A legítima sucessão aurinegra
O Mainz 05 é, sem sombra de dúvidas, uma equipe de pequeno porte no cenário alemão, prova disso é o praticamente inexistente quadro de títulos dos Nullfünfer. A despeito disso, nos últimos anos o impacto de sua existência marcou o futebol germânico. Dos gramados ao banco de reservas, o time deu oportunidade àquele que foi o grande responsável por desafiar a hegemonia do Bayern de Munique: Jürgen Klopp, treinador do Borussia Dortmund, que vê seu ciclo no aurinegro se aproximar de um fim já anunciado oficialmente.
Contratado em maio de 2008, Klopp
chegou à Dortmund com boas credenciais. Responsável pela primeira ascensão do Mainz à
Bundesliga, viu o clube retornar a segunda divisão, mas manteve seu cargo e por
dois pontos não retornou de imediato à elite. Na chegada ao Borussia, encarou um
grande desafio: o de superar a pior temporada do clube nos últimos 21 anos.
Longe dos tempos de opulência
financeira que marcaram o início da década, o alemão começou a desenhar uma
nova equipe. Hoje, do time que encontrou em 2008, só restam quatro peças: o goleiro
Roman Weidenfeller, os volantes Sebastian Kehl e Nuri Sahin (que foi vendido e
retornou) e o meia Jakub Blaszczykowski. De plano, logo ao chegar, contratou o zagueiro
Neven Subotic (foto), seu ex-comandado no Mainz, e deu oportunidade aos jovens Mats
Hummels – que viera emprestado junto ao Bayern de Munique – e Marcel Schmelzer.
Após uma temporada melhor, mas
ainda insuficientemente boa, com a sexta colocação, chegaram mais duas peças
até hoje importantes: os garotos Sven Bender (foto) e Kevin Grosskreutz – além de
Hummels, comprado em definitivo. Comandado pelos gols de Lucas Barrios, outro
contratado na temporada, o time subiu uma posição em relação ao ano anterior,
ficando em quinto lugar. Nesse ano, o mundo também começou a conhecer o garoto
Mario Götze, então com 17 anos.
Veio 2010-2011 e com ele o
sucesso. Mais maduros, os talentosos jovens aurinegros, após nove temporadas,
conquistaram o título da Bundesliga.
Ainda em processo de montagem do grande
time que chegaria, a seu ápice na Final da UEFA Champions League de 2012-2013,
Klopp trouxe outras peças vitais para a estrutura do time, os poloneses Lukasz
Piszczek e Robert Lewandowski (foto), além do japonês Shinji Kagawa. E com o sucesso
veio o assédio e a venda de um dos pilares do time: Nuri Sahin, que partiu para
o Real Madrid.
Apesar disso, o ano de 2011-2012
só confirmou a competência de time e treinador. Com o ingresso do
talentosíssimo Ilkay Gündogan no meio-campo do time, Klopp levou o Borussia ao
bicampeonato alemão. No entanto, faltava o toque final para o time alcançar a
sua melhor forma: Marco Reus. Contratado após as vendas de Kagawa e Barrios, o
alemão providenciou a sintonia fina ao time e firmou parceria fantástica com
Götze, potencializando o desempenho de Lewandowski. Embora 2012-2013 tenha sido
um ano de vices (alemão, da UEFA Champions League e da Supercopa da Alemanha),
o ano mostrou ao mundo o melhor Borussia Dortmund da era Klopp.
“O importante é ter ideias novas, não dinheiro. É importante dar um
passo à frente. Você sempre quer ser o time que vence o outro que tem mais
dinheiro,” disse Klopp em certa ocasião.
Depois do ápice, o time só caiu.
Primeiro, em 2013-2014, Klopp sofreu o duro golpe de perder Götze para o rival
Bayern. Depois, na presente temporada, Lewandowski, também para os bávaros. Com
reposições que não alcançaram o nível dos jovens craques, o time caiu e foi aos
poucos perdendo a identidade há muito construída e hoje luta por uma vaga na Europa League.
Moldado como uma equipe de
intensidade extrema, com marcação alta e pressão durante os 90 minutos, o time
perdeu, em boa medida, sua cara e hoje depende excessivamente do talento
individual de Marco Reus (foto). Embora brilhante, o período de Klopp, o treinador que
desafiou uma ordem futebolística baseada em robustas contas bancárias, chegou a um fim consensual bom para as duas partes.
E é aí que entra o Mainz 05,
novamente. Após o retorno do time à Bundesliga, em 2008-2009, Thomas Tuchel,
ex-treinador do time júnior, foi efetivado. Com campanhas sólidas (9º em
2009-2010, 5º em 2010-2011, 13º em 2011-2012, 13º em 2012-2013 e 7º em 2013-2014),
o comandante se tornou um ícone do clube e o reflexo disso se vê na atual
temporada. Já sob outra direção, o Mainz segue fazendo campanha estável.
Após um ano sabático, o jovem
alemão de 41 anos – mesma idade de Klopp ao tempo de sua contratação – parece o
candidato ideal para suceder Klopp. Bem-sucedido em um clube de dura realidade,
Tuchel mostrou que sabe trabalhar com o que tiver e trará uma renovação
importante para o time, a popular “sacodida”. Talento o time segue tendo. Seus
principais desafios serão a manutenção de peças estruturais e a extração do
melhor de jogadores que estão devendo, casos de Ciro Immobile, Adrián Ramos e Henrikh
Mikhtarian.
"Thomas Tuchel vai ser o treinador do Borussia Dortmund a partir
de 1 de julho de 2015. O técnico de 41 anos assinou um contrato válido por três
anos. A chegada ao Borussia Dortmund de Thomas Tuchel vai ocorrer uma semana
depois do fim da temporada. Até essa altura, nenhum dos envolvidos vai fazer
qualquer comentário", foi a nota veiculada no site oficial do BVB.
O fim da era Klopp veio na hora
precisa, para técnico e time. A aposta em Tuchel parece ter sido alvo de muita
reflexão e, com as credenciais e características já demonstradas pelo
comandante, mostra-se muito acertada. Assim sendo, o Borussia Dortmund é um dos
clubes que merecerão olhar especial em 2015-2016. Com novas ideias e velha
qualidade técnica, a remodelação aurinegra é, indiscutivelmente, um desafio.
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