Craques das Copas: 1930 e 2010
Com a
aproximação do início da Copa do Mundo deste ano, surgem as especulações a
respeito dos candidatos ao título e também a ser o grande craque da competição.
Se a definição prévia de um craque, para o torneio deste ano, parece um a tarefa demasiado inglória, lembrar os antigos é bem mais fácil.
Durante a Copa do Mundo, O Futebólogo falará dos grandes destaques do torneio
da FIFA, desde seu início. Começamos, ao mesmo tempo, pela primeira e pela última Copa.
Ficha técnica
Nome: Héctor
Scarone
Data de
nascimento/falecimento: 26/11/1898 – 4/4/1967
Local de
Nascimento: Montevidéu, Uruguai
Carreira:
Nacional-URU (1917-1926), Barcelona-ESP (1926-1927), Nacional-URU (1927-1932),
Ambrosiana-Inter-ITA (1932-1933), Palermo-ITA (1932-1933) e Nacional-URU
(1934-1939).
Títulos: Copa do
Mundo (1930), Copa América (1917, 1923, 1924 e 1926), Ouro Olímpico (1924 e
1928), pelo Uruguai, Campeonato Uruguaio (1917, 1919, 1920, 1922, 1923, 1924,
1934 e 1939), pelo Nacional.
Quem pôde vê-lo
não hesita em elogia-lo. Tratava-se de um jogador comparável a verdadeiros fenômenos, como o
hispano-colombiano-argentino Alfredo di Stéfano e o húngaro Ferenc Puskas. Ricardo
Zamora, histórico goleiro espanhol – que nomeia o prêmio concedido ao melhor
goleiro do Campeonato Espanhol – disse, certa vez, que o uruguaio foi o maior
símbolo vivo do futebol. Já o craque italiano Giuseppe Meazza o qualificou
como o “jogador mais fantástico” que viu jogar.
El Mago, como ficou
conhecido, foi um gênio à frente de seu tempo. Na época da precariedade de
treinamentos, já dominava com precisão impressionante todos os fundamentos de
um jogador de frente. Cabeceava com extrema perícia (apesar da pouca estatura, 1,72m), finalizava com as duas
pernas, cobrava faltas magistrais e, sobretudo, sabia driblar. Em epítome,
Scarone unia eficiência e plasticidade de uma forma, possivelmente, nunca antes
vista até aqueles tempos.
Sua rápida
passagem pelo Barcelona, que ficara impressionado com o talento do jogador após a disputa de um amistoso, tem explicação extremamente plausível. No passado, atletas
profissionais não podiam disputar os jogos olímpicos e, ciente disso, o
uruguaio optou por manter sua condição de jogador amador, o que lhe
possibilitou receber a láurea olímpica pela segunda vez. Entretanto, sua
passagem pela equipe Blaugrana não
foi esquecida, sendo o craque considerado a primeira grande contratação
internacional do Barça.
Sobre a ocasião, mais tarde, Scarone falou:
"Yo pensaba en mi patria, en que pronto vendrían las Olimpíadas y en que
debía vestir la camiseta celeste. Pensé en Nacional, mi club de corazón, y
decidí no firmar".
Na Copa de 1930,
o craque disputou três partidas, a final contra a Argentina (4x2), a semifinal
contra a Iugoslávia (6x1) e a partida contra a Romênia (4x0), pela fase de
grupos, partida em que anotou seu único gol. Nesta competição, Scarone foi o campeão mais
velho e também o jogador mais longevo a marcar um gol.
Apesar de não
ter sido um grande goleador, as, ainda que imprecisas, estatísticas, revelam uma
bela média de gols. Em 328 partidas em sua carreira, marcou 223 gols, média de
0,68 gols por jogo. Pela Seleção Uruguaia, é o terceiro maior artilheiro, com 31 gols, atrás,
apenas, dos hodiernos Diego Forlán e Luis Suárez.
Em ranking feito
pela IFFHS (Federação Internacional de História e Estatística de Futebol),
Scarone ocupou a 40º posição na lista dos maiores de todos os tempos. Conquanto
não posse um ponta, na configuração Charruá
de então (2-3-5), o uruguaio também não era um centroavante, atuando entre o
ponta direita e o centroavante.
2010 – ANDRÉS INIESTA
(ESP)
Ficha técnica
Nome: Andrés
Iniesta Luján
Data de
nascimento: 11/05/1984
Local de
Nascimento: Fuentealbilla, Espanha
Carreira: Barcelona
(2002-).
Títulos: Copa do
Mundo (2010), UEFA Euro (2008 e 2012), UEFA Euro Sub-19 (2002), UEFA Euro
Sub-17 (2001), pela Espanha, Campeonato Espanhol (2004-2005, 2005-2006, 2008-2009,
2009-2010, 2010-2011 e 2012-2013), Copa del Rey (2008-2009 e 2011-2012),
Supercopa da Espanha (2005, 2006, 2009, 2010, 2011 e 2013), UEFA Champions
League (2005-2006, 2008-2009 e 2010-2011), Supercopa da UEFA (2009 e 2011),
Mundial de Clubes (2009 e 2011) pelo Barcelona.
Apesar de não
ter sido o eleito da FIFA para o prêmio de melhor jogador da Copa do Mundo de
2010, Iniesta foi o principal jogador da Campeã Espanha, não só pelo gol do
título, mas por ter sido o principal responsável pela manutenção e rotação da
bola no meio-campo espanhol. Curiosamente, o lance que melhor exemplifica a
grande movimentação de Iniesta foi o gol do título hispânico, ocasião em que o
jogador apareceu na condição de centroavante da equipe.
Enquanto Xavi
regeu a orquestra espanhola, Iniesta solou. Sua função na equipe era múltipla.
Criado como um meio-campista central, adaptou-se ao jogo versátil, flutuando
por toda a faixa do meio-campo, da extrema esquerda à extrema direita.
Brilhante tanto na condução quando na distribuição da bola, o espanhol foi a
essência do estilo de jogo de sua Seleção.
Se no Barcelona
sua magia é ofuscada pela genialidade de Lionel Messi, na Seleção Espanhola,
Iniesta tem tido enorme destaque.
Hoje, Andrés
ocupa a nona colocação na lista dos jogadores que mais representaram a Fúria. Desde sua estreia, em maio de
2006, disputou 97 partidas, anotando 11 gols. Na Copa do Mundo de 2010, que
afirmou sua estrela, Iniesta jogou seis das sete partidas de La Roja, anotando dois gols, um contra o
Chile, na fase de grupos e outro na finalíssima, no dramático minuto 118. Ao
lado de Xavi, Bastian Schweinsteiger e Wesley Sneijder, formou o meio-campo da
Seleção da Copa do Mundo.
Se a principal
beleza do jogo da Espanha e do Barcelona é o toque de bola e o jogo coletivo,
este jamais seria o mesmo sem o talento de Andrés Iniesta. Além do passe
preciso, e precioso, o espanhol tem uma capacidade de leitura de jogo ímpar,
domínio de bola excepcional e incrível habilidade.
Ao contrário da
eleição oficial, nosso eleito para craque da Copa do Mundo de 2010 é Andrés
Iniesta, uma vez que, além de ser um belíssimo jogador, atuou coletivamente
como ninguém e, nas dificuldades, decidiu individualmente.
"Yo pensaba en mi patria, en que pronto vendrían las Olimpíadas y en que debía vestir la camiseta celeste. Pensé en Nacional, mi club de corazón, y decidí no firmar"
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