Paulo Sousa e mais um renascimento em Florença
No passado recente, a Fiorentina viveu de tudo, desde grandes dias com Gabriel Batistuta e Rui Costa até sua falência. Ainda assim, nos últimos anos o clube começou a retomar seu lugar no rol dos que ocupam as principais posições na tabela de classificação do Calcio, sem, contudo, conseguir lutar pelo título – sobretudo diante da supremacia da Juventus. Nesta temporada, novamente regida por um português, a Viola tem brilhado e luta pelo título.
Campeão nacional na Hungria, em
Israel e na Suíça, Paulo Sousa vem construindo uma sólida reputação no cenário
internacional. Reconhecidamente um ótimo jogador, tendo representado grandes
equipes e sido campeão de vários títulos (como duas Liga dos Campeões da Europa, uma pela Juventus e outra pelo Borussia Dortmund), o
treinador teve um mau início de trajetória no banco de reservas, mas desde 2011
vem fazendo papéis respeitáveis.
No último deles, no Basel, o
comandante afirmou sua qualidade com uma característica que vem sendo vista em Florença, cidade berço do Renascimento: a coragem. No último ano, o luso pegou uma equipe pentacampeã
nacional e poderia tranquilamente debruçar-se sob o trabalho de seu antecessor
e conduzir a equipe a um novo e previsível sucesso. Apesar disso, ousou e
deixou sua marca na equipe. Desfazendo a consagrada solidez e rigidez tática da
equipe suíça, Paulo deu liberdade aos laterais, impôs um estilo de
movimentação, aboliu o uso de dois atacantes de área e instaurou a marcação
pressão na equipe, como ressaltou o jornalista Brian Homewood, correspondente da
revista World Soccer na Suíça.
Com a Fiorentina, tem sido
possível verificar a mesma tônica sendo aplicada. Com um esquema tático que durante
os jogos alterna entre o 4-2-3-1 e o 3-4-2-1, com o uso de um lateral mais fixo
e outro com mais liberdade, o time mostra enorme vocação ofensiva e criativa.
No meio-campo, os habituais volantes têm boa saída de bola e permitem que os
meias criativos do elenco – abundantes em número de opções – tenham liberdade
para atuar.
Além disso, há muitos jogadores
velozes e agudos no elenco (incluindo Federico Bernardeschi - foto -, garoto que
ganhou oportunidades com Sousa), o que oportuniza a criação de muitas jogadas,
já que os armadores e meias mais ofensivos têm com quem dialogar. Do meio para frente,
todos os jogadores têm qualidade técnica, o que é fundamental para a prática do
estilo de jogo intentado por Paulo Sousa. Atualmente é a Viola quem lidera a estatística de posse de bola, com média de 59%,
tendo também a maior média de acerto de passes, 88%, e o maior número de passes
distribuídos, 6.731.
O jogo da equipe é inteligente,
tem trocas de posição e muita consciência. Sabe a hora de acelerar e o momento
correto de cadenciar os jogos. Além disso, a Fiorentina mostra-se extremamente sólida em
seus terrenos, tendo conseguido cinco vitórias e uma derrota (contra a Roma) no Estádio Artemio
Franchi. Segundo melhor ataque da competição, venceu inapelavelmente
a Inter em Milão, por 4 a 1; e terceira melhor defesa, terminou seis de seus 11
jogos sem sofrer gols.
Para mais, o time conta com um
elenco com muitas possibilidades em todas as posições, o que pode gerar
desconforto, mas até o momento só revela uma faceta positiva, impulsionando a
competitividade no elenco – para se ter uma ideia, para a função de
centroavante, há as presenças do croata Nikola Kalinic, do jovem senegalês
Khouma Babacar e da estrela italiana Giuseppe Rossi, que vive às turras com
lesões.
A disposição tática dos jogadores não se
alterou em grande medida em relação ao que se verificou em 2014-2015, sob o
comando de Vincenzo Montella, mas a postura sim.
Embora não conte mais com a habilidade individual de Mohamed Salah, grande destaque da Viola na parte final da temporada, o jogo coletivo da equipe evoluiu, dando mais opções durante as partidas. Jogadores mais experientes deixaram o clube, casos de David Pizarro, Mario Gómez, Joaquín, Alberto Gilardino, Alessandro Diamanti, Juan Vargas e Alberto Aquilani e para seus lugares chegaram jogadores que ainda buscam êxitos em suas carreiras, o que oxigenou o elenco e fomentou a citada competitividade.
Embora não conte mais com a habilidade individual de Mohamed Salah, grande destaque da Viola na parte final da temporada, o jogo coletivo da equipe evoluiu, dando mais opções durante as partidas. Jogadores mais experientes deixaram o clube, casos de David Pizarro, Mario Gómez, Joaquín, Alberto Gilardino, Alessandro Diamanti, Juan Vargas e Alberto Aquilani e para seus lugares chegaram jogadores que ainda buscam êxitos em suas carreiras, o que oxigenou o elenco e fomentou a citada competitividade.
Paulo Sousa balançou a estrutura
da Fiorentina e o resultado até o momento é a luta pelo título italiano, que
não vem desde 1969. Se a competitiva equipe de Florença já tinha renascido, a
vitoriosa vai renascendo. Com o treinador português, o sucesso mostra-se palpável
e, mais do que isso, possível.
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