Desprezado pelo Chelsea, pretendido pelo mundo
Quando José Mourinho retornou ao Chelsea, no início da temporada 2013-2014, as esperanças do torcedor dos Blues se renovaram. Com um currículo ainda mais vitorioso do que aquele que havia construído até deixar Stamford Bridge (em 2007), o português era certeza de sucesso. Prometendo glórias só na temporada seguinte (a atual), o comandante também demonstrou a particular intenção de aproveitar um garoto cujo recorde recente havia sido excelente: Kevin De Bruyne.
Um dos maiores destaques da
famigerada e promissora “Geração Belga”, De Bruyne havia feito brilhante
temporada em 2012-2013. Na ocasião, aos 21 anos o garoto representava,
emprestado, as cores do Werder Bremen. 34 jogos, 10 gols e 10 assistências
foram sua marca, prova mais do que suficiente de que o talento do garoto era
inegável e de que a hora de ser aproveitado em Londres havia chegado.
Contratado junto ao Genk, em
2012, após dois empréstimos (o primeiro ao clube de sua origem), o belga estava
pronto para dar o salto de qualidade. Não obstante, não foi isso o que
aconteceu.
Presente em apenas nove jogos,
contabilizando um total aproximado de 43 minutos por partida, o jogador viu-se criticado
por José Mourinho, sem espaço e preferiu sair – após partida contra o Swindon,
pela Capital One Cup, chegou a ser relegado ao treinamento com o time sub-21.
Não bastasse sua pouca utilização, De Bruyne quase sempre foi aproveitado pelos
flancos do meio-campo, possibilidade que, embora lhe seja familiar, não lhe
permite o melhor desenvolvimento de seu jogo.
“A próxima vez em que Kevin estiver no campo, ele tem que pensar que
está jogando pela sua próxima aparição. No Werder Bremen, ele jogava todos os
jogos. Aqui, ele não está jogando todos os jogos. Em Bremen, ele não
tinha que se provar tanto. Essa é uma realidade diferente. Aqui ele está
competindo com jogadores muito bons, então cada minuto que ele passa no campo ele
tem que trabalhar muito duro,” disse Mourinho ao Independent, em setembro
de 2013.
Preterido pelo Chelsea, De Bruyne
foi vendido ao Wolfsburg, em janeiro de 2014. Na oportunidade, demonstrou
insatisfação com seu estágio em Stamford Bridge, explanando não entender, de
forma alguma, o porquê de sua subutilização.
"A minha pré-temporada foi boa, o meu primeiro jogo também. Mas
continuo sem saber por que perdi o meu lugar depois do duelo contra o Man.
United. Também nunca perguntei a Mourinho e ele nunca me disse: 'Kevin, não
estás a treinar bem'. Lamento que ele tenha dito numa conferência de imprensa
que eu não estava a treinar bem. Eu não sou assim, dou sempre 100% nos treinos.
Essas declarações criaram uma imagem errada a meu respeito. Depois da
entrevista, comecei a trabalhar ainda mais, até nas minhas folgas. Perdi três
quilos e 2% de gordura, ainda que tivéssemos à disposição no clube Coca-Cola e
chocolate. Depois, em dezembro, falei com o Mourinho. Ele disse que haveria
sempre a possibilidade de me utilizar e que não estava interessado em me deixar
sair, nem por empréstimo. Disse que eu era bom jogador. Mas, a minha situação
nunca se alterou. Foi por isso que pedi de forma amigável para me deixarem sair,
" falou o belga em sua apresentação ao Wolfsburg.
De volta à Bundesliga, demorou
três jogos para dar sua primeira assistência. A despeito disso, teve tempo para
dar mais seis e marcar três gols. Sua performance só não foi melhor porque o
Wolfsburg viveu uma temporada muito instável, tendo um final positivo,
justamente quando a forma do belga cresceu. Seus três tentos foram marcados nas
últimas quatro rodadas do Campeonato Alemão e, quando De Bruyne marcou, os Wölfe venceram.
Terminando bem a temporada
passada, o jovem conseguiu um novo início de época interessante e uma sequência
fantástica, em 2014-2015. Plenamente ambientado, atuando com liberdade e circulando
por toda as faixas do ataque germânico, De Bruyne já marcou 14 gols na temporada e proveu impressionantes e inigualáveis 24 assistências, recorde absoluto no
futebol europeu. Seu momento mais memorável foi o impressionante jogo contra o
Bayern de Munique. Na ocasião – vitória por 4x1 –, De Bruyne marcou dois gols e
proveu uma assistência.
“Nós voltamos ao jogo rapidamente e depois foi fácil ver que podemos
jogar um futebol muito bom – especialmente Kevin De Bruyne, que é excepcional,”
disse seu treinador, Dieter Hecking, em coletiva após a vitória contra os
bávaros.
Especial nos passes e nos gols,
Kevin De Bruyne virou objeto de desejo de uma infinidade de grandes equipes mundo
afora. Manchester City, Manchester United, Arsenal e Bayern de Munique já
demonstraram interesse em contar com seu futebol na próxima temporada. Será
mesmo que o belga não servia para o Chelsea? Ou houve um erro de avaliação da
parte do clube londrino – em especial do treinador José Mourinho?
A certeza é que, quando De Bruyne
está bem, o Wolfsburg também está e isso tem acontecido com impressionante
frequência. Segundo os critérios do site Whoscored,
o belga tem a segunda melhor avaliação geral na Bundesliga, atrás apenas de
Arjen Robben. Não à toa, os Lobos são os vice-líderes da Bundesliga e seguem
vivíssimos na Europa League, após eliminar com propriedade a Internazionale de
Milão. Desprezado pelo Chelsea, De Bruyne reassumiu protagonismo no futebol
alemão e, com inúmeros interessados em seu futebol, tem o céu como limite.
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