Um craque pode mudar tudo
Desde 2011 sem conquistar um Campeonato Argentino, o Boca Juniors viu há cerca de três meses seu sonho convergir com o de um dos melhores atletas já criados na famosa base do clube. De forma inusitada em tempos de transferências milionárias, Carlos Tévez decidiu deixar a vice-campeã europeia e tetracampeã italiana Juventus para voltar a sua casa, abraçar seu povo e recolocar seu clube na senda das glórias.
Após sua última conquista nacional,
o Boca Juniors vinha acompanhando de longe um forte revezamento no pódio. Arsenal
de Sarandí, Vélez Sarsfield, Newell’s Old Boys, San Lorenzo, Racing Club e o
grande rival River Plate chegaram à conquista. Nesse período, o máximo que os Xeneizes conseguiram foi um vice-campeonato
do Torneo Final 2013-2014.
Para piorar o quadro, o clube do
charmoso, porém degradado, bairro de La Boca teve que conviver com os sucessos
de San Lorenzo e River na Copa Libertadores da América e com um capítulo
vergonhoso na última edição do torneio. Na ocasião, cenas absurdas foram vistas
em La Bombonera, justamente em um clássico contra os Millonários, o qual terminou com a eliminação sumária do Boca e, adiante,
com o amargor provido por mais um título continental do grande rival.
Foi com esse quadro pintado que
Tévez decidiu retornar ao clube que o formou, cumprindo uma promessa antiga,
sempre lembrada pelo craque. Curiosamente, a chegada do jogador se deu
justamente no momento em que Pablo Osvaldo se despediu do clube, partindo para
o Porto.
“O dinheiro não compra a felicidade (...) Voltei por isso. Isso é o Boca. É inexplicável, somente os bosteros vão entender o que significa”, disse em seu retorno.
Com impacto imediato, Tévez
conseguiu afirmar o Boca no topo da tabela do Campeonato Argentino. Antes de fazer
sua reestreia, o craque via uma boa situação, em que o clube havia disputado 16
rodadas da corrente e inchada (com 30 equipes) Primera División, conseguindo 10
vitórias, quatro empates e duas derrotas, uma delas contra o modestíssimo
Aldovisi. Não obstante, havia espaço para melhora.
Desde o reingresso do jogador
passaram-se 11 rodadas, dez delas com o craque em campo. Nestas ocasiões, o
Boca venceu nove jogos e perdeu apenas um, em encontro movimentado contra o Union
Santa Fé, 4x3. De forma curiosa, no jogo em que Tévez ficou de fora, servindo a
Seleção Argentina, o Boca também perdeu, ainda que marginalmente, para o San
Lorenzo, 1x0.
Algumas vezes atuando como
construtor de jogo, tem jogado muito bem e com muita disposição, como é prova a
forma como o jogador disputou uma bola com Ezequiel Ham, do Argentinos Juniors,
que saiu com a perna quebrada. Até o momento, o camisa 10 já balançou as redes
cinco vezes e criou duas assistências.
Com Tévez em campo, outros
jogadores também cresceram, como são exemplos o jovem Jonathan Calleri, autor
de cinco tentos nos últimos nove jogos, e o uruguaio Nicolás Lodeiro, velho
conhecido do público brasileiro, que voltou a jogar bem e ser decisivo, como comprova o
último clássico contra o River, em que marcou o tento fundamental.
Como um todo, o time do Boca já
era bom antes da chegada do ex-craque da Juventus, contendo figuras conhecidas
como Cata Díaz, Gino Peruzzi, Agustín Orión, Fabián Monzón, Cristian Erbes e o
selecionável Fernando Gago. No entanto, faltava o diferencial, o jogador que
não só agrega grande qualidade técnica à equipe como também provê a confiança
que por vezes falta ao restante dos atletas.
Com Tévez em campo, o Boca Juniors pulsa mais, afinal tem um fiel aficionado em campo. A volta do craque-torcedor renovou o pacto do time com as arquibancadas e devolveu o clube ao lugar que pertence: a luta por títulos. Embora o futebol seja um jogo coletivo, o camisa 10 prova que um craque pode mudar tudo.
Com Tévez em campo, o Boca Juniors pulsa mais, afinal tem um fiel aficionado em campo. A volta do craque-torcedor renovou o pacto do time com as arquibancadas e devolveu o clube ao lugar que pertence: a luta por títulos. Embora o futebol seja um jogo coletivo, o camisa 10 prova que um craque pode mudar tudo.
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