Boniek joga contra a Itália...
ResponderExcluirPois é... Teria sido a nossa pequena "vinganca". Hehehe
ResponderExcluirPolônia em 82, Uma única derrota em toda a copa e lhe sobrou o 3° lugar.. não sei se ganharia da Alemanha na final mas seria um bom embate europeu sem dúvida
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