Futebol pelo mundo: Vigo
Após trazer ao
leitor o relato de uma experiência futebolística na cidade de Bruxelas, capital
da Bélgica, partimos para outro destino. Pela Liga BBVA, Celta de Vigo e
Almería se enfrentaram na última sexta-feira; e os parceiros Doentes por
Futebol e O Futebólogo contam como é assistir uma partida de futebol na bela e
interessante cidade galega de Vigo, que, como Bruxelas, não respira o futebol, mas tem uma relação de amor em relação ao clube da cidade.
Curiosa e
diferentemente da maioria das cidades do mundo, Vigo possui um estádio em uma
região relativamente central, pouco afastado de sua área mais turística, o que
favorece o transporte do amante do futebol, que pode, tranquilamente, deixar a Praza del Sol - local bem central - e chegar ao Estádio M. de Balaídos, casa do
Celta, com uma caminhada de 20-25 minutos.
Evidentemente,
a escolha da caminhada não traz consigo o apreço e a adesão de boa parte do
público, que pode precisar de outras alternativas. Dito isso, vale ressaltar
que há linhas de ônibus, que passam pelo estádio e têm baixo
custo, e também não se deve desconsiderar a possibilidade de
usar um taxi, cujo valor - partindo da zona central da cidade - não fica muito
elevado e dá mais tranquilidade ao torcedor.
Além disso, a
cidade, em geral, se comunica em Galego, variação do Castelhano que se parece
ainda mais com o Português do que o próprio Espanhol. Ou seja, há absoluta
facilidade para se chegar ao campo.
A experiência fora do Estádio
Como em
Bruxelas, há muitos bares com televisores no entorno do bonito Estádio do Celta
– todos bem cheios. No entanto, provavelmente em função da temperatura (cerca
de 15ºC; alta para os padrões da época), havia muita gente nas ruas,
circulando, bebendo e comendo. Enredando o campo, há também trailers vendendo produtos
relacionados ao clube, que vão desde cachecóis até boinas com o emblema da
equipe.
Além disso, o
clube tem sua loja oficial no estádio, a qual, como a do Anderlecht em
Bruxelas, estava muito cheia e dispunha de uma variedade considerável de
produtos do clube.
Outra
ocorrência interessante de ser observada é a existência de muitos portões no
estádio, o que facilita a entrada e a saída do local. Há, ainda, nos mesmos,
pinturas remetendo a jogadores de destaque da história do clube e, em algumas
pilastras, notam-se fotografias dos destaques atuais do plantel galego.
Com poucos
policiais no entorno, o clima é bem amistoso e percebe-se com facilidade a
presença de muitas famílias, crianças e idosos, inclusive totalmente
desacompanhados, o que demonstra altíssimos índices de civilidade, tanto da
parte das pessoas como também das autoridades, que exercem um papel apenas
preventivo, sem revelarem-se ostensivos. Não há, sequer, revista.
Por fim, resta
dizer que, para quem compra os ingressos pela internet, é extremamente fácil
retirá-los. Há dois guichês eletrônicos, sem filas, em que basta preencher dois
campos, enviados via e-mail quando da compra, e os bilhetes são automaticamente
impressos.
A experiência dentro do Estádio
O encontro,
visto por um público escasso de pouco mais de 14.000 pessoas, revelou um
estádio bonito, mas, aparentemente, carente de reparos e um pouco decadente.
Todavia, respeitam-se os lugares marcados. Na parte interna, há bares e balcões
vendendo alguns tipos de comidas e bebidas.
Cachorros
quentes e pipoca são muito populares e têm um padrão de preços bem semelhante
aos praticados no Brasil, ou seja, não são baratos. O interessante é que,
apesar de as filas não serem propriamente convidativas ao consumo, há
televisões transmitindo o jogo, ou seja, apesar do tempo gasto ser grande, o
torcedor não perde os lances do jogo.
O jogo
Dentro das
quatro linhas, o espetáculo foi fraco. Com dois rivais notavelmente limitados
tecnicamente – e com o Celta sem dois de seus destaques; Nolito e Joaquín Larrivey
ficaram no banco de reservas – o jogo teve um primeiro tempo moroso e apesar do
domínio da posse de bola por parte da equipe da casa, foi o Almería que inaugurou
o placar e, a partir de seu tento, passou a desperdiçar muito o tempo,
sobretudo quando a bola saía dos limites do gramado.
Foi só na
etapa complementar que o Celta partiu para o ataque de forma mais incisiva,
primeiro com avanços pouco produtivos de Fabián Orellana pela faixa destra e,
depois da entrada de Nolito, pelo flanco canhoto também. Por sua vez, o Almería
abdicou do ataque, utilizando-se exclusivamente de raros contragolpes para
levar perigo à meta adversária.
Na segunda
etapa, também houve uma penalidade máxima em favor do clube galego. Não
obstante essa ter sido uma grande oportunidade, Nolito desperdiçou-a e permitiu
a manutenção de um placar desfavorável ao Celta, que armou-se em um 4-3-3 e
batalhou contra um Almería escalado em um 4-2-3-1.
Curiosamente,
a penalidade marcada em favor do Celta aparentou ter sido um equívoco da
arbitragem. No entanto, pouco tempo depois, houve lance duvidoso em que pareceu
ter sido erroneamente desconsiderado um novo pênalti.
A torcida
Passiva, a
torcida do Celta não oferece espetáculo ao amante do futebol. Manifestações de
apoio são poucas e restringem-se a gritos do nome do próprio time. Ouvem-se
mais reclamações, por meio de assobios, do que propriamente apoio das
arquibancadas.
A saída
Tão tranquila
quanto a chegada, a saída do estádio é extremamente fácil – com muitos portões
e facilidade de escoamento – e não traz consigo quaisquer problemas. Pode-se
voltar ao centro tanto andando quanto por outros transportes – ônibus e táxis.
Embora o Estádio não seja afastado da zona central da urbe, não há trânsito nas
ruas. O dado curioso da saída é o interesse das pessoas da cidade, que não
foram ao estádio, em saber o resultado da partida. Apesar de o clube não contar
com o alento das arquibancadas, ele é extremamente querido por sua população.
O veredito
Segura e de
fácil acesso, uma visita ao Estádio do Celta de Vigo é um programa para todos.
O que pode não agradar muito é a qualidade do futebol apresentado. Ainda assim,
o Celta é um time tradicional na Espanha e a experiência é interessante, uma
vez que, como a maioria dos campos do mundo, o Estádio M. de Balaídos tem suas
peculiaridades.
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