André André, um jogador que vale por dois

A temporada de 2014-2015 do futebol português consagrou o futebol de um meio-campista diferente. Filho do vitorioso António André, ex-atleta de sucesso do Porto, André André (isso mesmo!) não é volante, mas marca; não é armador, mas arma; e não é meia-atacante, mas ataca. O português de 26 anos é um dos bons exemplos do meia que todo time precisa no futebol atual, a figura que de tudo faz um pouco. Contratado pelo Porto junto ao Vitória de Guimarães, André André vem obtendo sucesso e confirmando as impressões deixadas na campanha passada.




Embora tenha sido criado no modesto Varzim, tendo passado por times de base de Porto e Deportivo La Coruña, foi apenas no Vitória de Guimarães que o atleta ganhou notoriedade, sobretudo após a última temporada. Comandando, e em muitas ocasiões capitaneando, os Vimaranenses, André marcou muitos gols e foi peça fulcral para o êxito de seu clube, que terminou na quinta posição, classificando-se para as eliminatórias da Europa League.

Diferentemente de seu pai, um renomado volante de marcação, com muitas características peculiares aos bons da função – raça, espírito de luta e persistência – André André tem como um de seus grandes pontos fortes a capacidade de conduzir sua equipe à frente, fazendo com muita categoria a transição entre os setores de defesa e ataque e conservando em seu sangue a determinação de seu genitor. Apesar de baixo, é destemido e onde a bola vai sempre se vê o luso à espreita.

Seus números mostram isso. Dentre os seus 633 passes distribuídos no Campeonato Português da atual temporada – com 85% de aproveitamento – 24,2% foram direcionados para frente, 26,7% à esquerda, 30,8% à direita e 18,3% para trás. O dado demonstra com perícia a importância do camisa 20 na distribuição da bola dos Dragões. Além disso, seu passe já colocou seus companheiros em condições de balançar as redes 20 vezes, com uma assistência, e, defensivamente, dos 23 desarmes que tentou, foi exitoso em 18, ou 78%.

Ademais, embora o Porto tenha sofrido o azar de ter sido sorteado para um grupo extremamente parelho na UEFA Champions League, caindo na primeira fase mesmo alcançando 10 pontos, André mostrou mais uma vez que não se omite nas horas de necessidade, marcando um gol importantíssimo contra o Chelsea no Estádio do Dragão.

O meio-campista faz de tudo: tarefas defensivas e ofensivas. Para mais, é decisivo e constante. Não é um craque e nunca será, mas é aquela figura que nove dentre 10 treinadores gostariam de contar em seus elencos. Embora o Porto conte com outras figuras muito qualificadas na meia-cancha, casos de Danilo Pereira, Rúben Neves, Giannelli Imbula e Héctor Herrera, nenhuma delas mostra a versatilidade de André.

O Porto acertou em cheio na contratação de André André e o curioso é que, dentre os vários negócios feitos pelos Azuis e Brancos que envolveram cifras (excetuando, portanto, os negócios sem custos), o atleta só não foi mais barato do que o promissor Sérgio Oliveira.

Com encaixe rápido no time e uma dinâmica única no plantel de Julen Lopetegui, o jogador vem conquistando com méritos lugar na Seleção de Portugal e já se afigura como peça-chave no esquema do treinador espanhol. A cada dia, André André prova-se um jogador cheio de variadas e úteis virtudes ao jogo no meio-campo, um atleta diferente e diferenciado, uma peça que, até mesmo, vale por duas.

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